quinta-feira, 16 de abril de 2009

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James Arminius e a Liberdade Cristã


Good News Magazine

O Sínodo de Dort marcou um momento crítico na história da Cristandade ocidental. O propósito do Sínodo era resolver uma disputa teológica – a graça de Deus estava disponível a todos ou apenas a alguns poucos escolhidos?

Do lado dos eleitos estava João Calvino, um brilhante porém problemático francês que estabeleceria sua fama teológica nas cidades suíças de Basel e Genebra. Do lado da livre graça de Deus estava James Arminius, um pastor holandês de igual brilho que seu rival autoritário porém abençoado com uma disposição mais tolerável. Quando o Sínodo foi organizado, 1618-1619, ambos Calvino e Arminius estavam mortos, mas a controvérsia tinha crescido.

Quatrocentos anos mais tarde, é difícil compreender que uma grande convocação de chefes de estado e líderes sacerdotes e estudiosos seria organizada para resolver uma questão teológica. Você consegue? Esta não era uma reunião para decidir alguma questão urgente envolvendo tratados de paz ou políticas econômicas ou a política de algum regime antigo, mas uma questão teológica! Tal incredulidade confunde a mente da modernidade. Parece distante e irrelevante numa época como a nossa.

Quando menciono o Sínodo de Dort e a controvérsia sobre a teologia arminiana em conversas com amigos, seculares ou cristãos, observo duas reações. A primeira é de confusão, “Você disse o Sínodo de Dork?” A segunda, “Você quer dizer armeniano, não?”

Permitam-me explicar. Quando era adolescente, a Igreja do Nazareno desempenhou um papel significante na minha vida. Foi nessa denominação que primeiro eu completamente compreendi que Cristo morreu por todos. Os nazarenos, que romperam com a Igreja Metodista no início do século 20, eram totalmente comprometidos com as crenças wesleyanas. Os fundadores da Igreja do Nazareno, muitos dos quais são sacerdotes metodistas famosos, viu o Metodismo ser levado pela onda crescente do liberalismo teológico; eles viram não apenas os ensinos de João Wesley minimizados, mas a teologia de James Arminius esquecida. Os nazarenos, socialmente e teologicamente conservadores, permaneceram fiéis a Wesley, mas deveu-se a Arminius sua maior lealdade. O que é compreensível – Wesley era arminiano.

Eu era aluno de uma escola secundária quando primeiramente me encontrei com o Dr. H. Orton Wiley, então presidente do Colégio Pasadena (nazareno). Ele era o mais importante teólogo na Igreja do Nazareno, alguém cuja credibilidade como erudito se estendia até o mais vasto mundo do pensamento teoólogico. Era evidente que o Dr. Wiley era um homem gentil, mas até eu, um mero jovem imaturo, também percebi que ele era uma pessoa de inteligência transcendente. Apesar de meus contatos com ele terem sido limitados, ele me ajudou a entender a importância de James Arminius para a igreja cristã. O outro estudioso nazareno com quem me encontrei foi o Dr. Carl Bangs, que mais tarde lecionou no St. Paul’s School of Theology em Kansas City, um seminário da Igreja Metodista Unida. O Dr. Bangs era considerado uma das principais autoridades sobre Arminius, e escreveu um livro criticamente aclamado sobre ele. Seu grande interesse sobre Arminius causou-me uma duradoura impressão.

Mas como frequentemente acontece quando se é jovem, uma atração ou fascinação por pessoas e suas idéias raramente permanece. Você mantém o pensamento ocupado com ela, mas então você começa a fazer outra coisa. Assim foi com Arminius e eu. O que me leva a um livreto publicado pela Abingdon que eu comprei muitos anos atrás. É uma coleção de palestras sobre a vida de Arminius pronunciadas em um simpósio na Holanda, que se reuniu para celebrar sua vida. Pela maior parte do tempo o livro permaneceu em minha estante. Eu o pegaria em certas ocasiões, leria algumas páginas, e imediatamente o esqueceria. Eu finalmente decidi que era tempo de ou ler o livro ou dá-lo a alguém que o leria. Eu o li, e comecei a ver Arminius de maneiras que antes não tinha apreciado.

Para melhor entender Arminius, entrei no site Google, o notável motor de busca da Internet. Digitei o nome de Arminius. Aproximadamente 12.000 referências apareceram!

James Arminius nasceu em Oudewater, uma pequena cidade perto de Utrecht na Holanda, no ano de 1559. Seu pai morreu quando ele era uma criança. Sua viúva mãe tomaria conta de Arminius, seu irmão e sua irmã, mas as circunstâncias de sua vida eram extremamente difíceis. Felizmente, Arminius caiu sob os cuidados de um homem rico que viu nele grande potencial. Enquanto distante de casa para estudar, uma tragédia atingiu sua família. Sua mãe, irmão e irmã foram massacrados pelos espanhóis, as vítimas inocentes de mais uma guerra continental que destruiu sua cidade natal. Arminius se recuperaria desta terrível desgraça e continuaria seus estudos. Casou-se com a filha de um dos homens mais influentes da Holanda e se tornou ministro em Amsterdã, onde sua pregação era extremamente popular. Treze anos depois ele receberia a oferta de uma cadeira no corpo docente da Universidade de Leiden. Havia uma grande ironia nisto. Leiden era uma fortaleza calvinista. Mas foi aqui que sua fama e notoriedade ascenderia, seus seguidores cresceriam, a controvérsia se intensificaria – e até houve ameaça de guerra civil.

Conhecer Arminius é conhecer a liberdade que celebramos em Jesus Cristo, pois sua teologia é uma teologia de liberação. Ela eleva cada um no mesmo nível. Ela diz que não importa quem você é, você tem uma posição igual aos olhos de Deus. Rei ou plebeu, não importa. Deus ama você da mesma forma. Quando Cristo morreu na cruz, ele morreu por você. A história da redenção é sobre o mundo todo – sobre cada homem, cada mulher, e cada criança; ou como o famoso hino expressa, “Onde o sol, suas sucessivas passagens.”

A idéia de Santo Agostinho de que a graça de Deus é somente para os eleitos, que houve alguns predestinados para salvação antes do tempo começar, capturou a mente e pensamento de Calvino. Era uma doutrina que dividia mãe de pai, irmão de irmã, amigo de amigo. Era uma doutrina que tinha dominado muito do pensamento cristão, e suas consequências foram vastas – policitamente, socialmente, moralmente e teologicamente. Martinho Lutero sacudiu as fundações do mundo cristão, mas Calvino tomaria a idéia de Lutero de que a salvação vem pela fé e não pelas obras, e a transformaria em uma visão estreita que colocaria vizinho contra vizinho – e finalmente queimaria Servetus na estaca.

Neste mundo deprimido, o mundo conforme Calvino o via, um mundo dos eternamente benditos e dos eternamente desgraçados, surgiu Arminius, que disse, mais ou menos, “Só um minuto, Dr. Calvino, acho que você se enganou. Você, por sua teologia, reduziu a morte de nosso Senhor na cruz a um drama dos redimidos por distribuição; você diz à metade do mundo que ele não tem importância, que o inferno é seu único futuro, e não há nada que pode ser feito – nada! Você, Dr. Calvino, tomou Jo 3.16 e o afirmou por seus ensinos como uma ‘perversão do Evangelho’”.

Você consegue imaginar o efeito de tal idéia radical? Que a graça de Deus era para todos, aparecendo em uma época onde havia uma grande divisão entre as pessoas – príncipe e camponês, rico e pobre, os que têm e os que não têm. As consequências de tão dramática doutrina, ensinada por Arminius nas aulas do seminário, pregada dos púlpitos, e proclamada em longos ensaios e jornais teológicos na Holanda, foram imediatas. Um desafio se levantou contra a doutrina da eleição de Calvino. Deixar a idéia da livre graça de Arminius sem resposta poderia abalar as fundações políticas, sociais e religiosas da Europa Ocidental. Era uma heresia e tinham que lidar com ela.

Dessa forma chegamos ao Sínodo de Dort, organizado na cidade holandesa de Dordrecht. Os delegados do Sínodo vieram do outro lado da Europa, onde uma grande preocupação tinha surgido sobre a “heresia” de Arminius e os perigos que ela representava. O Rei Tiago I da Inglaterra – que deu história à Bíblia do Rei Tiago – selecionou os maiores eruditos da Igreja Anglicana para estar presentes no Sínodo, onde eles logo assumiriam um papel principal. Em longas e muitas vezes rancorosas sessões, por aproximadamente dois anos, os delegados ouviram os argumentos pró e contra Calvino e Arminius. No final eles resolveram afirmar a posição de Calvino sobre a eleição e rejeitar a alegação de Arminius da livre graça de Deus. Como resultado dessa decisão, começou uma campanha contra os seguidores de Arminius. Ministros que adotaram as idéias de Arminius perderam seus púlpitos. Aos operários que aceitaram a opinião de Arminius sobre a salvação foram negados que trabalhassem para o estado. Alguns arminianos perderam suas vidas; martirizados porque ousaram crer que Cristo morreu por eles.

Durante esta perseguição, alguns discípulos de Arminius deixaram o Continente e se estabeleceram no município de Lincolnshire, na Inglaterra. Foi aí em 1703 que John Wesley nasceu, na casa de uma paróquia em Epworth. No devido tempo Wesley seria influenciado pela teologia de Arminius.

Ele posteriormente escreveria um famoso ensaio sobre a pergunta, “O que É um Arminiano? Respondida por um Amante da Graça Livre”. Nesse ensaio Wesley escreveu:

“Mas há uma diferença inegável entre os calvinistas e os arminianos… Os calvinistas defendem, primeiro, que Deus absolutamente decretou, desde toda a eternidade, salvar tais e tais pessoas, e ninguém mais; e que Cristo morreu por estas, e ninguém mais. Os arminianos defendem que Deus decretou, desde toda a eternidade, no tocante a tudo que está escrito na Palavra, ‘aquele que crer será salvo: aquele que não crer será condenado’: e, por isso, ‘Cristo morreu por todos’”.

“Os calvinistas defendem, em segundo lugar, que a graça salvadora de Deus é absolutamente irresistível; que ninguém é capaz de resisti-la, mais do que resistir à ação inesperada do relâmpago. Os arminianos defendem que, embora possa haver alguns momentos em que a graça de Deus aja irresistivelmente, todavia, no geral, qualquer um pode resistir, e isso para sua eterna ruína, a graça segundo a qual foi a vontade de Deus que ele devesse ter sido eternamente salvo.”

“Os calvinistas defendem, em terceiro lugar, que um verdadeiro crente em Cristo não pode possivelmente cair da graça. Os arminianos defendem que um verdadeiro crente pode ‘fazer naufrágio da fé e de uma boa consciência’; que ele pode cair, não apenas de modo vil, mas finalmente, de modo a perecer para sempre.”

Wesley ficou preocupado com as injúrias que separavam calvinistas de arminianos, pois elas o dividiam de, entre outros, seu amigo e colega, George Whitefield. Ele instruiu seus seguidores a não falar mal de João Calvino em público (conselho que eu desavergonhadamente tenho ignorado). Não posso deixar de me perguntar, entretanto, se um Wesley contemporâneo adotaria uma visão tão tolerante de alguém cuja mesma teologia, se verdadeira, poderia significar que nem Arminius ou o próprio Wesley estaria qualificado para a graça redentora de Deus? Se eles foram impedidos, que chance tenho eu ou você? Me parece que as opiniões de Arminius sobre a liberdade teológica me ajudou a criar um mundo que aprecia o ideal da igualdade, assim como da liberdade religiosa e política.

Me esforcei aqui para afirmar minhas crenças arminianas, colocar em contexto a grandeza deste homem, o qual muitos poucos membros da Metodista Unida conhecem. (Quando foi a última vez que algum ministro da Metodista Unida que você conhece mencionou o nome de James Arminius?) Arminius tem sido gigante em minha vida e pensamento. Sua influência está presente de formas que eu mal consigo compreender. Quero encorajar você a aprender mais sobre esse simpático homem da Holanda, que ousou crer, contra o pensamento dominante de sua época, que Cristo morreu por todos.

George Mitrovich, membro da Metodista Unida, é presidente do The City Club of San Diego e do The Denver Forum, dois dos principais fóruns públicos da América.

Tradução: Paulo Cesar Antunes

terça-feira, 14 de abril de 2009

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O Reino de Deus é um Reino de amigos


Se não me engano foi num encontro, chamado Oficina de Idéias, onde palestrou os pastores Ricardo Gondim e Ed René Kivitz. Após Gondim passar a palavra para o amigo, Kivitz agradeceu a amizade que ele tinha com o Gondim, com essas palavras:

“Vc sabe que tem um amigo, quando vc já deu motivo para ele deixar de ser o seu amigo e ele não deixou de ser o seu amigo. Vc sabe que tem um amigo quando ele já sabe a seu respeito coisas suficientes para não querer ser mais seu amigo, mas mesmo sabendo essas coisas ele continua sendo o seu amigo. O Reino de Deus é uma parceria de amigos. O reino de Deus é um reino de amigos”

Eu quero ter amigos desse nível e posso dizer que tenho alguns. Independente se em algum momento da minha vida eu fiz algo de errado, ou algo que não agradou a eles. Ou uma confissão minha dizendo coisas que não contaria para ninguém, e eles me ouvem e não me julgam. Independente de minhas escolhas profissionais, eles estão a me dar apoio. Independente de minhas escolhas amorosas, das garotas que poderiam dar certo e não deu, eles me incentivam. Independente de minhas idéias sobre algum fato, eles me escutam e me ajudam a formar um ponto de vista.

Certa vez um amigo meu me disse que não entendia como nos (eu e outro amigo) continuavam amigos dele, depois de tanta coisa que aconteceu entre nós. Creio que uma pista para essa resposta pode ser encontrada num artigo do padre Fabio de Melo que diz:

“Se um dia na sua vida você tiver que saber quem na vida mais te amou, quais foram as pessoas que mais te amaram de verdade, é só descobrir as pessoas que mais te perdoaram. É uma matemática fácil de ser feita. Porque na vida nós só temos o direito de dizer que amamos, depois de muitas outras vezes termos precisado perdoar alguém. Que o amor é justamente o momento em que você descobre o outro fazendo tudo errado, tudo ao contrário do que prometeu, e mesmo assim você ainda tem reservas aí dentro pra trazê-lo de volta, pra olhá-lo nos olhos no momento em que ele não merece, pra desconcertá-lo com seu perdão no momento em que ele esperava sua gozação. E nisso, Jesus é mestre!!!Da mesma forma, se você quiser saber quem você mais amou é só começar a contar nos dedos as pessoas que você mais precisou perdoar. Porque o amor não existe fora do perdão. Se essas pessoas que dizem que te amam só porque você faz as coisas certas, cuidado!!! Porque no dia em que você não conseguir fazer tudo certinho e ela te dispensar, não fica triste não… É porque nunca te amou!!!”Creio ser esse a essência do Reino de Deus, um Reino de amor e perdão.

Dentre vários acontecimentos com meus amigos, seja levá-lo de madrugada ao hospital, após umas cachaças a mais que tomou numa festa e ficar lá com ele dando risada enquanto ele toma glicose na veia e ouve um sermão da enfermeira rsss …. ou seja indo com eles na chácara de amigos e enquanto todos estão se divertindo na piscina, eu estou dormindo no chalé a tarde toda, eu sei que eles me entendem rsss . O seja indo atrás de diversos cursos e palestras teológicas ou eventos, seja para atravessar a cidade e ouvir Solano Portela explanando sobre predestinação e depois voltar e ficar na rua avaliando os fatos apresentados e “discutindo” o assunto até uma da madrugada. Ou alguns deles me agüentando como professor da escola dominical nos últimos meses rss. Ou conversando diariamente via e-mail com eles e com isso deixando a vida mais colorida. Mas entre todos os ocorridos no dia-a-dia, queria citar dois fatos na minha vida deste último ano.

Certa noite ao sair da empresa um tanto que deprimido pela vida e sem vontade de voltar para casa, sentei na calçada a noite e fiquei a pensar na solidão e fui abraçado por uma forte depressão. Comecei a chorar e não sabia o motivo. Após uma hora ali, não tinha forças para me levantar, e precisava conversar com alguém. Queria apenas ouvir alguém, uma voz amiga. Peguei o celular e liguei para um amigo, que já estava deitado na cama com sua esposa. Quando me ouviu falar e percebeu minha situação, este amigo não pensou duas vezes e se levantou da cama e de pijama, falando comigo no celular, correu para a garagem de sua casa e veio ao meu encontro, creio que cerca de uns 20 Km. Em poucos minutos ele estava comigo abraçado na rua e tentando me levantar, me levou para uma padaria, tomei uma água e ali conversamos. Me lembro que eu disse que era fraco. Ele me convenceu do contrario, dizendo que ele não teria coragem de ligar numa situação dessas e me agradeceu por ele ter sido o escolhido para dividir um momento daquele com ele. Este amigo tem uma capacidade incrível de nos mostrar que podemos prosseguir na vida, apesar das adversidades.

No outro dia ao chegar à empresa, guardo ate hoje o e-mail que ele me enviou dizendo:

FELICIDADE seria…

Se todo dia fosse sábado,
se toda noite tivesse festa,
se toda cidade fosse praia,
se todo mar fizesse onda,
se toda estação fosse verão,
se todo amigo fosse irmão,
se toda namorada fosse fiel,
se toda música nos fizesse refletir,
se todo céu tivesse estrela,
se toda mulher fosse gata,
se todo feriado fosse carnaval,
se toda pessoa encontrasse pessoasmaravilhosas como VOCÊ!!

Outro fato ocorreu com uma amiga da igreja. Eu e ela estávamos passando por momentos difíceis na vida, quando disse para ela que iríamos fazer uma terapia do abraço. Todo final do culto eu procurava ela para lhe dar um abraço carinhoso. Ficávamos ali abraçados. Todo domingo era assim. A gente se encontrava no final do culto e sempre um de nos lembrávamos e ficávamos ali se abraçando. A gente levava na brincadeira. Mas no fundo eu acho que ela não se importava com a tal terapia do abraço rsss …
Mas um dia ela me provou que eu estava errado. Certa noite fui para a igreja sem vontade, sem animo para nada. Estava chateado com a vida e não queria conversar com ninguém. Estava triste, e ao termino do culto, eu não esperei ninguém sair, fui o primeiro a sair da igreja e vim para a casa. Estava depressivo e logo deitei na cama, quando o telefone tocou, era minha amiga, perguntando “cadê o meu abraço amigo?”

Disse que tinha me visto no culto, mas no final me procurou para o abraço e não encontrou. Ela percebeu que eu estava mal, disse que eu poderia contar com ela para o que ocorresse na vida, pois amigos são para essas coisas. Ao desligar o telefone eu chorei, pois apesar da distancia, foi o melhor abraço amigo que recebi, foi este por telefone.

Não preciso citar os nomes desses amigos, eles sabem quem são e sabem que fazem parte do Reino de Deus, pois como disse Ed René Kivitz, o Reino de Deus é um Reino de amizades verdadeiras. Como disse o psicólogo Carl Rogers “Uma boa amizade é a melhor terapia”.Deus abençoe meus amigos, pois apesar de eu já ter dado motivos para alguns deixarem de ser meus amigos, apesar de saberem coisas de minha vida suficientes para deixarem de ser meus amigos, eles sempre fazem a matemática simples do amor e do perdão.

By Alex Fajardo
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O Evangelho segundo o SexxxChurch


Crentes montam ministério virtual para combater a pornografia sem recorrer ao moralismo.
“Eu levo uma vida dupla. Sou pastor em período integral, mas na maior parte do tempo fico sozinho no escritório da igreja, baixando vídeos pornô na internet. Sinto-me simplesmente incapaz de conter isso”. A confissão, contundente em sua sinceridade, está na página virtual do ministério SexxxChurch (www.sexxxchurch.com), uma iniciativa que mistura muita originalidade, uma boa dose de ousadia e alguma polêmica. O site se propõe a socorrer almas perdidas no universo da pornografia, uma cadeia que a cada dia prende mais pessoas, inclusive crentes. Pelo menos um em cada dez evangélicos tem coragem de assumir problemas nesta área. Contudo, a quantidade deve ser bem maior, já que o receio dos efeitos negativos de uma confissão perante a família e a igreja faz com que muitos prefiram ocultar o desvio de comportamento.
Mantido por uma equipe ligada à Igreja Projeto 242, uma comunidade evangélica que fica no centro da cidade de São Paulo, o SexxxChurch não foi feito para crentes, já que tinha uma proposta evangelística. Mas em pouco tempo percebeu-se que a demanda principal estava situada do lado oposto da trincheira. “A maioria dos e-mails que recebíamos eram de pessoas que se identificavam como cristãos, membros de igrejas ou líderes, e que tinham enormes problemas com o vício da pornografia”, relata João Mossadihj, 25 anos, conhecido como Jota, um dos idealizadores da página deste ministério evangélico nada ortodoxo.
Em pouco tempo, a idéia transcendeu o ambiente virtual. Praticamente todo fim de semana, o grupo da 242 visita alguma igreja com o projeto Pornix, voltado a palestras sobre sexualidade e pornografia. A procura pelo serviço é grande, o que demonstra a extensão do problema nos arraiais evangélicos. Mas o ministério também costuma evangelizar em regiões como a da Rua Augusta, no centro da capital paulista, conhecido reduto de prostíbulos. SexxxChurch também marca presença na Parada Gay, ostentando camisetas com dizeres como “Jesus ama os atores pornôs”. Numa demonstração prática do conselho de Paulo, que recomendou que os cristãos fizessem de tudo para, de alguma forma, ganhar alguns, a equipe já faz planos para alugar um estande na Erótika Fair, feira especializada do mercado erótico que acontece em Outubro em São Paulo. O evento é uma prova do gigantismo de um setor que movimenta cerca de 500 milhões de reais ao ano apenas no Brasil – no mundo, são 60 bilhões de dólares anuais (leia abaixo). “Vamos distribuir Bíblias estilizadas durante a feira”, planeja Jota.
Mas é mesmo no mundo virtual que o SexxxChurch alcança números estratosféricos. Segundo Jota, são 600 mil acessos mensais e duzentos e-mails por dia. As mensagens são enviadas por gente nas mais diversas situações – algumas fazem confissões das mais indecorosas possíveis. No entanto, apenas 10% das mensagens são respondidas, contabiliza a psicóloga Sâmara Gabriela Baggio, 28, que acompanha boa parte desses casos. “Nós ouvimos e estabelecemos metas para a recuperação. Mas, para isso, é preciso que o viciado esteja realmente arrependido”, destaca a terapeuta. Para ela, não há limite seguro para o consumo de pornografia. “A partir do momento que uma pessoa entra em contato com isso, as imagens recebidas ou geradas na mente alimentam fantasias. Não demorará muito para que se tente colocar em prática tudo o que foi visto e fantasiado”, opina.
Dízimo e revistas pornô – O ministério direcionado a quem se sente escravo da pornografia foi inspirado no trabalho do pastor norte-americano Craig Gross, de 32 anos. Sua trajetória é semelhante à de boa parte das pessoas que ele decidiu ajudar. Craig era um jovem cristão que dividia seu dinheiro entre os dízimos e ofertas na igreja e as revistas pornográficas nas bancas. Ordenado pela igreja East Side Christian, em Fullerton, na Califórnia, ele criou a XXXChurch em 2002. A diferença entre ele e muitos outros pastores que sacodem suas bíblias no ar, esbravejando contra toda forma de imoralidade, está justamente no seu modus operandi. Craig, que se autodenomina “pornopastor”, abomina as abordagens moralistas, que já prenunciaram a queda de populares televangelistas de seu país (leia abaixo). É amigo do americano Ron Jeremy Hyatt, que vem a ser o principal ator e diretor de filmes pornô do mundo, com quem divide as bancadas de auditórios e igrejas para debates muitas vezes acalorados.
Alheio às críticas que costuma receber de muitos setores da Igreja Evangélica, sobretudo por conta de alguns conteúdos mais apimentados veiculados no site, Craig caminha com desenvoltura pelo submundo da pornografia. Dirige uma van estilizada com adesivos e adereços que lembram uma propaganda de site pornográfico. O “Porn Mobile”, como é chamado o veículo, já gerou até tumulto ao ser estacionado em frente a uma igreja evangélica. “A pornografia está conduzindo muita gente a um beco sem saída”, costuma dizer em suas pregações.
“Desde que conheci o trabalho de Craig Gross, fiquei empolgado e tentei contagiar o pessoal da igreja”, relata o pastor Sandro Ricardo Baggio, 40. Ministro ordenado pela Igreja do Evangelho Quadrangular, ele coordena o Projeto 242. Baggio animou-se com a possibilidade de falar sobre sexualidade na igreja, onde o tema normalmente é deixado de lado. “Já fazíamos isso em nossa comunidade local, mas não via ninguém falando sobre temas assim nas igrejas”, conta.
Dos planos à ação foi um pulo. No ambiente alternativo do Projeto 242 – uma congregação que reúne músicos, grafiteiros, designers e gente que faz da criatividade um veículo para a disseminação do Evangelho –, a idéia germinou rápido. “A curiosidade existe e faz parte do ser humano. Em algum momento da vida, toda pessoa se torna curiosa em relação ao sexo”, comenta Baggio. “Quando essa demanda não é atendida na família e na igreja, a informação acaba vindo de outros lugares. é aí que se abrem as portas à pornografia.” Ele conta que já aconselhou muitos casais crentes com problemas conjugais devido ao vício de um dos cônjuges, ou de ambos, em material pornográfico. “Alguns até se separaram”, lamenta.
Big Brother do bem – Um dos serviços disponibilizados aos usuários é um programa de computador chamado X3Watch, disponível para download gratuito. “É um software que possibilita a qualquer um – o cônjuge, o amigo ou até o pastor – fazer o cadastro de uma pessoa próxima, passando a receber um e-mail com um relatório mensal sobre os sites que foram acessados por ela”, explica o pastor. A idéia, que poderia até chocar muita gente, é uma espécie de Big Brother do bem, possibilitando um acompanhamento do viciado, ajudando-o a superar a dependência da pornografia. “Isso ajuda no processo de fuga dessa compulsão. Um dos passos fundamentais do processo é justamente admitir a fraqueza”, comenta Baggio.
Reconhecer o gosto pela pornografia é justamente o maior drama para quem freqüenta uma igreja evangélica. “Por não se falar sobre sexualidade, a igreja torna-se um lugar de intolerância. As pessoas preferem esconder suas dificuldades ao invés de procurar ajuda”, analisa o pastor. De acordo com Sâmara, o perfil dos internautas que enviam perguntas e pedem ajuda é de jovens evangélicos, com idade de 15 a 30 anos. “São pessoas que alimentaram, desde muito tempo, o vício da masturbação e do envolvimento com material pornográfico como filmes, contos eróticos, revistas e sites pornôs”, explica.
Quando a situação está fora de controle, é comum que a conversa saia do computador e vá para o divã. “A maioria dos casos atendidos gira em torno de lutas na esfera homossexual e da conduta cristã”, conta a psicóloga. Ela diz ainda que muitas pessoas justificam suas ações e inclinações pela pornografia devido a problemas no passado – principalmente, episódios de abuso sexual infantil. “Mas é preciso deixar as justificativas de lado e caminhar na direção da libertação”. Para ela, os efeitos da pornografia são devastadores, com reflexos no ambiente de trabalho, na vida social e nos relacionamentos pessoais. “Nos casos mais graves, pode-se chegar a extremos, como a prática de crimes sexuais como a pedofilia”, alerta.
Drama brasileiro - Uma pesquisa realizada pela empresa de tecnologia Symantec, no inicio deste ano, investigou os hábitos de sete mil internautas em países como Alemanha, Austrália, China, Estados Unidos e Japão, além do Brasil. E os resultados foram preocupantes, sobretudo por aqui – é no Brasil que mais se acessa sites com conteúdo pornográfico. De acordo com o levantamento, 55% dos internautas brasileiros visitam regularmente ou pelo menos já acessaram páginas do gênero. Além disso, o país está em terceiro no ranking de usuários que visitam sites de pornografia infantil e na vice-liderança quando o assunto é a produção de filmes pornô.
Espécie de irmã gêmea da pornografia, a pedofilia é um drama da sociedade brasileira. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, presidida pelo senador Magno Malta, que é evangélico, tem ajudado a desbaratar quadrilhas que fazem exploração sexual de crianças. Em conjunto com a Operação Carrossel, da Polícia Federal, já foram identificados 200 suspeitos de pedofilia. Nas páginas do Orkut, comunidade de relacionamento da internet, mais de três mil cadastros foram quebrados sob suspeita de abrigarem pedófilos.
Abalos no púlpito - Nos anos 1980, ele era considerado um paladino da moral e dos bons costumes. O pastor Jimmy Swaggart, um dos mais importantes televangelistas americanos, fazia de seus programas, transmitidos para mais de 40 países – inclusive o Brasil –, uma verdadeira trincheira na luta contra a carnalidade. Pregador eloqüente e carismático, Swaggart reunia famílias inteiras diante da TV e era crítico contundente da pornografia. Ironicamente, caiu justamente por causa dela, num episódio rumoroso envolvendo prostitutas e uma disputa pessoal com o também pregador televisivo Jim Bakker. Proprietário do canal de televisão PTL (Praise the Lord), com 12 milhões de telespectadores apenas nos Estados Unidos, Bakker acabou se tornando um rival de Swaggart. Tudo ruiu quando fotos suas, acompanhado de garotas de programa, chegaram à imprensa. Na época, atribuiu-se o vazamento das imagens a Swaggart.
O troco não demorou. Um detetive particular contratado por Bakker não teve muito trabalho para fotografar Swaggart diante de um motel, com o carro cheio de prostitutas. Sem saída, ele confessou que pagava para que elas fizessem strip-tease para ele. Perdoado pela mulher, Francis, ele foi à tevê, chorou e confessou-se arrependido pelo ato. Contudo, sua reputação e ministério foram irremediavelmente abalados.
No fim de 2006, outro escândalo sexual abalou a Igreja Evangélica dos Estados Unidos. Eleito pela revista Time como um dos 25 principais líderes cristãos do país, Ted Haggard admitiu consumir material pornográfico e o envolvimento sexual com um garoto de programa, que o denunciara publicamente. O caso provocou maior espanto porque Haggard era uma das principais vozes contra o homossexualismo.
Quem recentemente também admitiu problemas com o chamado mercado de “conteúdo adulto” foi o pastor australiano Mike Guglielmucci, do ministério Hillsong. Ele confessou, após dois anos declarando-se vítima de um câncer terminal – chegou até mesmo cantar com o auxilio de um tubo de oxigênio –, que sua única doença era o vício em pornografia. A farsa gerou um tremendo mal-estar no badalado grupo de louvor australiano. “Eu sou assim, viciado nesta coisa. Ela consome minha mente”, disse, em entrevista a um canal de tevê.
. 68 milhões de pessoas acessam sites pornográficos no mundo, todos os dias
. 42% dos internautas freqüentam sites pornográficos e conteúdos relacionados
. 500 milhões de reais são faturados por ano, no Brasil, com pornografia
. 2,5 bilhões, é a quantidade de e-mails com conteúdo pornográfico enviados por dia
. 60 bilhões de dólares anuais, é o que rende o mercado pornô em todo o mundo


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O “JESUS” QUE JESUS NÃO CONHECE!


Todos os dias encontro pessoas que vivem como bem entendem, mas desejam assim mesmo as bênçãos do Evangelho.

O ardil é simples:

A pessoa não lê a Palavra [exceto em reuniões públicas e a fim de basear o discurso de algum pregador], não conhece Jesus [exceto como nome poderoso nas bocas dos faladores de Deus], não ora [exceto dando gritos de apoio às orações coletivas], não pratica a Palavra [exceto a palavra do profeta do grupo, ou do bispo ou autoridade religiosa da prosperidade ou da maldição], não se compromete com o Evangelho [exceto como dízimo e dinheiro no “Banco de Deus”: a “igreja”]; e, de Jesus, nada sabe; pois, de fato, nada Dele experimenta [exceto como medo].

Entretanto, a pessoa fica pensando que o Evangelho que ela nem sabe o que é haverá de abençoá-la em razão de que ela está sempre no “endereço de Deus”: o templo da “igreja”.

Assim, vivem como pagãos em nome “de um certo Jesus” que não é Jesus conforme o Evangelho; e, mesmo assim, seguem “um evangelho” que não é Evangelho, para, então, depois de um tempo, acharem que o Evangelho não tem poder, posto que acham que já o provaram e de nada adiantou; sem saberem que de fato deram suas vidas a uma miragem, a um estelionato, a uma fantasia de “Deus”.

Milhões pronunciam o nome de Jesus, mas poucos o conhecem numa relação pessoal!

Na realidade o que vejo são pessoas estudando teologia sem conhecerem a Deus; entregando-se ao ministério sem experiência do amor de Deus em si mesmas; brigando pela “igreja” [como grupo de afinidades] sem amarem o Corpo de Cristo em seu real significado; pregando “a mensagem da visão da igreja” julgando que tem algo a ver com a Palavra de Jesus [apenas porque o nome “Jesus” recheia os discursos].

E mais: os que aparentemente sabem o que é o Evangelho e quais são as suas implicações, ou não querem as implicações para as suas vidas pessoais, ou, em outras ocasiões, não querem a sua pratica em razão de que ela acabaria com o “poder” de bruxos que exercem sobre o povo.

Assim, vão se enganando enquanto enganam!

O final é trágico: vivem sem Deus e ensinam as pessoas a viverem na mesma aridez sem Deus na vida!

O amor à Bíblia como livro mágico acabou com o amor à Palavra como espírito e vida!

Não se lê mais a Palavra. As pessoas levam a Bíblia aos “cultos” apenas para figurar na coreografia e na cenografia da reunião — nada mais!

Oração em casa, sozinho, com a porta fechada, e como algo do amor e da intimidade com Deus, quase mais ninguém pratica!

Ora, enquanto as pessoas não voltarem a ler a Palavra, especialmente o Novo Testamento, jamais crescerão em entendimento e jamais provarão o beneficio do Evangelho como Boa Nova em suas vidas.

Há até os que depois de um tempo julgam que o Evangelho é fracassado em razão da “igreja” estar fracassada.

Para tais pessoas a “igreja” não é apenas a “representante de Deus”, mas, também, é o próprio Evangelho!

Que tragédia: um Deus que se faz representar pelo coletivo da doença do “Cristianismo” e que tem “igreja” a encarnação de um evangelho que é a própria negação do ensino de Jesus!

O que esperar como bem para tal povo?

Ora, se não tiverem o entendimento aberto, o que lhes aguarda é apenas frustração, tristeza e profundo cinismo.

Quem puder entender o que aqui digo, faço-o para o seu próprio bem!



Nele, que não é quem dizem que Ele é,



Caio
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A RELIGIÃO ACHA JESUS LOUCO – SEMPRE ACHOU!



Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar. Atos dos Apóstolos 26:24

Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. 1 Coríntios 3:18


Porque, se enlouquecemos, é para Deus; se conservamos o juízo, é para vós. 2 Coríntios 5:13


Nada é mais libertador para o homem de consciência do que ver-se livre dos demônios da coletividade hipócrita. Entretanto, dura coisa é essa.

Na verdade a maioria dos que ficam livres dos demônios da coletividade são aqueles que se tornam os demônios da coletividade — como é o caso de ladrões, homicidas, estelionatários, corruptos e toda sorte de perverso e de bandido.

Esses, quando presos, cobrem o rosto não de vergonha, mas apenas para proteger a identidade, visando os negócios futuros e a liberdade de ir e vir sem serem identificados.

Mas não é de demônios humanos que assolam a coletividade acerca do que aqui falo.

Refiro-me sim ao oposto disso. Trato de gente boa e honesta, mas que tem a consciência cativa de opiniões (boas ou más).

Isto porque a sociedade criou padrões aos quais chama pelo apelido de reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência, coisas pelas quais as mentes fracas estão dispostas a matar ou morrer; e até suicidarem-se.

Ora, é por tais “valores de cera” que se mente (para manter a reputação), se mata ou digladia (para manter a honra), se fazem inimigos (para manter a dignidade), esconde-se da verdade de ser (em razão da vergonha dos outros acerca de nós), cria-se uma persona fantasiosa para consumo público (a fim de manter a imagem), e adquirem-se bens e símbolos de poder e por eles faz-se qualquer sacrifício (tudo em razão do poder da aparência).

Quando eu era menino fui educado em quase todos esses valores, exceto no que tangia à imagem e à aparência; pois, na casa de meu pai (avós, tios, tias, etc.) esse tipo de farisaísmo nunca existiu.

Na juventude alienada do Evangelho chutei tudo isso para fora do campo, para o fosso, e num fosse tão distante quem nem os gandulas conseguiriam ir buscar tal bola.

Então conheci o Evangelho; e, com ele, pela via do convívio com os crentes, de súbito me vi preocupado com tudo isso — reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência.

Assim, tomei muitas decisões em razão desses demônios educados, mas que nada têm ou tinham a ver com Jesus.

Afinal, tais coisas só têm a ver com Jesus quando se tem a coragem da verdade que é; mesmo quando à volta se chama a bondade do nosso andar por nomes que o falsificam como se fossemos transgressores e amantes do que é mal.

Nesse caso o que é reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência — não são a mesma coisa que tais adjetivos significam para a sociedade hipócrita. De fato, muitas vezes eles significam o contrario.

De um modo geral, entretanto, nem mesmo é bom usar tais termos, posto que eles quase nunca retratam a verdadeira reputação (que tem que ser verdadeira), nem a honra (que tem que ser o que é, sem defesa), nem a vergonha (que tem que ser apenas a tristeza do arrependimento), e nem a imagem e nem a aparência (que têm que ser a cara da gente, e não a nossa máscara).

Jesus, entretanto, disse que tudo o que é elevado entre os homens (e assim mantido pela vida do status e das vaidades relacionais divorciadas da verdade que é) é abominação diante de Deus.

Assim, Ele não deu a mínima para reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência — não conforme os demônios da coletividade; e que nos dias Dele tinham nos religiosos os mais ardorosos Xerifes de tais “virtudes de plástico”; e que tinham nos fariseus os executivos verdugos e carcereiros dos juízos que sobre tais fundamentos de areia são construídos.

Pela reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência — Jesus não teria feito nada, dito nada, realizado nada.

Afinal, como Jesus seria Ele mesmo preso aos demônios da reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência?

Desse modo [conforme Isaías] olhamo-Lo e não vimos imagem, nem aparência e nem formosura, e nem mesmo vimos qualquer coisa que não fosse como uma raiz de uma terra seca; ou ainda, que não fosse como a reputação de um amaldiçoado, ferido de Deus e oprimido. Sim! Um de quem os homens escondem a face e dele não fazem caso; ou seja: desprezam.

Ora, Jesus não ficou assim na Cruz; ao contrario, Ele foi à Cruz por ser visto assim pelos homens!

Ora, além de ver o modo como o trataram e o desprezaram e Dele não fizeram caso, basta também ver os títulos que a Ele deram.

Louco: foi o que disseram os seus familiares; e, depois, os religiosos: “Estás louco?”.

Samaritano louco: foi o que Dele disseram quando Seu amor pelos excluídos ofendeu os incluídos por si mesmos; e quando disse sobre Deus o que eles não podiam suportar.

És Samaritano e tens demônio: afirmaram a fim de ofenderem-no [como se pudessem] chamando de herege sem pedigree puro [Samaritano] e de demente [tentando fazer com que o povo o visse como um desequilibrado].

Suicida: foi o que Dele disseram quando Ele disse: “Procurar-me-eis e não me achareis...”. Disseram: “... tem Ele a intenção de suicidar-se?” — e isto com muita ironia.

Possesso de demônios e possesso de Belzebu: foi o que disseram quando [no 1º caso] Ele disse que era Um com o Pai; já associado ao maioral dos demônios (Belzebu) eles disseram quando Ele expulsou demônios apenas com a Sua palavra [no 2º caso]; o que revelaria uma “intimidade” ente Jesus e Belzebu.

Blasfemo: foi o que Dele disseram o tempo todo, até conseguirem leva-Lo à execução por heresia.

Tens demônio: disseram Dele SEMPRE que Seu discurso ofendia a razão religiosa.

Glutão e bebedor de vinho: diziam Dele por sentar em todas as mesas e não fazer acepção de pessoas.

Amigo de pecadores: em razão de que os marginalizados amavam Sua companhia.

Embusteiro: quando temeram pela Sua ressurreição e decidiram criar uma versão de roubo do corpo; o que veio a prevalecer entre os judeus de então.

E assim vai... E tem mais... Mas esses “títulos” nos bastam a fim de ilustrar a perversidade religiosa ante a verdade incontestável. Afinal, por eles [pelos títulos] Jesus se tornou PHD em anti-titularidade religiosa e moral.

Assim, quem se preocupa com reputação, honra, dignidade, vergonha, imagem e aparência... — ainda nada entendeu do Evangelho!

Re-puta-ção é, de fato, aquilo que se atribui acerca de alguém; sendo que reputar é o imputar que se faz resposta pública à conduta de uma pessoa; boa ou má (do ponto de vista da moral pública). No fim, no entanto, torna-se algo mais comum para a ação da puta que deseja não ser uma re-putada fora da hora de trabalho [Rsrsrs]. Reputação é o que os outros dizem de nós, mas não tem necessariamente nada a ver com quem somos.

Honra é o sentimento da justiça-própria feito direito até de matar. Os crimes contra a honra foram por muito tempo justificáveis.

Dignidade é a valentia dos que sabem que não são o que se diz, e, assim, tornam-se o que não eram no ato de defenderem-se do que não são.

Vergonha é aquilo que acontece depois do flagrante. Mas raramente antes.

Imagem e aparência: são as mascaras que escondem o ser.

Nas últimas três semanas recebi cartas de pessoas me perguntando se eu sabia que a moda entre os “pastores” apavorados com minha existência é dizerem que estou louco. Sabia, mas mesmo assim ri muito. Somente isto.

Ora, se isso fosse há trinta anos eu ficaria louco de angustia e iria procurar tais pessoas para provar que estariam equivocadas sobre mim.

Hoje, entretanto, depois de ser chamado de anticristo, de possesso, de herege, de adúltero, de drogado, de falsário, de intermediador de dinheiro político, de casamenteiro de gays, de estimulador de divórcios, de infiltrado católico para minar os evangélicos, de caído, de desligado de Cristo, de pervertido, etc. — ser chamado de louco é bolinho de bacalhau.

Até oito anos passados eu era chamado por eles mesmos de “Bom Pastor”, “Homem de Deus”, “Santo Varão”, “Profeta”, “Paulo de hoje”, “apóstolo do milênio”, “Presente de Deus à Igreja”, “o maior evangelista”, “o grande pensador”, “o homem sem medo”, “o ousado que enfrenta bandidos e policia”, “a reserva ética da nação”, “um dos cristãos mais influentes do mundo”, e, como disse um amigo americano me disse, e depois uma revista inglesa repetiu: “...uma mistura de Billy Graham, John Stott, Martin Luther King, Jacques Ellul, Kierkegaard, Paulo, e Gandhi”.

Tanto o que de “bom” diziam quanto que de “mal” dizem, é bobagem, loucura e procede do mesmo pai: o diabo.

No primeiro caso [mal] é para tentar achatar e calar você, além de criar um ser para você junto ao povo [versão]. No segundo caso [bom] é para inflar você; e isso faz mais mal do que o que é tido como “mal”.

Aprendi a ser exaltado e a ser humilhado; e, pela Graça de Deus, hoje, tudo posso naquele que me fortalece.

Mudei eu?

Não! Mudaram eles!

E o que mudou? Foi meu divorcio? Ah! Não! Mil vezes não! Afinal, antes de mim muitos pastores de separaram [e de modo totalmente indigno]; e depois de mim muitos outros [pouparei seus nomes]. E o que a eles aconteceu? Ora, nada!

Então por que comigo é diferente?

É diferente apenas porque eu disse que não fazia mais parte da “Confraria Evangélica”. Pois, se eu tivesse dito: “Meus irmãos. Perdoem-me. Pequei. Mas confesso a vocês meu arrependimento. Ajudem-me. Levem-me pela mão. Socorro!” — eles estariam dizendo de mim o que diziam antes. Porém, como entendi que tudo aquilo aconteceu para um fim maior, e que era sair de dentro da caixa-preta evangélica a fim de pregar o reino na liberdade de Jesus nos evangelhos, ele me tiveram e têm como inimigo.

Afinal, quem não é dos evangélicos é do diabo!

Esta é a doença, a blasfêmia e a indizível presunção infernal que os habita!

Assim, quem lê o que eu dizia antes acerca da “igreja” vê que hoje digo as mesmas coisas; só que antes eu era um deles falando (e assim era profeta); e hoje eu sou um de fora deles falando as mesmas coisas (o que me faz louco e herege, no mínimo).

Eu, todavia, tenho muita gratidão a Deus por ter me dado aquela cara de diamante duro que Ele deu a Ezequiel; pois, nem que todos eles se reunissem à minha porta teriam o poder de mover-me um centímetro do lugar no qual o Evangelho plantou a minha consciência.

Quanto ao mais — eles se entenderão com o Grande Louco: Jesus de Nazaré!

O hino que ecoa e perturba a alma desses que de tão loucos desejariam que eu assim estivesse, é um só; e terão que ouvi-lo, caso não se convertam, até na hora de morrer; pois jamais deixará de perturbar as suas consciências.

Assim, meu hino aos falsos protestantes é o hino que cantavam aos católicos medievais, dos quais hoje eles [os falsos protestantes] tornaram-se os principais representantes e remanescentes obscurantistas:


Castelo Forte é nosso Deus, defesa e boa espada; da angústia livra desde o malNossa alma atribulada. Investe Satãcom hábil afãe sabe lutar com força e ardil sem par; igual não há na terra. Sem força para combater, teríamos perdido. Por nós batalha e irá vencerquem Deus tem escolhido.Quem é vencedor?Jesus Redentor, o próprio Jeová, pois outro Deus não há; triunfará na luta. O mundo venham assaltardemônios mil, furiosos, jamais nos podem assombrar, seremos vitoriosos. Do muno o opressor,com todo rigorjulgado ele está;vencido cairápor uma só palavra. O Verbo eterno ficará, sabemos com certeza, e nada nos perturbarácom Cristo por defesa. Se vierem roubar os bens, vida e o lar -que tudo se vá!Proveito não lhes dá. O céu é nossa herança.

(Considerado o hino símbolo da Reforma Luterana, Castelo Forte - letra e música - foi composto por Martinho Lutero em 1528, sob o título Ein feste Burg, com base em passagens bíblicas como o Salmo 46, e trechos do Evangelho de Mateus e da Carta aos Romanos.)


Este é meu canto enquanto blasfemam contra a verdade do Evangelho!


Nele, que é Amigo de Pecadores,



Caio
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É VOCÊ UM PAGÃO QUE ADORA O “JESUS/IGREJA”?


Na mente dos cristãos uma das maiores dificuldades é entender por que Jesus é de um modo e a igreja de outro completamente diferente Dele.

Quando tal “diferença” aparece na pratica diante do crente, em geral ele pensa que Jesus era como os evangelhos nos contam, mas que agora Ele se tornou como a “igreja”.

Ou seja: Jesus teria se deconvertido de Sua Graça e Amor e se tornado “cristão”.

Sim! Cristo virou apenas um grande Cristo, um Cristo Grandão; literalmente um “Cristão”.

Ora, o hibrido “Jesus/Igreja” é o “Deus misto” da maioria dos cristãos. E é bem grandão, pois, crêem de fato Jesus virou um Cristão.

Assim, se não há sublimidade em tal “Sagrado Hibrido”, também não há muita inspiração que demande que a existência transcenda o que os homens chamam de “minha vida”.

Desse modo, tal “Jesus/Igreja” é amado pelos crentes com a fidelidade de quem ama a Jesus mesmo, porém, devotando tal amor a um ente que é, muitas vezes, a total negação do que Jesus diz que vale o nosso amor.

Os “sacerdotes” da “religião de Jesus”, o Cristianismo, precisam que os crentes amem a “igreja” com o amor com o qual só deveriam amar a Jesus, e a nada mais.

E por que eles precisam que seja assim?

Ora, é que na “igreja” os “sacerdotes/pastores” se tornam os “Jesuses” dos crentes, posto que na falta de Jesus na “igreja”, é do “sacerdote” que vem a oferta de amor pessoal; ou seja: amar e reverenciar o “sacerdote” é como amar e servir a Jesus.

Tal possibilidade, todavia, não é fácil para todos; pois, poucos têm intimidade com o “Jesus” da “igreja”: o sacerdote. Desse modo, para os “demais” sobra o “átrio dos gentios”, que é a atividade na “igreja”.

O “Jesus” da “igreja”, o “sacerdote/pastor”, diz que seus objetivos de expansão e crescimento são projetos de Jesus para a Igreja. E, assim, o “Jesus/sacerdote” da “igreja” ganha o poder da cruz e da ressurreição a fim de motivar os crentes a trabalharem pelo Baú da Felicidade que o “Jesus/sacerdote” definiu como projeto de parceria com Deus.

É tudo tão perverso e tão obvio que somente apelando para o diabo se pode entender tal cegueira na mente dos crentes!

Se você é um dos “sacerdotes/pastores” que vive do engano ensinado e praticado por você, abra mão disso hoje. Ainda é tempo de deixar de ser bruxo desse paganismo perverso feito em nome de Jesus, como algo que o representa, mas que é o pior engano do diabo no mundo e o maior inimigo do Evangelho na Terra.

Se você é dos enganados seguidores, olhe para Jesus, segundo o Evangelho, ame-o de todo o coração, sirva-o, ame os que confessam o Seu nome e também até mesmo os que odeiam o Seu nome. No entanto, deixe de tentar amar e seguir a Jesus nesse caminho humano e hibrido, no qual se tem coisas do Jesus do Evangelho apenas como isca; sendo que o restante é mandamento e megalomania do “Jesus/sacerdote”, o qual é segundo a imagem e semelhança do “Jesus/Igreja”, que é uma besta de muitas denominações e cabeças, e com ofertas para todos os gostos de pagãos.

É fácil saber se digo a verdade. Basta ler os evangelhos e ver se falo do Jesus ali descrito ou se falo do Jesus criado para ser seguido enquanto se odeia e se vive a morte como salvação, segundo o desevangelho do “Jesus/Igreja”.

Eis meu desafio a você:

Leia o Evangelho de Jesus e depois me julgue como bem entender!

Você tem essa coragem?

Quem me dera você a tivesse!

Fonte: www.caiofabio.com/

quarta-feira, 1 de abril de 2009

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Apêndice 7 - Segunda Confissão de Fé de Londres

Laurence M. Vance - O Outro Lado do Calvinismo

APÊNDICE 7

A SEGUNDA CONFISSÃO DE FÉ DE LONDRES

CAPÍTULO 1
AS SAGRADAS ESCRITURAS


1. A Sagrada Escritura é a única regra suficiente, certa e infalível de conhecimento para a salvação, de fé e de obediência.[1] A luz da natureza, e as obras da criação e da providência, manifestam a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, de tal modo que os homens ficam inescusáveis; contudo não são suficientes para dar conhecimento de Deus e de sua vontade que é necessário para a salvação.[2]

Por isso, em diversos tempos e por diferentes modos, o Senhor foi servido revelar-se a si mesmo e declarar sua vontade à sua igreja.[3] E para a melhor preservação e propagação da verdade, e o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja, contra a corrupção da carne e a malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazer escrever por completo todo esse conhecimento de Deus e revelação de sua vontade necessários à salvação; o que torna a Escritura indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos em que Deus revelava sua vontade a seu povo.[4]

2. Sob o nome de Sagradas Escrituras ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho Testamento e Novo Testamento, que são os seguintes:

O VELHO TESTAMENTO

Gênesis
1 Reis
Eclesiastes
Obadias
Êxodo
2 Reis
Cantares
Jonas
Levítico
1 Crônicas
Isaías
Miquéias
Números
2 Crônicas
Jeremias
Naum
Deuteronômio
Esdras
Lamentações
Habacuque
Josué
Neemias
Ezequiel
Sofonias
Juizes
Ester
Daniel
Ageu
Rute

Oséias
Zacarias
1 Samuel
Salmos
Joel
Malaquias
2 Samuel
Provérbios
Amós


O NOVO TESTAMENTO

Mateus
Efésios
Hebreus
Marcos
Filipenses
Tiago
Lucas
Colossenses
1 Pedro
João
1 Tessalonissenses
2 Pedro
Atos
2 Tessalonissenses
1 João
Romanos
1 Timóteo
2 João
1 Coríntios
2 Timóteo
3 João
2 Coríntios
Tito
Judas
Gálatas
Filemom
Apocalipse

Todos os quais foram dados por inspiração de Deus, para serem a regra de fé e vida prática.[5]

3. Os livros comumente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon ou compêndio das Escrituras. Portanto, nenhuma autoridade têm para a Igreja de Deus, e nem podem ser de modo algum aprovados ou utilizados, senão como quaisquer outros escritos humanos.[6]

4. A autoridade da Sagrada Escritura, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas provém inteiramente de Deus, sendo Ele mesmo a verdade e o seu autor. A Escritura, portanto, tem que ser recebida, por ser a Palavra de Deus.[7]

5. Pelo testemunho da Igreja de Deus podemos ser movidos e persuadidos a ter em alto e reverente apreço as Sagradas Escrituras. A santidade do assunto, a eficácia da doutrina, a majestade do estilo, a harmonia de todas as partes, o propósito do todo (que é dar toda glória a Deus), a plena revelação que faz do único meio de salvação para o homem, e muitas outras excelências incomparáveis e perfeição completa, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia serem elas a Palavra de Deus. Contudo, a nossa plena persuasão e certeza quanto à sua verdade infalível e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela Palavra e com a Palavra testifica aos nossos corações.[8]

6. Todo o conselho de Deus, concernente a todas as coisas necessárias para a sua própria glória, para a salvação do homem, a fé e a vida, está expressamente declarado ou necessariamente contido na Sagrada Escritura. A ela nada em tempo algum se acrescentará, quer por nova revelação do Espírito, quer por tradições de homens.[9]

Entretanto, reconhecemos ser necessária a iluminação interior, da parte do Espírito de Deus, para a compreensão salvadora daquilo que é revelado na Palavra.[10] Reconhecemos que há algumas circunstâncias, concernentes à adoração a Deus e ao governo da igreja, que são peculiares às sociedades e costumes humanos, e que devem ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as normas gerais da Palavra que sempre devem ser observadas.[11]

7. Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras, nem igualmente evidentes para todos.[12] Mesmo assim, as coisas que precisam ser conhecidas, cridas e obedecidas para a salvação estão claramente propostas e explicadas em uma passagem ou outra; e, pelo devido uso de meios comuns, não apenas os eruditos, mas também os indoutos, podem obter uma compreensão suficiente de tais coisas.[13]

8. O Antigo Testamento em hebraico (que era a língua vernácula do povo de Deus na antigüidade),[14] e o Novo Testamento em grego (que em sua época era a língua mais conhecida entre as nações), tendo sido diretamente inspirados por Deus e, pelo seu singular cuidado e providência, conservados puros no correr dos séculos, são, portanto, autênticos, de maneira que, em toda controvérsia de natureza religiosa, a Igreja deve apelar para eles como palavra final.[15]

Mas visto que essas línguas originais não são conhecidas de todo o povo de Deus – que tem direito e interesse nas Escrituras, e que é ordenado a ler[16] e examinar[17] as Escrituras no temor de Deus – os Testamentos devem ser traduzidos para a língua de cada nação,[18] a fim de que, permanecendo a Palavra no povo de Deus, abundantemente, todos adorem a Deus de maneira aceitável, e pela paciência e consolação das Escrituras possam ter esperança.[19]

9. A regra infalível de interpretação das Escrituras é a própria Escritura. Portanto, sempre que houver dúvida quanto ao verdadeiro e pleno sentido de qualquer passagem (sentido este que não é múltiplo, mas um único), essa passagem deve ser examinada em confrontação com outras passagens, que falem mais claramente.[20]

10. O juiz supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas devem ser resolvidas e todos os decretos e concílios, todas as opiniões de escritores antigos e doutrinas de homens devem ser examinadas, e os espíritos provados, não pode ser outro senão a Sagrada Escritura entregue pelo Espírito Santo. Nossa fé recorrerá à Escritura para a decisão final.[21]

CAPÍTULO 2
DEUS E A SANTÍSSIMA TRINDADE

1. O Senhor nosso Deus é somente um, o Deus vivo e verdadeiro,[22] cuja subsistência está em si mesmo e provém de si mesmo;[23] infinito em seu ser e perfeição, cuja essência por ninguém pode ser compreendida, senão por Ele mesmo.[24] Ele é um espírito puríssimo,[25] invisível, sem corpo, membros ou paixões; o único que possui imortalidade, habitando em luz inacessível, a qual nenhum homem é capaz de ver;[26] imutável,[27] imenso,[28] eterno,[29] incompreensível, todo-poderoso;[30] em tudo infinito, santíssimo,[31] sapientíssimo; completamente livre e absoluto, operando todas as coisas segundo o conselho da sua própria vontade,[32] que é justíssima e imutável, e para a sua própria glória;[33] amantíssimo, gracioso, misericordioso, longânimo; abundante em verdade e benignidade, perdoando a iniquidade, a transgressão e o pecado; o recompensador daqueles que o buscam diligentemente;[34] contudo justíssimo e terrível em seus julgamentos,[35] odiando todo pecado,[36] e que de modo nenhum inocentará o culpado.[37]

2. Deus tem em si mesmo e de si mesmo toda a vida,[38] glória,[39] bondade[40] e bem-aventurança. Somente ele é auto-suficiente, em si e para si mesmo; e não precisa de nenhuma das criaturas que fez, nem delas deriva glória alguma;[41] mas somente manifesta, nelas, por elas, para elas e sobre elas a sua própria glória. Ele, somente, é a fonte de toda existência: de quem, através de quem e para quem são todas as coisas,[42] tendo o mais soberano domínio sobre todas as criaturas, para fazer por meio delas, para elas e sobre elas tudo quanto lhe agrade.[43] Todas as coisas estão abertas e manifestas perante Ele;[44] o seu conhecimento é infinito, infalível e independe da criatura, de maneira que para Ele nada é contingente ou incerto.[45] Ele é santíssimo em todos os seus pensamentos, em todas as suas obras,[46] e em todos os seus mandamentos. A Ele são devidos, da parte de anjos e de homens, toda adoração,[47] todo serviço, e toda obediência que, como criaturas, eles devem ao Criador; e tudo mais que Ele se agrade em requerer de suas criaturas.

3. Neste ser divino e infinito há três pessoas: o Pai, a Palavra (ou Filho) e o Espirito Santo;[48] de uma mesma substância, igual poder e eternidade, possuindo cada uma inteira essência divina, que é indivisível.[49] O Pai, de ninguém é gerado ou procedente; o Filho é gerado eternamente do Pai;[50] o Espirito Santo procede do Pai e do Filho, eternamente;[51] todos infinitos e sem princípio de existência. Portanto, um só Deus; que não deve ser dividido em seu ser ou natureza, mas, sim, distinguido pelas diversas propriedades peculiares e relativas, e relações pessoais. Essa doutrina da Trindade é o fundamento de toda a nossa comunhão com Deus e confortável dependência dEle.
CAPÍTULO 3
O DECRETO DE DEUS

1. Desde toda a eternidade, Deus mesmo decretou todas as coisas que iriam acontecer no tempo; e isto Ele fez segundo o conselho da sua própria vontade, muita sábia e muito santa.[52] Fê-lo, porém, de um modo em que Deus em nenhum sentido é o autor do pecado,[53] nem se torna co-responsável pelo pecado, nem faz violência à vontade de suas criaturas, nem impede a livre ação das causas secundárias ou contingentes. Pelo contrário, estas causas secundárias são confirmadas;[54] e em tudo isso aparece a sabedoria de Deus em dispor de todas as coisas, e o seu poder e fidelidade em fazer cumprir seu decreto.[55]

2. Embora Deus saiba tudo quanto pode ou poderá acontecer,[56] em todas as condições possíveis, Ele nada decretou por causa do seu conhecimento prévio do futuro ou daquilo que viria a acontecer em determinada situação.[57]

3. Pelo decreto, e para manifestação da glória de Deus, alguns homens e alguns anjos são predestinados (ou preordenados) para a vida eterna através de Jesus Cristo,[58] para louvor da sua graça gloriosa.[59] Os demais são deixados em seu pecado, agindo para sua própria e justa condenação; e isto para louvor da justiça gloriosa de Deus.[60]

4. Os anjos e homens predestinados (ou preordenados) estão designados de forma particular e imutável, e o seu número é tão certo e definido que não pode ser aumentado ou diminuído.[61]

5. Dentre a humanidade, aqueles que são predestinados para a vida, Deus os escolheu em Cristo para glória eterna; e isto de acordo com o seu propósito eterno e imutável, pelo conselho secreto e pelo beneplácito da sua vontade, antes da fundação do mundo, apenas por sua livre graça e amor,[62] nada havendo em suas criaturas que servisse como causa ou condição para essa escolha.[63]

6. Deus não apenas designou os eleitos para glória, de acordo com o propósito eterno e espontâneo da sua vontade, mas também preordenou todos os meios pelos quais o seu propósito será efetivado.[64] Por isso os eleitos, achando-se caídos em Adão, são redimidos em Cristo[65] e chamados eficazmente para a fé nEle, pela ação do Espírito Santo, e no seu devido tempo; e são justificados, adotados, santificados[66] e guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação.[67] Ninguém mais é redimido por Cristo, chamado eficazmente, justificado, adotado, santificado e salvo, senão unicamente os eleitos.[68]

7. Este alto mistério da predestinação deve ser tratado com especial prudência e cuidado, para que os homens, atentando para a vontade de Deus revelada em sua Palavra, e prestando-lhe obediência, possam assegurar-se de sua eleição eterna,[69] pela comprovação de sua chamada eficaz. Será desse modo que a doutrina da predestinação promoverá louvor,[70] reverência e admiração a Deus, bem como humildade,[71] diligência e consolação abundante para todos os que obedecem sinceramente ao evangelho.[72]
CAPÍTULO 4
A CRIAÇÃO

1. No princípio, aprouve ao Deus triúno (Pai, Filho e Espírito Santo),[73] para manifestação da glória do seu poder,[74] sabedoria e bondade eternais, criar ou fazer o mundo e todas as coisas que nele existem, tanto visíveis como invisíveis, no espaço de seis dias; e tudo muito bom.[75]

2. Depois de ter feito todas as demais criaturas, Deus criou o ser humano, homem e mulher,[76] dotados de uma alma racional e imortal.[77] E os adequou perfeitamente para a vida para Deus, para a qual foram criados, tendo sido feitos segundo a imagem de Deus, em conhecimento, retidão e verdadeira santidade,[78] possuindo a lei de Deus inscrita em seus corações,[79] e o poder para cumpri-la. No entanto havia a possibilidade de transgressão, pois foram deixados na liberdade e sua própria vontade, a qual estava sujeita a mudanças.[80]

3. Além de terem a lei de Deus escrita em seus corações, eles também receberam a ordem de não comerem da árvore da ciência do bem e do mal;[81] enquanto obedeceram a esse preceito, foram felizes em sua comunhão com Deus e tiveram domínio sobre todas as criaturas.[82]


CAPÍTULO 5
A PROVIDÊNCIA DIVINA

1. Deus, o bom criador de todas as coisas, em seu poder e sabedoria infinitos, mantém, dirige, dispõe de, e governa todas as criaturas e coisas,[83] desde as maiores até às mínimas,[84] pela sua muito sábia e muito santa providência, para que cumpram com a finalidade para a qual foram criadas. Isso é feito de acordo com a infalível presciência de Deus e o conselho livre e imutável das sua própria vontade, para o louvor da glória de sua sabedoria, poder, justiça, bondade infinita e misericórdia.[85]

2. Em relação à presciência e ao decreto de Deus (que é a causa primária de tudo), todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente,[86] de maneira que nada sucede por acaso ou fora da providência de Deus.[87] No entanto, por esta mesma providência, Deus dirige os acontecimentos por meio de causas secundárias, que operam livremente, ou como leis fixas, ou por interdependência.[88]

3. Normalmente, Deus faz uso de meios em sua providência,[89] mas é livre para operar sem,[90] acima de,[91] e contra[92] os meios ordinários, segundo bem entenda.

4. A onipotência, a sabedoria inescrutável e a infinita bondade de Deus se manifestam na providência, de um modo tão abrangente, que o seu conselho determinado se estende até mesmo à queda no pecado e a todos os outros atos pecaminosos, sejam de homens ou de anjos.[93] Isto envolve mais do que uma mera permissão, porque Deus, muito sábia e muito poderosamente, limita, regula e governa[94] os atos pecaminosos, em uma dispensação multiforme, atendendo aos santos desígnios de Deus.[95] Mesmo assim, a pecaminosidade desses atos procede das criaturas, e não de Deus, que, sendo muito santo e muito justo, não é nem pode ser o autor do pecado; e nem pode aprová-lo.[96]

5. Deus, que é muito sábio, justo e gracioso, muitas vezes deixa os seus próprios filhos entregues a várias tentações e à corrupção de seus próprios corações, por algum tempo: para castigá-los por antigos pecados, ou para mostrar-lhes o poder oculto da corrupção e do dolo em seus corações, a fim de que se humilhem; para levá-los a uma dependência mais constante e mais próxima de Deus; para torná-los mais vigilantes contra todas as futuras ocasiões de pecado; e para outros propósitos justos e santos.[97] Por isso, tudo o que sobrevem aos eleitos acontece por designação divina, para a glória de Deus e o bem de seus filhos.[98]

6. Quanto aos perversos e ímpios, Deus, como reto juiz, os cega e endurece, em razão de pecados anteriores.[99] Ele não apenas lhes nega a sua graça, pela qual poderiam ser iluminados no entendimento e transformados no coração;[100] às vezes Ele também lhes retira os dons que já possuíam,[101] e os expõe a situações que se tornam ocasiões de pecado,[102] por causa da corrupção. Em outras palavras, Ele os entrega às suas próprias paixões, às tentações do mundo e ao poder de Satanás,[103] de maneira que eles vêm a se endurecer, mesmo sob aquelas circunstâncias que Deus emprega para abrandamento de outras pessoas.[104]

7. A providência de Deus se estende a todas as criaturas, em geral; mas, acima de tudo, cuida de sua igreja, e tudo dispõe para o bem dela.[105]


CAPÍTULO 6
A QUEDA DO HOMEM; O PECADO E SUA PUNIÇÃO

1. Deus criou o homem justo e perfeito, e lhe deu uma lei justa, que lhe seria para vida, se a guardasse, ou para morte, se a desobedecesse.[106] Mesmo assim o homem não manteve por muito tempo a sua honra. Satanás valeu-se da astúcia da serpente para seduzir Eva; e esta seduziu a Adão, que, sem ser compelido, transgrediu voluntariamente a lei instituída na criação, e a ordem de não comer do fruto proibido.[107] De acordo com seu conselho sábio e santo, aprouve a Deus permitir a transgressão, porque, no âmbito do seu propósito, mesmo isso Ele usaria para a sua própria glória.

2. Por esse pecado, nosso primeiros pais decaíram de sua condição original de retidão e comunhão com Deus. No pecado deles nós também pecamos, e por isso a morte veio sobre todos;[108] todos se tornaram mortos no pecado[109] e totalmente corrompidos, em todas as faculdades e partes do corpo e da alma.[110]

3. Sendo eles os ancestrais e, pelo desígnio de Deus, os representantes de toda humanidade, a culpa do pecado foi imputada a toda a sua posteridade, e a corrupção natural passou a todos os seus descendentes,[111] por nascimento, visto que todos são concebidos em pecado.[112] E são por sua natureza filhos da ira,[113] escravos do pecado e passíveis de morte;[114] e estão todos sujeitos às misérias espirituais, temporais e eternais, a menos que o Senhor Jesus os liberte.[115]

4. Da corrupção natural procedem todas as atuais transgressões,[116] porque ela nos torna completamente indispostos, incapacitados e contrários a todo bem, e totalmente inclinados para todo o mal.[117]

5. Durante esta vida, a corrupção da natureza permanece, mesmo naqueles que são regenerados.[118] E embora ela seja perdoada e mortificada mediante Cristo, a corrupção em si, as suas inclinações, e o que dela procede, tudo é verdadeiramente pecado.[119]


CAPÍTULO 7
O PACTO DE DEUS

1. A distância entre Deus e a criatura é tão grande que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência, por ser Ele o criador, elas jamais poderiam alcançar o dom da vida, senão por alguma condescendência voluntária da parte de Deus.[120] E isto Ele se agradou em expressar por meio de um pacto com o homem.

2. Tendo o homem trazido sobre si mesmo a maldição da lei, por causa de sua queda no pecado, o Senhor teve por bem estabelecer o pacto da graça.[121] Neste pacto Deus oferece gratuitamente, a pecadores, vida e salvação por Jesus Cristo, requerendo-lhes fé nEle para que sejam salvos,[122] e prometendo dar o Espírito Santo a todos os que estão destinados para a vida eterna, para lhes dar a vontade e a capacidade para crerem.[123]

3. Este pacto está revelado no evangelho: primeiramente na promessa feita a Adão, de salvação pelo descendente da mulher;[124] depois, por etapas sucessivas, até que sua plena revelação foi manifestada no Novo Testamento.[125]

O pacto está fundamentado na eterna aliança que havia entre o Pai e o Filho para a redenção dos eleitos;[126] é somente pela graça deste pacto que os descendentes de Adão que são salvos obtêm vida e uma bendita imortalidade, pois o homem é agora totalmente incapaz de ser aceito diante de Deus nos mesmos termos em que Adão vivia, em seu estado de inocência.[127]

CAPÍTULO 8
CRISTO, O MEDIADOR

1. Em seu propósito eterno, e de acordo com o pacto estabelecido entre ambos, aprouve a Deus escolher e destinar o Senhor Jesus Cristo, seu Filho unigênito, para ser o mediador entre Deus e os homens;[128] para ser o profeta,[129] sacerdote[130] e rei;[131] o cabeça e Salvador de sua Igreja;[132] o herdeiro de todas as coisas[133] e juiz do mundo.[134] Desde toda a eternidade, Deus deu-Lhe um povo para ser sua descendência, e para que, em tempo, esse povo seja por Ele redimido, chamado, justificado, santificado e glorificado.[135]

2. O Filho de Deus, Segunda pessoa da Trindade Santa – sendo o próprio Deus eterno, o resplendor da glória do Pai, da mesma essência e igual ao Pai -, Ele fez o mundo, sustém e governa todas as coisas que criou. Quando veio a plenitude do tempo, Ele tomou sobre si a natureza humana, com todas as suas propriedades essenciais e fraquezas comuns[136] – porém, sem pecado.[137]

E foi concebido pelo Espírito Santo, no ventre da Virgem Maria (pois o Espírito Santo desceu sobre ela, e o poder do Altíssimo a envolveu). Foi nascido de mulher, da tribo de Judá, da descendência de Abraão e de Davi, segundo previam as Escrituras.[138]

Desse modo, duas naturezas completas, perfeitas e distintas foram inseparavelmente unidas, em uma única pessoa, sem conversão, composição ou confusão. E essa pessoa é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem; no entanto, um só Cristo, o único mediador entre Deus e os homens.[139]

3. Em sua natureza humana assim unida à divina, na pessoa do Filho, o Senhor Jesus foi santificado e ungido com o Espírito Santo, sobremaneira.[140] Nele se encontram todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento,[141] porque aprouve ao Pai que nEle habitasse toda plenitude,[142] a fim de que, sendo santo, inculpável e sem mácula,[143] cheio de graça e de verdade,[144] Ele fosse plenamente qualificado para exercer o oficio de mediador e fiador,[145] ofício que Ele mesmo não tomou para si, mas para o qual foi chamado por seu Pai.[146] E o Pai lhe conferiu às mãos toda autoridade e julgamento, e ordenou que executasse essa autoridade.[147]

4. Esse ofício o Senhor Jesus assumiu de muitíssima boa vontade[148] e cumpriu perfeitamente; foi para isso que nasceu sob a lei.[149] Ele suportou o castigo que a nós era devido, que nós deveríamos ter recebido e sofrido.[150] E foi feito pecado e maldição, por nossa causa,[151] suportando as tristezas mais aflitivas em sua alma, e os sofrimentos mais dolorosos em seu corpo.[152] Foi crucificado e morreu; e, embora tenha estado sob o poder da morte, seu corpo não viu corrupção.[153] Ao terceiro dia Ele se levantou dentre os mortos,[154] com o mesmo corpo em que havia sofrido,[155] e com o qual ascendeu ao céu.[156] Ele está assentado à direita de seu Pai, como intercessor,[157] e voltará para julgar homens e anjos, no fim do mundo.[158]

5. Por sua obediência perfeita, e pelo sacrifício que fez de si mesmo (que Ele, pelo Espírito Santo, ofereceu a Deus uma única vez), o Senhor Jesus satisfez plenamente a justiça de Deus,[159] obteve a reconciliação e adquiriu uma herança eterna no reino dos céus, para todos quantos foram dados a Ele pelo Pai.[160]

6. O preço da redenção não foi pago por Cristo senão após a sua encarnação. No entanto, a virtude, a eficácia e os benefícios da redenção foram sucessivamente comunicados aos eleitos, em todas as eras, desde o começo do mundo, nas – e através das – promessas, tipos e sacrifícios em que Cristo foi revelado, e que o apontavam como o descendente da mulher, aquele que iria esmagar a cabeça da serpente;[161] e como o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo,[162] o mesmo ontem, hoje e para sempre.[163]

7. Cristo, na obra de mediação, age de acordo com suas duas naturezas, cada uma delas atuando como lhe é próprio. Mesmo assim, em razão da unidade de pessoa, aquilo que é próprio de uma natureza às vezes é atribuído à pessoa de Cristo pelo nome de sua outra natureza.[164]

8. Cristo certamente aplica e comunica eficazmente a redenção eterna, para todos quantos Ele a obteve: fazendo intercessão por eles;[165] unindo-os a si mesmo por seu Espírito; revelando-lhes o mistério da salvação, na Palavra e pela Palavra; persuadindo-os a crer e obedecer;[166] governando os corações deles por seu Espírito e sua Palavra;[167] e vencendo todos os inimigos deles, por seu poder e sabedoria infindos,[168] de modo tal e por caminhos que são os mais harmoniosos com a sua maravilhosa e insondável providência; e tudo por sua graça livre e soberana, sem a precondição de neles ter sido vista de antemão uma busca pela redenção.[169]

9. Este ofício de mediador entre Deus e os homens cabe exclusivamente a Cristo, que é profeta, sacerdote e rei da Igreja de Deus; e nem em parte nem totalmente pode ser transferido de Cristo para qualquer outrem.[170]

10. Este número e ordem de ofícios é necessário. Precisamos de seu ofício profético, por causa de nossa ignorância.[171] Por causa de nossa alienação de Deus, e da imperfeição de nossos melhores serviços, precisamos de seu ofício sacerdotal para nos reconciliar e apresentar aceitáveis a Deus.[172] E, para nosso resgate e segurança, contra nossos adversários espirituais, precisamos de seu ofício real para nos convencer, subjugar, atrair, sustentar, libertar e preservar para o seu reino celestial.[173]


CAPÍTULO 9
LIVRE ARBÍTRIO

1. Deus dotou a vontade humana com a liberdade e o poder natural de agir por escolha, sem ser forçada ou predeterminada por alguma necessidade natural para fazer o bem ou o mal.[174]

2. O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que era bom e agradável a Deus.[175] Essa, porém, era uma condição mutável, pois o homem podia decair dessa liberdade de poder.[176]

3. Com a queda no pecado, o homem perdeu completamente toda a sua habilidade volitiva para aquele bem espiritual que acompanha a salvação.[177] Por isso, o homem natural é inteiramente adverso a esse bem, e está morto em pecados.[178] Ele não é capaz de se converter por seu próprio esforço, e nem mesmo de se dispor a isso.[179]

4. Quando Deus converte um pecador, e o transfere para o estado de graça, Ele o liberta da sua escravidão natural do pecado,[180] e, somente pela graça, o habilita a livremente querer e fazer aquilo que é espiritualmente bom.[181] Mesmo assim, por causa de certas corrupções que permanecem, o homem redimido não faz o bem perfeitamente e nem deseja somente aquilo que é bom, mas também o que é mau.[182]

5. Somente no estado de glória a vontade do homem será transformada, perfeita e imutavelmente;[183] e então será livre para fazer apenas o bem.


CAPÍTULO 10
A CHAMADA EFICAZ

1. Aqueles a quem Deus predestinou para a vida, Ele se agrada em chamar eficazmente,[184] no tempo aceitável e por Ele mesmo determinado; por meio de sua Palavra e de seu Espírito; do estado natural de pecado e morte, para a graça e a salvação por Jesus Cristo.[185]

Isso Deus faz iluminando-lhes a mente de maneira espiritual e salvadora, para que compreendam as coisas de Deus;[186] tirando-lhes o coração de pedra e dando-lhes um coração de carne;[187] renovando-lhes a vontade e, pela sua onipotência, predispondo-os para o bem e trazendo-os irresistivelmente para Jesus Cristo.[188] No entanto, eles vêm a Cristo espontânea e livremente, porque a graça de Deus lhes dispõe o coração para isso.[189]

2. A chamada eficaz é resultante da graça especial e gratuita, de Deus, e não de algo que de antemão seja visto no homem; e nem de poder algum ou ação da criatura cooperando com a graça especial de Deus.[190] Por estar morta em pecados e transgressões, a criatura mantém-se totalmente passiva, até que, na chamada eficaz, ela seja vivificada e renovada pelo Espírito Santo.[191] A pessoa, então, é habilitada a responder a essa chamada e a abraçar a graça que ela comunica e oferece. Para isso é necessário um poder que de modo nenhum é menor do que aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos.[192]

3. As crianças que morrem na infância, se eleitas, são regeneradas e salvas por Cristo, através do Espírito,[193] que obra quando, onde e como lhe agrada.[194] Do mesmo modo são salvas todas as outras pessoas incapazes de serem chamadas exteriormente, pelo ministério da Palavra.

4. Outros, não eleitos, podem ser chamados pelo ministério da Palavra, e desfrutar de algumas operações comuns do Espírito Santo.[195] Contudo, por não serem eficazmente trazidos a Cristo, pelo Pai, eles não desejam nem podem realmente vir a Cristo; e, portanto, não podem ser salvos.[196] Muito menos poderão ser salvos os que não seguem a religião cristã, por mais diligentes que sejam em conformar suas vidas à luz da natureza e aos ensinamentos da religião que professam.[197]


CAPÍTULO 11
A JUSTIFICAÇÃO

1. Aqueles a quem Deus chama eficazmente, Ele também os justifica, gratuitamente;[198] não por infundir-lhes justiça, mas perdoando-lhes os pecados, considerando-os e aceitando-os como pessoas justas;[199] não por coisa alguma realizada neles ou por eles mesmos feita, mas unicamente por consideração a Cristo;[200] não por imputar-lhes como justiça a fé, o ato de crer, ou qualquer outra obediência evangélica, mas por imputar-lhes a obediência ativa de Cristo (a toda a lei) e sua obediência passiva (na morte), como total e única justiça deles,[201] que recebem a Cristo e nEle descansam, pela fé. E esta fé, não a tem de si mesmos, é dom de Deus.[202]

2. A fé, assim recebendo e apoiando-se em Cristo e sua justiça, é o único instrumento de justificação.[203] Porém, ela não está sozinha na pessoa justificada: está sempre acompanhada de todas as outras graças salvadoras; e não é uma fé morta, pois atua pelo amor.[204]

3. Pela sua obediência e morte, Cristo pagou plenamente a dívida de todos os que são justificados. A favor destes, pelo sacrifício de si mesmo, no sangue da sua cruz, Ele deu satisfação adequada, verdadeira e plena à justiça de Deus, quando tomou o lugar deles e recebeu a punição que a eles era devida.[205]

O Pai voluntariamente concedeu Cristo, e livremente aceitou a obediência de Cristo e o seu cumprimento da Lei, em substituição, a favor dos que seriam justificados, sem que neles houvesse mérito algum.[206] Portanto, justificação advém exclusivamente da graça gratuita, para tanto a justiça rigorosa como a abundante graça de Deus possam ser glorificadas na justificação de pecadores.[207]

4. Desde toda eternidade, Deus decretou justificar a todos os eleitos.[208] Vindo a plenitude do tempo, Cristo morreu pelos pecados e ressuscitou para a justificação deles.[209] Entretanto, os eleitos não são justificados individualmente enquanto o Espírito Santo não lhes aplica, em tempo oportuno, a pessoa de Cristo e os benefícios de sua obra.[210]

5. Deus continua a perdoar os pecados daqueles que são justificados.[211] Embora jamais possam decair do estado de justificação,[212] eles, no entanto, podem incorrer no desagrado paternal de Deus,[213] por causa de seus pecados. E, nesse estado, eles geralmente não podem desfrutar da luz da presença de Deus, até que se humilhem, confessem o seu pecado, peçam perdão e renovem a sua fé e arrependimento.[214]

6. A justificação dos crentes, no Antigo Testamento, em todos estes aspectos, foi igual à justificação dos crentes no Novo Testamento.[215]


CAPÍTULO 12
A ADOÇÃO

1. Em seu único Filho, Jesus Cristo, e, por causa dEle, Deus é servido fazer participantes da graça da adoção todos quantos são justificados.[216] Por essa graça eles são recebidos no número dos filhos de Deus,[217] e desfrutam das liberdades e privilégios dessa condição; recebem sobre si o nome de Deus;[218] recebem o espírito de adoção;[219] têm acesso com ousadia ao trono de graça, e clamam Aba, Pai;[220] recebem compaixão,[221] proteção,[222] e a provisão de suas necessidades.[223] E são castigados por Deus, como por um pai;[224] porém, jamais são lançados fora,[225] pois estão selados para o dia da redenção.[226] E herdam as promessas, na qualidade de herdeiros da salvação eterna.[227]


CAPÍTULO 13
A SANTIFICAÇÃO

1. Os que estão unidos a Cristo, tendo sido chamados eficazmente e regenerados, possuem agora um novo coração e um novo espírito, criados nele por mérito da morte e da ressurreição de Cristo;[228] e, por esse mesmo mérito, são mais e mais santificados individualmente, pela atuação da Palavra e do Espírito de Cristo neles habitando.[229] O domínio de tudo que é pecado, sobre eles, é destruído;[230] as suas várias concupiscências vão sendo sempre mais enfraquecidas e mortificadas;[231] e os crentes mais e mais são vivificados e fortalecidos, em todas as graças salvadoras,[232] para praticarem toda a verdadeira santidade, “sem a qual ninguém verá o Senhor.”[233]

2. A santificação abrange o homem todo,[234] ainda que imperfeita enquanto nesta vida. Em toda parte ainda permanecem alguns resíduos de corrupção,[235] dos quais provém uma guerra irreconciliável: a carne militando contra o Espírito, e o Espírito militando contra a carne.[236]

3. Nesta guerra, embora a corrupção remanescente possa muito prevalecer,[237] por algum tempo, o contínuo suprimento de força, pelo Espírito de Cristo, santificador, faz com que a parte regenerada afinal vença.[238] E, desse modo, os santos cresçam em graça, aperfeiçoando a sua santidade no temor de Deus e esforçando-se por viver uma vida piedosa, em obediência evangélica a todos os mandamentos que Cristo, como Cabeça e Rei, lhes prescreveu em sua Palavra.[239]


CAPÍTULO 14
FÉ SALVADORA

1. A graça de fé é uma obra do Espírito de Cristo nos corações,[240] e por ela os eleitos são habilitados a crer para a salvação de suas almas. Normalmente essa obra é lavrada pelo ministério da Palavra de Deus.[241] E com a Palavra, a administração do Batismo, a Ceia do Senhor, a oração e outros meios designados por Deus, a fé é aumentada e fortalecida.[242]

2. Por esta fé o cristão crê ser verdadeiro tudo quanto é revelado na Palavra,[243] a qual se reveste da autoridade do próprio Deus. E também reconhece a sobreexcelência da Palavra, acima de todos os escritos e todas as demais coisas neste mundo[244] – por ela demonstrar a glória de Deus nos atributos de Deus; a excelência de Cristo na natureza e nos ofícios de Cristo; o poder e a plenitude do Espírito Santo nas obras e operações do Espírito.

Reconhecendo tudo isso, o cristão é capacitado a confiar sua alma irrestritamente à verdade assim crida;[245] e a reagir coerentemente, segundo a índole de cada passagem em particular: prestando obediência aos mandamentos;[246] tremendo ante as ameaças;[247] e abraçando as promessas de Deus para esta vida e a que há de ser.[248]

Mas os atos mais importantes da fé salvadora relacionam-se diretamente a Cristo: aceitar a Cristo, recebê-lo, e confiar exclusivamente nEle para a justificação, a santificação e a vida eterna, conforme as disposições do pacto da graça.[249]

3. Esta fé pode ter graduações diferentes, ser mais forte ou mais fraca.[250] No entanto, assim como as demais graças salvadoras, e mesmo se for pequeníssima, ela é de um tipo e de uma natureza diferentes daquela fé e da graça comum que os seguidores professos possuem.[251] Por isso, mesmo que seja muitas vezes atacada e enfraquecida, a fé salvadora sempre alcança a vitória.[252] Ela existe em muitas pessoas, crescendo para a plena certeza da esperança,[253] mediante Cristo, que é o autor e também o consumador da nossa fé.[254]


CAPÍTULO 15
ARREPENDIMENTO PARA VIDA E SALVAÇÃO

1. Há entre os eleitos aqueles cuja conversão não se dá senão após uma certa idade, depois de eles terem vivido algum tempo em seu estado natural e servido a vários prazeres e concupiscências. Mas Deus, ao chamá-los eficazmente, concede-lhes o arrependimento para vida.[255]

2. Não há quem faça o bem e que não peque;[256] sob a força da tentação, mesmo as melhores pessoas podem cair em grandes pecados e provocações contra Deus, pois existe no interior do homem um poder enganoso de corrupção. Foi por isso que Deus, no pacto da graça, providenciou misericordiosamente para que os crentes, caindo em pecado, sejam restaurados mediante o arrependimento para a salvação.[257]

3. Este arrependimento salvador é uma graça evangélica,[258] por intermédio da qual a pessoa, por obra do Espírito Santo, é levada a sentir os múltiplos males do seu pecado, e, com fé em Cristo, humilha-se por causa do pecado, com uma tristeza santa, ódio ao pecado e repugnância a si mesma,[259] orando por perdão e fortalecimento na graça, com o propósito e o empenho de caminhar diante de Deus de um modo agradável em todas as coisas,[260] com o auxílio do Espírito Santo.

4. Por trazermos conosco “o corpo desta morte,” e as suas inclinações para o mal, o arrependimento deve continuar por toda a vida. Cada pessoa tem o dever de arrepender-se particularmente, de cada pecado seu de que tenha conhecimento.[261]

5. Mediante Cristo, no pacto da graça, Deus fez provisão completa para que os crentes sejam preservados na salvação. Assim como não existe pecado tão pequeno que não mereça a condenação eterna,[262] não existe pecado tão grande que possa trazer condenação sobre os que se arrependem.[263] Isso torna necessária a pregação constante de arrependimento.


CAPÍTULO 16
BOAS OBRAS

1. Boas obras são somente aquelas que Deus ordenou em sua santa Palavra,[264] e não as que os homens inventam, sem o respaldo da Palavra de Deus, movidos por um zelo cego ou por algum pretexto de boas intenções.[265]

2. As boas obras, feitas em obediência aos mandamentos de Deus, são os frutos e a evidência de uma fé verdadeira e viva.[266] Por meio delas os crentes demonstram a sua gratidão,[267] fortalecem sua certeza de salvação,[268] edificam seus irmãos, adornam sua profissão do evangelho,[269] fazem calar os seus adversários e glorificam a Deus[270] – pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para as boas obras,[271] para que tenhamos o nosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.[272]

3. A aptidão para as boas obras não advém dos próprios crentes, de modo algum; essa aptidão provém do Espírito de Cristo.[273] E, para que os crentes possam desempenhar as boas obras, é necessária uma influência contínua do mesmo Espírito Santo – além das graças já recebidas – para neles realizar tanto o querer como o efetuar, segundo a boa vontade de Deus.[274] Isso, porém, não significa que devam tornar-se negligentes, como se não tivessem a obrigação de cumprir um dever senão quando especialmente movidos pelo Espírito Santo. Pelo contrário, os cristãos devem ser diligentes e desenvolver a graça de Deus que neles há.[275]

4. Mesmo os que conseguem prestar a maior obediência possível nesta vida estão longe de exceder e fazer mais do que o requerido por Deus; e estão muito aquém do dever que lhes cabe cumprir.[276]

5. Por nossas melhores obras não podemos merecer junto a Deus o perdão do pecado ou a vida eterna, visto ser grande a desproporção entre nossas obras e a glória por vir, e infinita a distância entre nós e Deus. Com nossas obras não podemos fazer benefícios a Deus, e nem satisfazê-Lo pela dívida de nossos pecados anteriores.[277] Mesmo se fizermos tudo o que nos seja possível, teremos apenas cumprido com o nosso dever, e ainda seremos servos inúteis.

Se nossas obras são boas é porque procedem do Espírito.[278] Contudo, à medida em que são desempenhadas por nós, essas obras vão sendo contaminadas, e mescladas a tanta fraqueza e imperfeição, que não podem suportar a severidade do julgamento divino.[279]

6. Todavia, desde que os crentes, como pessoas, são aceitos por meio de Cristo, as suas obras também são aceitas em Cristo,[280] mas isto não significa que nesta vida tais obras sejam totalmente irreprováveis e irrepreensíveis aos olhos de Deus. Antes, significa que, vendo-as em seu Filho, Deus se agrada em aceitar e recompensar aquilo que é sincero, apesar de realizado com muitas fraquezas e imperfeições.[281]

7. As boas obras feitas por pessoas não regeneradas – embora por si mesmas possam ser coisas que Deus ordena, e proveitosas, tanto para a pessoa que as faz quanto para outrem[282] – não procedem de um coração purificado pela fé;[283] e, de acordo com a Palavra, não são feitas de maneira correta,[284] nem com a finalidade correta, a glória de Deus.[285]

Portanto, essas obras são pecaminosas e não podem agradar a Deus, nem tornar uma pessoa apta para receber a graça de Deus.[286] Contudo, a omissão de tais obras é ainda mais pecaminosa e ofensiva a Deus do que a sua prática.[287]


CAPÍTULO 17
A PERSEVERANÇA DOS SANTOS

1. Os que Deus aceitou no Amado, aqueles que foram chamados eficazmente e santificados por seu Espírito, e receberam a fé preciosa (que é dos seus eleitos), esses não podem decair totalmente nem definitivamente do estado de graça. Antes, hão de perseverar até o fim e ser eternamente salvos, tendo em vista que os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis, e Ele continuamente gera e nutre neles a fé, o arrependimento, o amor, a alegria, a esperança e todas as graças que conduzem à imortalidade.[288] Ainda que muitas tormentas e dilúvios se levantem e se dêem contra eles, jamais poderão desarraigá-los da pedra fundamental em que estão firmados, pela fé.

Não obstante, a visão perceptível da luz e do amor de Deus pode, para eles, cobrir-se de nuvens e ficar obscurecida,[289] por algum tempo, por causa da incredulidade e das tentações de Satanás. Mesmo assim, Deus continua sendo o mesmo,[290] e eles serão guardados pelo poder de Deus, com toda certeza, até a salvação final, quando entrarão no gozo da possessão que lhes foi comprada; pois eles estão gravadas nas palmas das mãos de seu Senhor, e os seus nomes estão escritos no Livro da Vida, desde toda eternidade.

2. Esta perseverança não depende de um livre-arbítrio da parte dos santos; mas, sim, decorre da imutabilidade do decreto da eleição,[291] fluindo do amor gratuito e inalterável de Deus Pai, sobre a eficácia do mérito e da intercessão de Jesus Cristo; da união com Ele;[292] do juramento de Deus;[293] da habitação de seu Espírito e da semente de Deus dentro neles;[294] da natureza do pacto da graça.[295] De tudo isso decorrem também a certeza e a infalibilidade da perseverança dos santos.

3. Levados pela tentação de Satanás e do mundo, pela prevalência da corrupção que ainda permanece dentro deles, ou pela negligência aos meios para a sua própria preservação, os santos podem incorrer em tristes pecados, e continuar em tais pecados, por algum tempo.[296]

Desse modo, eles caem em desagrado perante Deus e entristecem o seu Santo Espírito;[297] vêm-se privados de bênçãos e confortos;[298] têm os seus corações endurecidos e ferida a consciência;[299] ofendem e escandalizam outras pessoas; e fazem vir sobre si mesmos os juízos de Deus, ainda neste mundo.[300]

Não obstante, eles renovarão o seu arrependimento, e serão preservados através da fé em Cristo Jesus, até o fim.[301]
CAPÍTULO 18
A CERTEZA DA GRAÇA E DA SALVAÇÃO

1. Os seguidores professos, e outras pessoas não-regeneradas, em vão podem enganar a si mesmos com falsas esperanças e presunções carnais, supondo gozar do favor de Deus e estar em um estado de salvação, pois essa esperança deles perecerá.[302]

Porém, os que realmente crêem no Senhor Jesus, e o amam sinceramente, procurando andar perante Ele em toda boa consciência, esses podem estar certos de que estão em um estado de graça nesta vida, e podem regozijar-se na esperança da glória de Deus,[303] de cuja esperança jamais se envergonharão.[304]

2. Esta certeza não é uma mera persuasão teórica e presumível, baseada em uma esperança que pode falhar. Ela é uma certeza infalível de fé,[305] alicerçada no sangue e na retidão de Cristo revelados no evangelho,[306] bem como na evidência interior de certas graças do Espírito Santo, as quais recebem promessas de Deus.[307] Baseia-se, igualmente, no testemunho do Espírito de adoção, que testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.[308] E esta certeza nos guarda, mantendo o nosso coração humilde e santo.[309]

3. Esta certeza infalível de salvação não é uma parte essencial da fé cristã, pois um crente pode esperar muito tempo, e lutar contra muitas dificuldades, antes de alcançá-la.[310]

Contudo, não é necessária uma revelação especial para que o crente possa ter essa certeza. Sendo habilitado pelo Espírito Santo a conhecer as coisas que lhe são dadas gratuitamente, por Deus, o crente pode obtê-la através do uso correto dos meios apontados por Deus.[311]

Portanto, todo cristão tem o dever de procurar confirmar a sua vocação e eleição, com toda diligência, para que seu coração possa dilatar-se, em paz e alegria no Espírito Santo, em amor e gratidão a Deus, em vigor e ânimo para os deveres de obediência. Tais são os frutos naturais dessa certeza,[312] a qual está longe de inclinar os homens para o relaxamento.[313]

4. Os crentes verdadeiros podem ter a sua certeza de salvação abalada, diminuída ou interrompida, de diversas maneiras: por negligência na preservação dessa certeza; por caírem em algum pecado específico, que fere a consciência e entristece o Espírito;[314] por uma tentação súbita ou veemente;[315] por Deus retirar de sobre eles a luz da sua presença, permitindo que mesmo os que O temem caminhem em trevas, que não tenham luz.[316] Contudo, eles jamais ficam destituídos da divina semente[317] e da vida de fé,[318] do amor de Cristo e dos irmãos, da sinceridade de coração e da consciência do dever. É a partir dessas graças, por obra do Espírito, que a certeza da salvação pode ser revificada, no devido tempo;[319] e, mediante elas, os crentes são preservados de um total desespero.[320]
CAPÍTULO 19
A LEI DE DEUS

1. Deus outorgou a Adão uma lei de obediência, que lhe inscreveu no coração; e também um preceito particular, o de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.[321] Dessa maneira, Adão e toda sua posteridade ficaram compelidos a uma obediência pessoal, total, exata e perpétua, à lei.[322] Deus prometeu vida como recompensa do cumprimento, e morte como castigo da quebra da lei,[323] tendo dado ao homem o poder e a habilidade para guardá-la.

2. A mesma lei que uma vez foi inscrita no coração humano continuou a ser uma regra perfeita de justiça após a queda.[324] E essa lei foi dada por Deus sobre o monte Sinai e inscrita em duas tábuas de pedra, na forma de dez mandamentos. Os quatro primeiros mandamentos contêm nossos deveres para com Deus, e, os outros seis mandamentos, nossos deveres para com os homens.[325]

3. Além desta lei, comumente chamada de lei moral, Deus houve por bem dar leis cerimoniais ao povo de Israel, contendo diversas ordenanças simbólicas: em parte, de adoração, prefigurando Cristo, as suas graças, suas ações, seus sofrimentos, e os benefícios que conferiu;[326] e, em parte, estabelecendo várias instruções de deveres morais.[327]

As leis cerimoniais foram instituídas com vigência temporária, pois mais tarde seriam ab-rogadas por Jesus, o Messias e único Legislador, que, vindo no poder do Pai, cumpriu e revogou essas leis.[328]

4. Deus também deu diversas leis judiciais ao povo de Israel, que expiraram juntamente com o antigo Estado de Israel e agora não possuem caráter obrigatório; são válidas, no entanto, como um padrão moral de equidade coletiva.[329]

5. Para sempre a lei moral requer obediência de todos, tanto de pessoas justificadas quanto das demais.[330] E isto não apenas por causa do assunto de que trata essa lei, mas, também, por causa da autoridade de Deus, o Criador, que a impôs.[331] No evangelho, Cristo de modo nenhum dissolve a lei, antes confirma a sua obrigatoriedade.[332]

6. Embora os verdadeiros crentes não estejam debaixo da lei (como num pacto de obras), para serem justificados ou condenados por ela,[333] mesmo assim a lei é de grande utilidade para eles, bem como para outras pessoas. Isso porque a lei, como uma regra de vida, lhes informa da vontade de Deus e do dever que lhes cabe, dirigindo e constrangendo-os a caminhar segundo esse dever. A lei também descobre as contaminações pecaminosas da natureza humana, dos corações e das vidas, para que eles, examinando-se na lei, possam vir a ter uma maior convicção, humilhação e ódio pelo pecado,[334] além de uma visão mais clara de sua necessidade de Cristo e da perfeição da obediência de Cristo.

Da mesma forma, a lei é útil para restringir as corrupções dos regenerados, pois proíbe o pecado. As ameaças da lei servem para mostrar o que os pecados deles merecem, e com que aflições eles podem contar nesta vida, se pecam, mesmo depois de libertados da maldição e do rigor intransigente da lei.

Igualmente, as promessas da lei demonstram a aprovação de Deus à obediência e quais bênçãos os homens podem esperar receber se cumprirem a lei, embora essas bênçãos não lhes sejam devidas por encargo da lei, como seria num pacto de obras. Por conseguinte, se um homem faz o bem e se refreia do mal (porque a lei encoraja a uma coisa e o dissuade da outra), isso não é evidência de ele estar debaixo da lei e não debaixo da graça.[335]

7. Os usos da lei, acima mencionados, não são contrários à graça do evangelho; antes, concordam docemente com ela,[336] à medida em que o Espírito de Cristo conquista a vontade do homem e o capacita a fazer, espontânea e alegremente, aquilo que a vontade de Deus, revelada na lei, requer que seja feito.[337]
CAPÍTULO 20
O EVANGELHO E A EXTENSÃO DE SUA GRAÇA

1. O pacto das obras foi quebrado pelo pecado e se tornou inútil para conduzir à vida. Mas Deus foi servido prometer Cristo, o descendente de mulher, como o meio de chamar os eleitos e gerar neles fé e o arrependimento.[338] Nesta promessa, a essência do evangelho foi revelada, o que tornou-a eficaz para a conversão e salvação de pecadores.[339]

2. Esta promessa, referente a Cristo e à salvação através dEle, somente é revelada pela Palavra de Deus.[340] As obras da criação ou da providência, bem como a luz da natureza, não fazem mais do que uma apresentação genérica e obscura[341] de Cristo e da graça através dEle; muito menos do que o necessário para que os homens destituídos da revelação de Cristo pudessem alcançar fé salvadora ou arrependimento.[342]

3. A revelação do evangelho a pecadores - para nações e indivíduos a quem tem sido feita, muitas vezes e de muitas maneiras, com adição de promessas e preceitos de obediência - é devida unicamente à vontade soberana e ao beneplácito de Deus.[343]

A revelação do evangelho não está ligada (em virtude de alguma promessa) ao devido bom uso das habilidades humanas à luz da revelação comum, recebida sem o evangelho, porque ninguém jamais conseguiu, nem poderá conseguir tal coisa.[344] Consequentemente, em todas as eras, a pregação do evangelho tem sido feita em grande variedade de extensão ou limitação, a indivíduos e a nações, de acordo com o conselho da vontade de Deus.

4. O evangelho é o único meio externo de revelação de Cristo e da graça salvadora, e, como tal, é abundantemente suficiente para isso. No entanto, para que homens que estão mortos em transgressões possam nascer de novo, ser vivificados ou regenerados, faz-se necessária, também, uma obra efetiva e insuperável do Espírito Santo, em cada parte da alma, para produzir neles uma nova vida espiritual.[345] Sem esta obra do Espírito Santo não há outros meios de produzir a conversão a Deus.[346]
CAPÍTULO 21
LIBERDADE CRISTÃ E LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA

1. A Liberdade que Cristo comprou para os crentes, no evangelho, consiste na libertação da culpa do pecado, da ira condenatória de Deus, do rigor e da maldição da lei;[347] e consiste na libertação dos crentes deste mundo perverso,[348] da escravidão a Satanás,[349] do domínio do pecado,[350] da malignidade das aflições,[351] do medo e do aguilhão da morte, da vitória da sepultura,[352] e da perdição eterna.[353] Consiste no livre acesso a Deus, no prestar-lhe uma obediência não suscitada por medo escravizador;[354] e, sim, por amor, como o de uma criança, voluntariamente.[355]

Tudo isto, em essência, aplicava-se também aos crentes que viviam sob a lei.[356] Sob o Novo Testamento, porém, a liberdade cristã é ampliada, na libertação do jugo da lei cerimonial a que a igreja judaica estava sujeita, na maior ousadia de acesso ao trono da graça, e maior medida do livre Espírito de Deus do que os crentes normalmente desfrutavam sob a lei.[357]

2. Somente Deus é Senhor da consciência,[358] e Ele a liberou das doutrinas e mandamentos de homens que entrem em contradição com a Palavra ou que não estejam contidos nela.[359] Por isso, acreditar em tais doutrinas ou obedecer tais mandamentos, por causa da consciência, é trair a verdadeira liberdade de consciência.[360] A exigência de uma fé irrestrita, de uma obediência cega e total, significa destruir ao mesmo tempo as liberdades de consciência e raciocínio.[361]

3. Os que praticam algum pecado ou alimentam qualquer desejo pecaminoso, a pretexto da liberdade cristã, pervertem o desígnio principal da graça do evangelho, para destruição de si mesmos.[362] Desse modo, eles subvertem a finalidade da liberdade cristã, isto é, que, sendo libertados das mãos de todos os nossos inimigos, possamos servir ao Senhor em santidade e retidão perante Ele, sem medo, por todos os dias de nossa vida.[363]
CAPÍTULO 22
ADORAÇÃO RELIGIOSA E O DIA DO SENHOR

1. A luz da natureza mostra que existe um Deus, que tem senhorio e soberania sobre todos, que é justo, bom, e faz o bem a todos; e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido, de todo o coração, de toda alma, e com todas as forças.[364] Mas a maneira aceitável de se cultuar o Deus verdadeiro é aquela instituída por Ele mesmo,[365] e que está bem delimitada por sua própria vontade revelada, para que Deus não seja adorado de acordo com as imaginações e invenções humanas, nem com as sugestões de Satanás, nem por meio de qualquer representação visível ou qualquer outro modo não descrito nas Sagradas Escrituras.[366]

2. A adoração religiosa deve ser dada a Deus - Pai, Filho, Espírito Santo - e somente a Ele:[367] não a anjos, santos ou qualquer outra criatura.[368] E, desde a queda, não sem um mediador,[369] nem por mediação de qualquer outro, senão Cristo, apenas.[370]

3. A oração com ações de graças é requerida por Deus, de todos os homens,[371] por ser parte daquela adoração que é inata a todos os seres humanos. Contudo, para ser aceitável, deve ser feita em nome do Filho,[372] com a ajuda do Espírito,[373] de acordo com a vontade de Deus;[374] com discernimento, reverência, humildade, fervor, fé, amor e perseverança. E, quando em público, em uma língua que seja conhecida.[375]

4. A oração deve rogar por coisas lícitas, e por toda sorte de pessoas, vivas ou que ainda viverão;[376] mas não pelos mortos,[377] nem por pessoas que se sabe terem cometido o “pecado para morte.”[378]

5. A leitura das Escrituras;[379] a pregação e o ouvir da Palavra de Deus;[380] o ensino e a advertência mútua; o louvor, com salmos, hinos e cânticos espirituais, com gratidão ao Senhor em nossos corações;[381] a administração do batismo,[382] e a Ceia do Senhor:[383] todos são partes da adoração religiosa, que devem ser cumpridas em obediência a Deus, com entendimento, fé, reverência e temor piedoso. Além disso, em ocasiões especiais devem ser usados a humilhação solene, com jejuns,[384] e ações de graças, de uma maneira santa e reverente.[385]

6. Agora, no evangelho, nem a oração nem qualquer outra parte da adoração religiosa está relacionada a um lugar específico, nem se torna mais aceitável por causa do lugar em que é feita ou para o qual a pessoa esteja voltada. Deus deve ser adorado em todo lugar, em espírito e em verdade;[386] na privacidade familiar,[387] diariamente;[388] e em secreto, cada pessoa individualmente;[389] e muito mais solenemente nos cultos públicos, os quais não devem ser intencional ou inconseqüentemente negligenciados ou esquecidos, pois Deus, mediante sua Palavra e providência, nos conclama a prestá-lo.[390]

7. Por instituição divina, é uma lei universal da natureza que uma proporção de tempo seja separada para a adoração a Deus. Por isso, em sua Palavra - através de um mandamento explícito, perpétuo e moral, válido para todos os homens, em todas as eras - Deus determinou que um dia em cada sete lhe seja santificado,[391] como dia de descanso. Desde o começo do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia era o último da semana; e, desde a ressurreição de Cristo, foi mudado para o primeiro dia da semana, que é chamado “Dia do Senhor.”[392] A guarda desse dia como sábado cristão deve continuar até o fim do mundo, pois foi abolida a observância do último dia da semana.

8 O dia do descanso é santificado ao Senhor quando os homens preparam devidamente os seus corações para esse dia e põem em ordem os seus afazeres corriqueiros, de antemão; quando não apenas obedecem a um descanso consagrado, durante o dia todo, de seus próprios trabalhos, palavras e pensamentos, concernentes a ocupações seculares e recreações,[393] mas também ocupam o tempo todo em exercício de adoração a Deus, seja em particular ou em público, e deveres de necessidade e de misericórdia.[394]
CAPÍTULO 23
JURAMENTOS LEGÍTIMOS E VOTOS

1. O juramento legítimo é também um ato de adoração religiosa, pelo qual a pessoa, jurando em verdade, justiça e discernimento, invoca solenemente a Deus como testemunha daquilo que foi jurado;[395] e para que julgue a pessoa de acordo com a veracidade ou falsidade de seu juramento.[396]

2. O único nome pelo qual se deve jurar é o nome de Deus, que deve ser usado com santo temor e reverência. Por isso, jurar em vão, ou, temerariamente, por esse nome glorioso e tremendo; ou jurar por qualquer outra coisa, constitui um ato pecaminoso e abominável.[397]

No entanto, a Palavra de Deus autoriza o juramento, quando para decidir assuntos de grande importância e peso, para uma confirmação da verdade, e para encerrar contendas.[398] Por conseguinte, se a autoridade civil exige um juramento, e se este é legítimo, deve ser prestado.[399]

3. Qualquer pessoa que tome um juramento autorizado pela Palavra de Deus, deve considerar devidamente as implicações de um ato tão solene, para que nada afirme senão aquilo que ela sabe que é verdade, porque juramentos temerários, falsos ou em vão, constituem uma provocação ao Senhor, e por causa deles a terra se lamenta.[400]

4. O juramento deve ser prestado no sentido claro e explícito das palavras, sem equívocos e sem restrições mentais.[401]

5. O voto não deve ser feito a criatura alguma, mas somente a Deus; e deve ser feito e cumprido com todo cuidado e fidelidade religiosa.[402] Porém, os votos monásticos católicos-romanos - voto de celibato,[403] voto de pobreza,[404] e voto de obediência - em vez de serem graus de maior perfeição, não passam de armadilhas supersticiosas e iníquas, com as quais cristão nenhum deve embaraçar-se.
CAPÍTULO 24
MAGISTRADO CIVIL

1. Deus, o Senhor supremo e Rei de todo o mundo, ordenou que houvesse magistrados civis, para lhe estarem sujeitos e governarem sobre o povo, para o bem público e para a glória de Deus. E para que desempenhem essa função, Deus os armou com o poder da espada, para defesa e o encorajamento daqueles que fazem o bem, e para a punição dos malfeitores.[405]

2. Quando chamado para isso, é lícito que o cristão aceite e execute o ofício do Magistrado. No desempenho desse ofício, ele deve especialmente manter a justiça e a paz,[406] de acordo com todas as leis de cada comunidade. E, para esse fim, mesmo agora, na vigência do Novo Testamento, ele pode inclusive empreender a guerra, se isto for justo e necessário na ocasião.[407]

3. Visto que os magistrados são instituídos por Deus para as finalidades já mencionadas anteriormente, requer-se de nós a obediência, no Senhor, a todas as coisas lícitas ordenadas pelas autoridades, não apenas por causa da punição, mas como dever de consciência.[408] Devemos suplicar e orar pelos magistrados e todos os que estão investidos de autoridade, para que, sob seu governo, vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito.[409]
CAPÍTULO 25
MATRIMÔNIO

1. O casamento é para ser entre um homem e uma mulher. Não é lícito ao homem ter mais de uma esposa, e nem à mulher ter mais de um marido ao mesmo tempo.[410]

2. O casamento foi ordenado para o auxílio mútuo entre marido e mulher,[411] para a propagação da humanidade por uma descendência legítima,[412] e para impedir a impureza.[413]

3. O casamento é lícito para todos os tipos de pessoas, desde que possam dar o seu consentimento racional.[414] Porém, o dever dos cristãos é casarem-se somente no Senhor.[415] Por isso os que temem a Deus e professam a verdadeira religião não devem casar-se com incrédulos ou idólatras, para que, casando-se, não se ponham em jugo desigual com uma pessoa iníqua, ou com quem defenda uma heresia condenável.[416]

4. Não devem casar-se pessoas entre as quais existam graus de parentesco ou consangüinidade que sejam proibidos na Palavra de Deus.[417] As uniões incestuosas jamais poderão ser legitimadas por qualquer lei humana ou pelo consentimento das partes, pois não é correto tais pessoas viverem juntas, como marido e mulher.[418]
CAPÍTULO 26
A IGREJA

1. A Igreja universal (ou católica), que com respeito à obra interna do Espírito, e da verdade da graça, pode ser chamada invisível, consiste no número total dos eleitos que já foram, estão sendo, ou ainda serão chamados em Cristo, o Cabeça de todos. A Igreja é a esposa, o corpo e a plenitude daquele que é tudo em todos.[419]

2. Todas as pessoas ao redor do mundo, que professam fé no evangelho e obediência a Deus, mediante Cristo, de acordo com o evangelho, e que não destroem o seu testemunho com alguma doutrina fundamentalmente errada ou conversão profana: esses podem ser chamados de os santos,[420] de que se compõe a igreja visível; e todas as congregações deviam ser constituídas de pessoas assim.[421]

3. Mesmo as igrejas mais puras sobre a terra estão sujeitas a erros doutrinários e a comprometimentos.[422] Algumas se degeneraram tanto, que deixaram de ser Igrejas de Cristo, e passaram a ser sinagogas de Satanás.[423] A despeito disso, porém, Cristo sempre teve e sempre terá um reino neste mundo, até o fim dos tempos. Esse reino é formado dos que nEle crêem e confessam o se nome.[424]

4. O Senhor Jesus Cristo é o Cabeça da Igreja. Por determinação do Pai, de uma maneira suprema e soberana, nEle está investido o poder de chamar, instituir, ordenar e governar a Igreja.[425] O papa de Roma não pode, em qualquer sentido, ser o cabeça da Igreja; ele é o anticristo, o homem da iniquidade e filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra Cristo e contra tudo que se chama Deus, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, como se fosse o próprio Deus. O Senhor Jesus o matará com o sopro da sua boca.[426]

5. No exercício desse poder de que está investido, o Senhor Jesus chama a si aqueles que deste mundo lhe foram dados pelo Pai,[427] através do ministério da Palavra, e por seu Espírito, a fim de que possam caminhar diante dEle, em todos os caminhos que Ele lhes prescreve na Palavra.[428] E manda que as pessoas assim chamadas caminhem juntas, formando sociedades locais, as igrejas, para a edificação mútua e a devida performance do culto público que Ele requer dos seus neste mundo.[429]

6. Os membros dessas igrejas são santos por chamamento, manifestando visivelmente e evidenciando a sua obediência ao chamado de Cristo,[430] tanto por confessarem a Cristo, como, também, pelo seu modo de vida.

Os chamados consentem voluntariamente em ter comunhão uns com os outros, de acordo com o mandato de Cristo; e, por vontade de Deus, entregam-se uns aos outros e ao Senhor, submetendo-se às ordenanças do evangelho.[431]

7. De acordo com a mente de Cristo, declarada na Palavra, Deus deu a cada uma dessa igrejas todo poder e autoridade necessários ao desempenho da forma de adoração e de disciplina por Ele instituídas para a observância na igreja, com mandamentos e normas para a aplicação devida e o emprego correto desse poder.[432]

8. Uma igreja local, reunida e completamente organizada de acordo com a mente de Cristo, consiste de oficiais e membros. Os oficiais designados por Cristo serão escolhidos e consagrados pela igreja congregada. São eles os anciãos (ou bispos) e os diáconos;[433] cabe-lhes especificamente a administração das ordenanças [Batismo e Ceia do Senhor] e o exercício do poder ou do dever com que foram instruídos, ou para o qual foram chamados por Cristo. Este sistema deve ser mantido na igreja, até o fim do mundo.

9. O modo designado por Cristo para o chamamento de uma pessoa capacitada e dotada pelo Espírito Santo, ao ofício de bispo ou ancião da igreja, é a escolha pelo consenso da igreja.[434] Os bispos serão consagrados solenemente, com jejum, oração, e a imposição de mãos pelos anciãos da igreja[435] (caso exista algum). Os diáconos serão escolhidos por igual eleição e consagrados por oração e imposição de mãos.[436]

10. A incumbência dos pastores é atender constantemente à obra de Cristo nas igrejas, no ministério da Palavra e da oração, zelando pelo bem espiritual das almas que lhes foram confiadas, e das quais terão que prestar contas a Cristo.[437] As igrejas têm a incumbência de prestar todo o respeito que é devido aos seus ministros; e fazê-los participantes de todas as boas coisas materiais, de acordo com as possibilidades de cada igreja,[438] para que os ministros possam viver confortavelmente e não tenham que emaranhar-se em ocupações seculares,[439] podendo também exercer hospitalidade para com os outros.[440] Isto é requerido pela própria lei da natureza, e pelo mandato expresso de nosso Senhor Jesus, que ordenou “aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho.”[441]

11. Embora a tarefa de serem diligentes na pregação da Palavra seja, por definição de ofício, uma incumbência dos bispos (os pastores) das igrejas, a pregação da Palavra não está confinada exclusivamente a eles. Outras pessoas, que tenham sido dotadas e preparadas pelo Espírito Santo, e que também tenham sido convocadas pela Igreja, podem e devem ocupar-se com a obra da pregação.[442]

12. Todos os crentes têm a obrigação de congregar-se em igrejas locais, no local que lhes seja possível, e quando lhes seja possível. E todos os que são admitidos aos privilégios da comunhão na igreja estão também sujeitos à disciplina e ao governo da igreja,[443] segundo a norma de Cristo.

13. Nenhum membro deve perturbar a ordem ou faltar às reuniões da igreja; e nem deve deixar de receber a ministração das ordenanças [Batismo e Ceia do Senhor] por causa de uma ofensa recebida de qualquer dos membros da igreja, seja qual for a ofensa.

Mesmo que já tenha cumprido com o seu dever em relação àqueles contra quem se sente ofendida, a pessoa deve esperar em Cristo, e deixar que o seu caso seja resolvido pela disciplina da igreja.[444]

14. Os membros de cada igreja local devem orar continuamente pelo bem e pela prosperidade de todas as igrejas de Cristo, em todo lugar.[445] E devem trabalhar para a expansão da Igreja, em todas as ocasiões, exercendo cada um os seu dons e graças, na sua área de atuação, e de acordo com o seu chamamento. Portanto, as igrejas - quando dispostas pela providência de Deus de uma maneira em que isto seja possível - devem desfrutar da oportunidade e das vantagens de manterem comunhão entre si, a fim de promoverem a paz, o amor, e a edificação mútua.[446]

15. Em caso de dificuldades ou divergências acerca de questões doutrinárias, ou do governo de igreja; se as igrejas em geral, ou se uma igreja está sendo perturbada em sua paz, união e edificação; ou se algum membro ou membros de alguma igreja for atingido por medidas disciplinares que não condizem com a verdade e a norma - nestes casos, segundo a mente de Cristo, muitas igrejas devem reunir-se em comunhão, mediante representantes, para considerar e opinar sobre o assunto de divergência; e o seu parecer deve ser comunicado a todas as igrejas envolvidas.[447]

Contudo, essa assembléia de representantes não fica investida de poder eclesiástico algum, propriamente dito, nem de qualquer jurisdição sobre as igrejas que a constituem. Ela não pode aplicar disciplina alguma sobre pessoas ou igrejas, e nem pode impor resoluções sobre as igrejas e seus oficiais.[448]
CAPÍTULO 27
A COMUNHÃO DOS SANTOS

1. Todos os santos estão unidos a Jesus Cristo, o Cabeça, pelo Espírito e pela fé, e têm comunhão com Ele em suas graças, sofrimentos, morte, ressurreição e glória,[449] muito embora isso não os torne uma só pessoa com Ele.

Estamos unidos uns aos outros no amor, eles têm comunhão nos dons e nas graças de cada um;[450] e têm a obrigação de cumprir os deveres públicos ou particulares que, de uma maneira ordeira, conduzam ao bem-estar comum, tanto em questões espirituais quanto materiais.[451]

2. Os santos, ao fazerem sua profissão de fé, comprometem-se a manter uma santa associação e comunhão para adorar a Deus e prestar outros serviços espirituais, que tendam à sua mútua edificação;[452] também têm compromisso de socorrer uns aos outros em coisas materiais, de acordo com as habilidades e as necessidades de cada um.[453]

Esta comunhão, segundo a norma do evangelho, deve especialmente ser exercida no âmbito familiar[454] e nas igrejas;[455] mas, conforme Deus ofereça oportunidade para isso, também deve ser estendida a toda a família da fé, a todos os que, em todo lugar, invocam o nome do Senhor Jesus.

Entretanto, a comunhão de uns com os outros, como santos, não destrói nem infringe o direito ou a propriedade de cada pessoa, seus bens e possessões.[456]
CAPÍTULO 28
BATISMO E CEIA DO SENHOR

1. O Batismo e a Ceia do Senhor são ordenanças que foram instituídas de maneira explícita e soberana, pelo próprio Senhor Jesus - o único Legislador. Ele determinou que sejam continuadas em sua igreja estas ordenanças, até o fim do mundo.[457]

2. Estas santas ordenanças devem ser ministradas somente por aqueles que para isso estejam qualificados, e que sejam chamados por um comissionamento de Cristo.[458]
CAPÍTULO 29
BATISMO

1. O Batismo é uma ordenança do Novo Testamento, instituída por Jesus Cristo, para ser, para a pessoa batizada, um sinal de sua comunhão com Cristo, na sua morte e ressurreição; de sua união com Ele;[459] da remissão dos pecados;[460] da consagração da pessoa a Deus, através de Jesus Cristo, para viver e andar em novidade de vida.[461]

2. Somente podem ser submetidas a esta ordenança as pessoas que de fato professam arrependimento para com Deus, fé e obediência ao Senhor Jesus.[462]

3. O elemento externo a ser empregado nesta ordenança será a água, na qual a pessoa será batizada em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.[463]

4. Para a devida administração desta ordenança é necessária a imersão, ou seja, a submersão da pessoa na água.[464]
CAPÍTULO 30
A CEIA DO SENHOR

1. A ceia do Senhor Jesus foi instituída por Ele, na mesma noite em que foi traído, para ser observada nas igrejas até o fim do mundo; a fim de lembrar perpetuamente e ser um testemunho do sacrifício de sua morte;[465] para confirmar os crentes na fé e em todos os benefícios dela decorrentes; para promover a nutrição espiritual e o crescimento deles, em Cristo; para encorajar o maior engajamento deles em todos os seus deveres para com Cristo; e para ser um elo e um penhor da comunhão com Ele e de uns com os outros.[466]

2. Nesta ordenança Cristo não é oferecido ao Pai, nem qualquer sacrifício real é feito, para remissão do pecado dos vivos ou dos mortos. A ceia é apenas um memorial do sacrifício único que Cristo fez de si mesmo, sobre a cruz e de uma vez por todas;[467] é também uma oferta espiritual, de todo o louvor que é possível oferecer a Deus em reconhecimento ao sacrifício feito por Cristo.[468]

O sacrifício católico-romano da missa (como é chamado) é totalmente abominável e uma injúria ao sacrifício pessoal de Cristo, que é a propiciação única por todos os pecados dos eleitos.

3. No cumprimento desta ordenança, o Senhor Jesus determinou que seus ministros orem e abençoem os elementos, pão e vinho, separando-os do seu uso comum para uso sagrado. Os ministros devem tomar e partir o pão; tomar o cálice e, participando eles mesmos desses elementos, dá-los também, ambos, aos demais comungantes.[469]

4. Negar o cálice ao povo; adorar os elementos; levantar ou carregá-los perante o público, para adoração; e guardar os elementos para qualquer outra finalidade supostamente religiosa: tudo isso contradiz a natureza desta ordenança, bem como a intenção de Cristo ao instituí-la.[470]

5. Os elementos exteriores desta ordenança, devidamente consagrados para os usos que Cristo ordenou, possuem uma correlação com Cristo crucificado. De fato, embora os termos sejam apenas usados figuradamente, às vezes eles são chamados pelo nome das coisas que representam, isto é, o corpo e o sangue de Jesus Cristo,[471] se bem que, em substância e em natureza, continuem sendo apenas pão e vinho, como eram antes.[472]

6. A doutrina que ensina uma mudança de substância no pão e no vinho (que supostamente se transformam na substância do corpo e do sangue de Cristo pela consagração por um sacerdote, ou por qualquer outro modo), comumente chamada de doutrina da transubstanciação, não somente é repugnante à Escritura,[473] mas também ao senso comum e à razão. Ela subverte a natureza desta ordenança, tendo sido, e é, a causa de muitas superstições e de grosseiras idolatrias.[474]

7. De fato e em verdade, os que recebem exteriormente os elementos desta ordenança, desde que comungando dignamente, - pela fé, não de maneira carnal ou corporal, mas espiritual - recebem a Cristo crucificado e dEle se alimentam, bem como todos os benefício de sua morte.

Para os que crêem, o corpo e o sangue de Cristo estão presentes na ordenança, não de maneira corporal ou carnal, mas de modo espiritual, tanto quanto estão presentes os elementos visíveis.[475]

8. As pessoas ignorantes e ímpias, visto não estarem propriamente adequadas para desfrutar da comunhão com Cristo, são, portanto, indignas da mesa do Senhor, e não podem tomar parte nestes santos mistérios, nem a ele serem admitidas[476] sem que cometam um grande pecado contra Cristo. Qualquer que comer do pão ou beber do cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor, comendo e bebendo juízo para si.[477]
CAPÍTULO 31
O ESTADO DO HOMEM APÓS A MORTE
A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

1. Após a morte o corpo humano retorna ao pó e vê corrupção.[478] A alma, porém, não morre nem dorme, porque possui subsistência imortal, retornando imediatamente para Deus, que a deu.[479]

As almas dos justos são aperfeiçoadas em santidade e recebidas no paraíso, onde estão com Cristo e contemplam a face de Deus, em luz e glória, aguardando a plena redenção de seus corpos.[480] As almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde permanecem em tormentos e completa escuridão, guardadas para o juízo do grande dia.[481] Além desses dois lugares, a Escritura não reconhece outro lugar para as almas separadas de seus corpos.

2. No último dia, os santos que estiverem vivos não morrerão, mas serão transformados.[482] Todos os mortos serão ressuscitados com os seus mesmos corpos, e não outros;[483] porém, esses corpos terão propriedades diferentes das que anteriormente tinham; e serão novamente unidos às respectivas almas, para sempre.[484]

3. Os corpos dos injustos serão ressuscitados para a desonra, pelo poder de Cristo. Os corpos dos justos serão ressuscitados para a honra, pelo Espírito, e serão conformados ao corpo de Jesus glorificado.[485]
CAPÍTULO 32
O JUÍZO FINAL

1. Deus determinou um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de Jesus Cristo.[486] A Ele todo poder e todo julgamento foram conferidos pelo Pai.

Nesse dia, não somente os anjos apóstatas serão julgados;[487] também as pessoas que viveram sobre a terra, todas comparecerão perante o tribunal de Cristo, e para prestar conta de seus pensamentos, palavras e ações, para receberem segundo o bem ou o mal que tiverem feito por meio do corpo.[488]

2. O propósito de Deus, ao estabelecer esse dia, consiste em manifestar a glória de sua misericórdia, na salvação eterna dos eleitos; e a glória de sua justiça, na punição eterna dos réprobos, que são perversos e desobedientes.[489] Naquele dia os justos irão para a vida eterna na presença do Senhor e receberão como galardão eterno uma plenitude de alegria e glória. Mas os perversos, que não conhecem a Deus e não obedecem ao evangelho de Jesus Cristo, serão lançados aos tormentos eternos[490] e punidos com eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder.[491]

3, Cristo deseja que estejamos bem persuadidos de que haverá um dia de juízo, para que os homens se afastem do pecado,[492] e para que os justos tenham maior consolação em suas adversidades.[493] Ele também deseja que esse dia não seja conhecido dos homens, até que venha, a fim de que eles se despojem de toda confiança carnal e estejam sempre vigilantes, por não saberem a que hora o Senhor virá;[494] e que possam sempre estar preparados para dizer “Vem, Senhor Jesus, vem sem demora.”[495] Amém.


[1] 2Tm 3.15-17; Is 8.20; Lc 16.29, 31; Ef 2.20.
[2] Rm 1.19-21; Rm 2.14-15; Sl 19.1-3.
[3] Hb 1.1.
[4] Pv 22.19-21; Rm 15.4; 2Pe 1.19-20.
[5] 2Tm 3.16.
[6] Lc 24.27, 44; Rm 3.2.
[7] 2Pe 1.19-21; 2Tm 3.16; 2Ts 2.13; 1Jo 5.9.
[8] Jo 16.13-14; 1Co 2.10-12; 1Jo 2.20, 27.
[9] 2Tm 3.15-17; Gl 1.8-9.
[10] Jo 6.45; 1Co 2.9-12.
[11] 1Co 11.13-14; 1Co 14.26, 40.
[12] 2Pe 3.16.
[13] Sl 19.7; Sl 119.130.
[14] Rm 3.2.
[15] Is 8.20.
[16] At 15.15.
[17] Jo 5.39.
[18] 1Co 14.6, 9, 11-12, 24, 28.
[19] Cl 3.16.
[20] 2Pe 1.20-21; At 15.15-16.
[21] Mt 22.29, 31; Ef 2.20; At 28.23.
[22] 1Co 8.4, 6; Dt 6.4.
[23] Jr 10.10; Is 48.12.
[24] Ex 3.14.
[25] Jo 4.24.
[26] 1Tm 1.17; Dt 4.15-16.
[27] Ml 3.6.
[28] 1Rs 8.27; Jr 23.23.
[29] Sl 90.2.
[30] Gn 17.1.
[31] Is 6.3.
[32] Sl 115.3; Is 46.10.
[33] Pv 16.4; Rm 11.36.
[34] Ex 34.6-7; Hb 11.6.
[35] Ne 9.32-33.
[36] Sl 5.5-6.
[37] Ex.34.7; Na 1.2-3.
[38] Jo 5.26.
[39] Sl148.13.
[40] Sl 119.68.
[41] Jó 22.2-3.
[42] Rm 11.34-36.
[43] Dn 4.25, 34-35.
[44] Hb 4.13.
[45] Ez 11.5; At 15.18.
[46] Sl 145.17.
[47] Ap 5.12-14.
[48] 1Jo 5.7; Mt 28.19; 2Co 13.13.
[49] Ex 3.14; Jo 14.11; 1Co 8.6.
[50] Jo 1.14, 18.
[51] Jo 15.26; Gl 4.6.
[52] Is 46.10; Ef 1.11; Hb 6.17;Rm 9.15, 18.
[53] Tg 1.13; 1Jo 1.5.
[54] At 4.27-28; Jo.19.11.
[55] Nm 23.19; Ef.1.3-5.
[56] At 15.18.
[57] Rm 9.11, 13, 16, 18.
[58] 1Tm 5.21; Mt 25.34.
[59] Ef 1.5-6.
[60] Rm 9.22-23; Jd 1.4.
[61] 2Tm 2.19; Jo 13.18.
[62] Ef 1.4, 9, 11; Rm 8.30; 2Tm 1.9; 1Ts 5.9.
[63] Rm 9.13, 16; Ef 2.5, 12.
[64] 1Pe 1.2; 2Ts 2.13.
[65] 1Ts 5.9-10.
[66] Rm 8.30; 2Ts 2.13.
[67] 1Pe 1.5.
[68] Jo 10.26; Jo 17.9; Jo 6.64.
[69] 1Ts 1.4-5; 2Pe 1.10.
[70] Ef 1.6; Rm 11.33.
[71] Rm 11.5-6, 20.
[72] Lc 10.20.
[73] Jo 1.2-3; Hb 1.2; Jó 26.13.
[74] Rm 1.20.
[75] Cl 1.16; Gn 1.31.
[76] Gn 1.27.
[77] Gn 2.7.
[78] Ec 7.29; Gn 1.26.
[79] Rm 2.14-15.
[80] Gn 3.6; Os 13.9.
[81] Gn 2.17.
[82] Gn 1.26, 28.
[83] Hb1.3; Jó 38.11; Is 46.10-11; Sl 135.6.
[84] Mt 10.29-31.
[85] Ef 1.11.
[86] At 2.23.
[87] Pv 16.33.
[88] Gn 8.22.
[89] At 27.31, 44; Is 55.10-11.
[90] Os 1.7.
[91] Rm 4.19-21.
[92] Dn 3.27.
[93] Rm 11.32-34; 2Sm 24.1; 1Cr 21.1.
[94] 2Rs 19.28; Sl 76.10.
[95] Gn 50.20; Is 10.6-7, 12.
[96] Sl 50.21; 1Jo 2.16.
[97] 2Cr 32.25-26, 31; 2Co.12.7-9.
[98] Rm 8.28.
[99] Rm 1.24-26, 28; Rm 11.7-8.
[100] Dt 29.4.
[101] Mt 13.12.
[102] Dt 2.30; 2Rs 8.12-13.
[103] Sl 81.11-12; 2Ts 2.10-12.
[104] Ex 8.15, 32; Is 6.9-10; 1Pe 2.7-8.
[105] 1Tm 4.10; Am 9.8-9; Is 43.3-5.
[106] Gn 2.16-17.
[107] Gn 3.12-13; 2Co 11.3.
[108] Rm 3.23.
[109] Rm 5.12.
[110] Tt 1.15; Gn 6.5; Jr 17.9; Rm 3.10-19.
[111] Rm 5.12-19; 1Co 15.21-22, 45, 49.
[112] Sl 51.5; Jó14.4.
[113] Ef 2.3.
[114] Rm 6.20; Rm 5.12.
[115] Hb 2.14-15; 1Ts 1.10.
[116] Tg 1.14-15; Mt 15.19.
[117] Rm 8.7; Cl 1.21.
[118] Rm 7.18, 23; Ec 7.20; 1Jo 1.8.
[119] Rm 7.23-25; Gl 5.17.
[120] Lc 17.10; Jó 35.7-8.
[121] Gn 2.17; Gl 3.10; Rm 3.20-21.
[122] Rm 8.3; Mc 16.15-16; Jo 3.16.
[123] Ez 36.26-27; Jo 6.44-45; Sl 110.3.
[124] Gn 3.15.
[125] Hb 1.1.
[126] 2Tm 1.9; Tt.1.2.
[127] Hb 11.6, 13; Rm 4.1-2; At 4.12; Jo 8.56.
[128] Is 42.1; 1Pe 1.19-20.
[129] At 3.22.
[130] Hb 5.5-6.
[131] Sl 2.6; Lc 1.33.
[132] Ef 1.22-23.
[133] Hb 1.2.
[134] At 17.31.
[135] Is 53.10; Jo 17.6; Rm8.30.
[136] Jo 1.14; Gl 4.4.
[137] Rm 8.3; Hb.2.14, 16, 17; Hb 4.15.
[138] Mt 1.22-23; Lc 1.27, 31, 35.
[139] Rm 9.5; 1Tm 2.5.
[140] Sl 45.7; At 10.38; Jo 3.34.
[141] Cl 2.3.
[142] Cl 1.19.
[143] Hb 7.26.
[144] Jo 1.14.
[145] Hb 7.22.
[146] Hb 5.5.
[147] Jo 5.22, 27; Mt 28.18; At 2.36.
[148] Sl 40.7-8; Hb 10.5-10; Jo 10.18.
[149] Gl 4.4; Mt 3.15.
[150] Gl 3.13; Is 53.6; 1Pe 3.18.
[151] 2Co 5.21.
[152] Mt 26.37-38; Lc 22.44; Mt 27.46.
[153] At 13.37.
[154] 1Co 15.3-4.
[155] Jo 20.25, 27.
[156] Mc 16.19; At 1.9-11.
[157] Rm 8.34; Hb 9.24.
[158] At 10.42; Rm 14.9-10; At1.11; 2Pe 2.4.
[159] Hb 9.14; Hb 10.14; Rm 3.25-26.
[160] Jo 17.2; Hb 9.15.
[161] 1Co 10.4; Hb 4.2; 1Pe 1.10-11.
[162] Ap 13.8.
[163] Hb 13.8.
[164] Jo 3.13; At 20.28.
[165] Jo 6.37; Jo 10.15-16; Jo 17.9; Rm 5.10.
[166] Jo 17.6; Ef 1.9; 1Jo 5.20.
[167] Rm 8.9, 14.
[168] Sl 110.1; 1Co 15.25-26.
[169] Jo 3.8; Ef 1.8.
[170] 1Tm 2.5.
[171] Jo 1.18.
[172] Cl 1.21; Gl 5.17.
[173] Jo 16.8; Sl 110.3; Lc 1.74-75.
[174] Mt 17.12; Tg 1.14; Dt.30.19.
[175] Ec 7.29.
[176] Gn 3.6.
[177] Rm 8.7; Rm 5.6.
[178] Ef 2.1, 5.
[179] Tt 3.3-5; Jo 6.44.
[180] Cl 1.13; Jo 8.36.
[181] Fl 2.13.
[182] Rm 7.15, 18-19, 21, 23.
[183] Ef 4.13.
[184] Rm 8.30; Rm 11.7; Ef 1.10-11; 2Ts 2.13-14.
[185] Ef 2.1-6.
[186] At 26.18; Ef 1.17-18.
[187] Ez 36.26.
[188] Dt 30.6; Ex 36.27; Ef 1.19.
[189] Sl 110.3.
[190] 2Tm 1.9; Ef 2.8.
[191] 1Co 2.14; Ef 2.5; Jo 5.25.
[192] Ef 1.19-20.
[193] Jo 3.3, 5-6.
[194] Jo 3.8.
[195] Mt 22.14; Mt 13.20-21; Hb 6.4-5
[196] Jo 6.44-45, 65; 1Jo 2.24-25
[197] At 4.12; Jo 4.22; Jo 17.3.
[198] Rm 3.24; Rm 8.30.
[199] Rm 4.5-8; Ef 1.7.
[200] 1Co 1.30-31; Rm 5.17-19.
[201] Fp 3.8-9; Ef 2.8-10.
[202] Jo 1.12; Rm 5.17.
[203] Rm 3.28.
[204] Gl 5.6; Tg 2.17, 22, 26.
[205] Hb 10.14; 1Pe 1.18-19; Is 53.5-6.
[206] Rm 8.32; 2Co 5.21.
[207] Rm 3.26; Ef 1.6-7; Ef 2.7.
[208] Gl 3.8; 1Pe 1.2; 1Tm 2.6.
[209] Rm 4.25.
[210] Cl 1.21-22; Tt 3.4-7.
[211] Mt 6.12; 1Jo 1.7, 9.
[212] Jo 10.28.
[213] Sl 89.31-33.
[214] Sl 32.5; Sl 51; Mt 26.75.
[215] Gl 3.9; Rm 4.22-24.
[216] Ef 1.5; Gl 4.4, 5.
[217] Jo 1.12; Rm 8.17.
[218] 2Co 6.18; Ap 3.12.
[219] Rm 8.15.
[220] Gl 4.6; Ef 2.18.
[221] Sl 103.13.
[222] Pv 14.26.
[223] 1Pe 5.7.
[224] Hb 12.6.
[225] Is 54.8, 9; Lm 3.31.
[226] Ef 4.30.
[227] Hb 1.14; Hb 6.12.
[228] At 20.32; Rm 6.5, 6.
[229] Jo 17.17; Ef 3.16-19; 1Ts 5.21-23.
[230] Rm 6.14.
[231] Gl 5.24.
[232] Cl 1.11.
[233] 2Co 7.1; Hb 12.14.
[234] 1Ts 5.23.
[235] Rm 7.18, 23.
[236] Gl 5.17; 1Pe 2.11.
[237] Rm 7.23.
[238] Rm 6.14.
[239] Ef 4.15, 16; 2Co 3.18; 2Co 7.1.
[240] 2Co 4.13; Ef 2.8.
[241] Rm 10.14, 17.
[242] Lc 17.5; 1Pe 2.2; At 20.32.
[243] At 24.14.
[244] Sl 19.7-10; Sl 119.72.
[245] 2Tm 1.12.
[246] Jo 15.14.
[247] Is 66.2.
[248] Hb 11.13.
[249] Jo 1.12; At 16.31; Gl 2.20; At 15.11.
[250] Hb 5.13, 14; Mt 6.30; Rm 4.19, 20.
[251] 2Pe 1.1.
[252] Ef 6.16; 1Jo 5.4, 5.
[253] Hb 6.11, 12; Cl 2.2.
[254] Hb 12.2.
[255] Tt 3.2-5.
[256] Ec 7.20.
[257] Lc 22.31, 32.
[258] Zc 12.10; At 11.18.
[259] Ez 36.31; 2Co 7.11.
[260] Sl 119.6, 128.
[261] Lc 19.8; 1Tm 1.13, 15.
[262] Rm 6.23.
[263] Is 1.16-18; Is 55.7.
[264] Mq 6.8; Hb 13.21.
[265] Mt 15.9; Is 29.13.
[266] Tg 2.18-22.
[267] Sl 116.12, 13.
[268] 1Jo 2.3, 5; 2Pe 1.5-11.
[269] Mt 5.16.
[270] 1Tm 6.1; 1Pe 2.15; Fp 1.11.
[271] Ef 2.10.
[272] Rm 6.22.
[273] Jo 15.4, 5.
[274] 2Co 3.5; Fp 2.13.
[275] Fp 2.12; Hb 6.11, 12.
[276] Jó 9.2, 3; Gl 5.17; Lc 17.10.
[277] Rm 3.20; Ef 2.8, 9; Rm 4.6.
[278] Gl 5.22, 23.
[279] Is 64.6; Sl 143.2.
[280] 1Pe 2.5.
[281] Mt 25.21, 23; Hb 6.10.
[282] 2Rs 10.30; 1Rs 21.27, 29.
[283] Gn 4.5; Hb 11.4, 6.
[284] 1Co 13.1.
[285] Mt 6.2, 5.
[286] Am 5.21, 22; Rm 9.16; Tt 3.5.
[287] Jó 21.14, 15; Mt 25.41-43.
[288] Jo 10.28, 29; Fp 1.6; 2Tm 2.19; 1Jo 2.19.
[289] Sl 89.31, 32; 1Co 11.32.
[290] Ml 3.6.
[291] Rm 8.30; Rm 9.11, 16.
[292] Rm 5.9, 10; Jo 14.19.
[293] Hb 6.17, 18.
[294] 1Jo 3.9.
[295] Jr 32.40.
[296] Mt 26.70, 72, 74.
[297] Is 64.5, 9; Ef 4.30.
[298] Sl 51.10, 12.
[299] Sl 32.3, 4.
[300] 2Sm 12.14.
[301] Lc 22.32, 61, 62.
[302] Jó 8.13, 14; Mt 7.22, 23.
[303] 1Jo 2.3; 1Jo 3.14, 18, 19, 21, 24; 1Jo 5.13.
[304] Rm 5.2, 5.
[305] Hb 6.11, 19.
[306] Hb 6.17, 18.
[307] 2Pe 1.4, 5, 10, 11.
[308] Rm 8.15, 16.
[309] 1Jo 3.1-3.
[310] Is 50.10; Sl 88; Sl 77.1-12.
[311] 1Jo 4.13; Hb 6.11, 12.
[312] Rm 5.1, 2, 5; Rm 14.17; Sl 119.32.
[313] Rm 6.1, 2; Tt 2.11, 12, 14.
[314] Sl 51.8, 12, 14.
[315] Sl 116.11; Sl 77.7, 8; Sl 31.22.
[316] Sl 30.7.
[317] 1Jo 3.9.
[318] Lc 22.32.
[319] Sl 42.5, 11.
[320] Lm 3.26-31.
[321] Gn 2.16, 17; Ec 7.29.
[322] Rm 10.5.
[323] Gl 3.10, 12.
[324] Rm 2.14, 15.
[325] Dt 10.4.
[326] Hb 10.1; Cl 2.17.
[327] 1Co 5.7.
[328] Cl 2.14, 16, 17; Ef 2.14, 16.
[329] 1Co 9.8-10.
[330] Rm 13.8-10; Tg 2.8, 10-12.
[331] Tg 2.10, 11.
[332] Mt 5.17-19; Rm 3.31.
[333] Rm 6.14; Gl 2.16; Rm 8.1; Rm 10.4.
[334] Rm 3.20; Rm 7.
[335] Rm 6.12-14; 1Pe 3.8-13.
[336] Gl 3.21.
[337] Ez 36.27.
[338] Gn 3.15.
[339] Ap 13.8.
[340] Rm 1.17.
[341] Rm 10.14, 15, 17.
[342] Pv 29.18; Is 25.7; Is 60.2, 3.
[343] Sl 147.20; At 16.7.
[344] Rm 1.18ss.
[345] Sl 110.3; 1Co 2.14; Ef 1.19, 20.
[346] Jo 6.44; 2Co 4.4, 6.
[347] Gl 3.13.
[348] Gl 1.4.
[349] At 26.18.
[350] Rm 8.3.
[351] Rm 8.28.
[352] 1Co 15.54-57.
[353] 2Ts 1.10.
[354] Rm 8.15.
[355] Lc 1.73-75; 1Jo 4.18.
[356] Gl 3.9, 14.
[357] Jo 7.38, 39; Hb 10.19-21.
[358] Tg 4.12; Rm 14.14.
[359] At 4.19; At 5.29; 1Co 7.23; Mt 15.9.
[360] Cl 2.20, 22, 23.
[361] 1Co 3.5; 2Co 1.24.
[362] Rm 6.1, 2.
[363] Gl 5.13; 2Pe 2.18, 21.
[364] Jr 10.7; Mc 12.33.
[365] Dt 12.32.
[366] Êx 20.4-6.
[367] Mt 4.9, 10; Jo 4.23; Mt 28.19.
[368] Rm 1.25; Cl 2.18; Ap 19.10.
[369] Jo 14.6.
[370] 1Tm 2.5.
[371] Sl 95.1-7; Sl 65.2.
[372] Jo 14.13, 14.
[373] Rm 8.26.
[374] 1Jo 5.14.
[375] 1Co 14.16, 17.
[376] 1Tm 2.1, 2; 2Sm 7.29.
[377] 2Sm 12.21-23.
[378] 1Jo 5.16.
[379] 1Tm 4.13.
[380] 2Tm 4.2; Lc 8.18.
[381] Cl 3.16; Ef 5.19.
[382] Mt 28.19, 20.
[383] 1Co 11.26.
[384] Et 4.16; Jl 2.12.
[385] Êx 15.1-19; Sl 107.
[386] Jo 4.21; Ml 1.11; 1Tm 2.8.
[387] At 10.2.
[388] Mt 6.11; Sl 55.17.
[389] Mt 6.6.
[390] Hb 10.25; At 2.42.
[391] Êx 20.8.
[392] 1Co 16.1, 2; At 20.7; Ap 1.10.
[393] Is 58.13; Ne 13.15-22.
[394] Mt 12.1-13.
[395] Êx 20.7; Dt 10.20; Jr 4.2.
[396] 2Cr 6.22, 23.
[397] Mt 5.34, 37; Tg 5.12.
[398] Hb 6.16; 2Co 1.23.
[399] Ne 13.25.
[400] Lv 19.12; Jr 23.10.
[401] Sl 24.4.
[402] Sl 76.11; Gn 28.20-22.
[403] 1Co 7.2, 9; Mt 19.11.
[404] Ef 4.28.
[405] Rm 13.1-4.
[406] 2Sm 23.3; Sl 82.3, 4.
[407] Lc 3.14.
[408] Rm 13.5-7; 1Pe 2.17.
[409] 1Tm 2.1, 2.
[410] Gn 2.24; Ml 2.15; Mt 19.5, 6.
[411] Gn 2.18.
[412] Gn 1.28.
[413] 1Co 7.2, 9.
[414] Hb 13.4; 1Tm 4.3.
[415] 1Co 7.39.
[416] Ne 13.25-27.
[417] Lv.18.
[418] Mc 6.18; 1Co 5.1.
[419] Hb 12.23; Cl 1.18; Ef 1.10, 22, 23; Ef 5.23, 27, 32.
[420] Rm 1.7.
[421] 1Co 1.2.
[422] 1Co 5; Ap 2, 3.
[423] Ap 18.2; 2Ts 2.11, 12.
[424] Mt 16.18; Sl 72.17; Sl 102.28; Ap 12.17.
[425] Cl 1.18; Mt 28.18-20; Ef 4.11, 12.
[426] 2Ts 2.2-9.
[427] Jo 10.16; Jo 12.32.
[428] Mt 28.20.
[429] Mt 18.15-20.
[430] Rm 1.7; 1Co 1.2.
[431] At 2.41, 42; At 5.13, 14; 2Co 9.13.
[432] Mt 18.17, 18; 1Co 5.4, 5; 1Co 5.13; 2Co 2.6-8.
[433] At 20.17, 28; Fp 1.1.
[434] At 14.23.
[435] 1Tm 4.14.
[436] At 6.3, 5, 6.
[437] At 6.4; Hb 13.17.
[438] 1Tm 5.17, 18; Gl 6.6, 7.
[439] 2Tm 2.4.
[440] 1Tm 3.2.
[441] 1Co 9.6-14.
[442] At 11.19-21; 1Pe 4.10, 11.
[443] 1Ts 5.14; 2Ts 3.6, 14, 15.
[444] Mt 18.15-17; Ef 4.2, 3.
[445] Ef 6.18; Sl 122.6.
[446] 3Jo.1.8-10; Rm 16.1, 2.
[447] At 15.2, 4, 6, 22, 23, 25.
[448] 2Co 1.24; 1Jo 4.1.
[449] 1Jo 1.3; Jo 1.16; Fp 3.10; Rm 6.5, 6.
[450] Ef 4.15, 16; 1Co 12.7; 1Co 3.21-23.
[451] 1Ts 5.11, 14; Rm 1.12; 1Jo 3.17, 18; Gl 6.10.
[452] Hb 10.24, 25; Hb 3.12, 13.
[453] At 11.29, 30.
[454] Ef 6.4.
[455] 1Co 12.14-27.
[456] At 5.4; Ef 4.28.
[457] Mt 28.19, 20; 1Co 11.26.
[458] Mt 28.19; 1Co 4.1.
[459] Rm 6.3-5; Cl 2.12; Gl 3.27.
[460] Mc 1.4.
[461] Rm 6.4.
[462] Mc 16.16; At 8.36, 37; At 2.41; At 8.12; At 18.8.
[463] Mt 28.19, 20; At 8.38.
[464] Mt 3.16; Jo 3.23.
[465] 1Co 11.23-26.
[466] 1Co 10.16, 17, 21.
[467] Hb 9.25, 26, 28.
[468] 1Co 11.24; Mt 26.26, 27.
[469] 1Co 11.23-26.
[470] Mt 26.26-28; Mt 15.9; Êx 20.4, 5.
[471] 1Co 11.27.
[472] 1Co 11.26-28.
[473] At 3.21; Lc 24.6, 39.
[474] 1Co 11.24, 25.
[475] 1Co 10.16; 1Co 11.23-26.
[476] 2Co 6.14, 15.
[477] 1Co 11.29; Mt 7.6.
[478] Gn 3.19; At 13.36.
[479] Ec 12.7.
[480] Lc 23.43; 2Co 5.1, 6, 8; Fp 1.23; Hb 12.23.
[481] Jd 1.6, 7; 1Pe 3.19; Lc 16.23, 24.
[482] 1Co 15.51, 52; 1Ts 4.17.
[483] Jó 19.26, 27.
[484] 1Co 15.42, 43.
[485] At 24.15; Jo 5.28, 29; Fp 3.21.
[486] At 17.31; Jo 5.22, 27.
[487] 1Co 6.3; Jd 1.6.
[488] 2Co 5.10; Ec 12.14; Mt 12.36; Rm 14.10, 12; Mt 25.32ss.
[489] Rm 9.22, 23.
[490] Mt 25.21, 34; 2Tm 4.8.
[491] Mt 25.46; Mc 9.48; 2Ts 1.7-10.
[492] 2Co 5.10, 11.
[493] 2Ts 1.5-7.
[494] Mc 13.35-37; Lc 12.35-40.
[495] Ap 22.20.