sexta-feira, 29 de julho de 2011

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Livre como um pássaro

Morre John Stott, teólogo britânico que ajudou a construir a Igreja contemporânea.
John Stott: brilhantismo teológico e importância histórica para a Igreja mundial.




Nos últimos anos, o pastor e teólogo britânico John Stott não podia, em função da idade, praticar uma de suas paixões: a ornitologia. Aficionado pela observação de pássaros, era nos bosques do Reino Unido que ele passava boa parte de suas horas de folga, com binóculo em punho, máquina fotográfica a tiracolo e o inseparável caderninho de anotações. Desavisados poderiam pensar que era apenas mais um idoso preenchendo o ócio da aposentadoria. As aparências enganam. Ali estava um dos gigantes da cristã contemporânea, que ajudou a construir a Igreja Evangélica ao longo do século 20. Teólogo brilhante, pastor apaixonado, filantropo convicto, conferencista eloquente, escritor inspirado e idealista de vanguarda, Stott deixou esta vida no dia 27 de julho, em Londres, de causas naturais, aos 90 anos. Livre como os pássaros que ele tanto amava.


No seu último aniversário, em abril, amigos, colaboradores e parentes mais chegadosStott era solteiro e não tinha filhosfizeram uma reunião com ele na casa de repouso onde vivia. O encontro teve inegável caráter de despedida. “Já sabíamos o que estava para acontecer. Stott deixou um exemplo impecável para lideres de ministérios em todo o mundo – amor pela Igreja global, paixão pela fidelidade bíblica e amor pelo Salvador”, define Benjamin Homam, presidente de John Stott Ministries, entidade criada pelo pastor para apoiar líderes cristãos ao redor do mundo. A instituição é apenas uma parte do imenso legado espiritual daquele que, segundo David Brooks, colunista do New York Times, seria eleito papa, caso os protestantes tivessem um.


“SIMPLES E COMUM”


Nascido em família abastada, John Robert Walmsley Stott era filho de sir Arnold Stott, médico da Família Real. Criado na Igreja Anglicana com as três irmãs, ele fez sua decisão por Cristo aos 18 anos de idade. A mente privilegiada levou-o à prestigiada Universidade de Cambridge, onde graduou-se em letras. Ali, conheceu a Aliança Bíblia Universitária e sentiu o chamado para o pastorado. Formou-se em teologia no Seminário Ridley Hall e logo assumiu o púlpito da Igreja Anglicana All Souls (“Todas as almas”), onde ministrou durante três décadas, sempre disponível às ovelhas apesar da agenda cada vez mais apertada.


Capelão da Coroa Britânica entre 1959 e 1991, foi neste período que o ministério de Stott atingiu seu maior esplendor. Protagonista do movimento conhecido como Evangelho integral, ele organizou, na companhia do evangelista Billy Graham e outras lideranças, o Congresso Internacional de Evangelização, em Lausanne (Suíça), em 1974. O evento entrou para a história da Igreja Cristã por lançar as bases de uma abordagem da inteiramente contextualizada à sociedade, sem, contudo, abrir mão dos princípios basilares do Evangelho, consubstanciada no Pacto de Lausanne. Fundou ainda o London Institute for Contemporary Christianity, em 1982.


John Stott escreveu cerca de 40 livros e percorreu o mundo como convidado especial em cruzadas, congressos e solenidades. Esteve no Brasil duas vezes. Numa delas, reuniu cerca de 2 mil pastores no Congresso Vinde em 1989, com outro tanto do lado de fora por falta de espaço. Em todas estas viagens, sempre recusou hospedagem em hotéis cinco estrelas. Não costumava nem repetir refeições. “Quando comemos um segundo prato, alguém está deixando de comer o primeiro”, dizia. Tudo a ver com alguém que, ao morrer, possuía apenas um sítio e um apartamento e definia dessa maneira o que é ser evangélico: “É ser um cristão simples e comum.”



Vi no http://cristianismohoje.com.br/interna.php?id_conteudo=799&subcanal=22

quinta-feira, 28 de julho de 2011

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Um olhar para a sociedade






Somos seres sociais, gregários, a vida em sociedade é uma imposição da própria natureza humana. Mas qual é o olhar da igreja e dos cristãos para a sociedade? Para responder a essas perguntas, precisaríamos saber de que “igreja” e de que “cristão” estamos falando, tendo em vista as enormes e irreconciliáveis diferenças entre os muitos grupos que se identificam como igreja e como cristãos.


Tenho a impressão que por muito tempo o olhar de setores da igreja evangélica para a sociedade tem sido como o de alguém que olha de fora, como se separado fosse. Seria um grupo dissociado, não conectado com o todo, que olha para o resto do mundo, mas não se identifica como parte dele.


E o que ela vê? Multidões a serem convertidas ao seu grupo. Ou para serem conquistadas, para usar um termo muito apreciado nesse meio. Almas que precisam ser arrancadas do inferno para povoar o céu. Miseráveis perdidos condenados ao fogo do inferno, esperando o momento de “ouvirem” a boa nova. Caso adiram a essa boa nova serão livres de todo o mal e terão a terra prometida (no futuro – depois da morte), caso a rejeitem, continuarão condenados ao inferno, mas o grupo que proclamou a “verdade” já não tem mais nenhuma responsabilidade ou culpa nisso, pois já cumpriu o seu papel.


Então é isso? É esse o olhar que a igreja e os cristãos devem ter para a sociedade? Entendo que não. Precisamos de um outro olhar.


Esse olhar não pode ser como de alguém que se julga superior. Quem se julga salvo e vê os demais apenas como pecadores destinados à danação corre o risco de enxergar dessa forma.


Também não pode ser indiferente, como o de quem não tem nenhuma responsabilidade para com a dor do outro. O sujeito não se sente causador do sofrimento alheio, logo não tem porque se importar e não precisa fazer nada para mudar a situação. Peca-se pela omissão.


Não pode ser um olhar simplista, porque a sociedade é complexa, diversa. Olhar a todos como uma massa homogênia é desconsiderar as múltiplas características que uma sociedade como a nossa tem e não reconhecer as enormes disparidades e as muitas injustiças sociais existentes.


Não pode ser um olhar como de quem deseja instrumentalizar o povo. Fazer proselitismo com o propósito de afirmar poder institucional, ou ação social com a mal disfarçada intenção de “forçar” a conversão dos beneficiados, são apenas algumas das formas de instrumentalização das pessoas. Quem age assim tem uma ação interesseira que não reflete o amor e graça que devem estar presentes nesse tipo de trabalho.


Também não se pode olhar para a sociedade e “espiritualizar” as mazelas sociais. Por mais absurdo que pareça, isso ainda é muito comum. Por esse raciocínio, a pobreza da África seria culpa dos cultos africanos (e não da espoliação dos colonizadores europeus ou da corrupção imperante). A pobreza de muitas famílias do nordeste seria culpa da idolatria (e não dos coronéis da política que se perpetuam no poder, mas não mudam a situação do povo).


Esse tipo de espiritualização da realidade gera indiferença e cinismo, pois isenta o sujeito de qualquer responsabilidade, já que a causa está numa esfera sobrenatural. Quem assim pensa entende que não há o que fazer, a não ser orar para repreender o “espírito da pobreza”, o “demônio da fome e da corrupção”, etc.


Não, definitivamente não pode ser esse o olhar da igreja para sociedade.


(continua…)


Márcio Rosa da Silva



Vi no http://marciorosa.wordpress.com/2011/07/24/um-olhar-para-a-sociedade/
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Pronto! Me convenceram…Estou disposto a rever meus conceitos





Irmãos, peço humildemente que orem por mim. Preciso confessar algo. De uns anos para cá, comecei a ler as Escrituras de maneira diferente, e aos poucos fui abandonando algumas crenças que nutri por muito tempo.

Comecei a acreditar que a igreja de Cristo teria sido incumbida de discipular as nações, e conduzi-las aos pés de Cristo. Quanta pretensão! Se Noé, pregoeiro da justiça, só conseguiu salvar oito, quem a igreja pensa que é pra alcançar todas as nações? Meu Deus, como eu estava cego. Se bem que no caso da igreja, há a presença do Espírito para habilitá-la no cumprimento de sua missão. Mas deixa isso pra lá… Orem pra que eu consiga outra interpretação para Salmos 22:27-28.

Comecei a acreditar que Deus teria um plano de restaurar esta Terra. Achei até que a igreja deveria se engajar na defesa do meio-ambiente. Quanta bobagem! Pra quê colocar um peso a mais sobre os ombros da igreja? Ela não está dando conta nem de salvar as almas, vai salvar o planeta? Não é melhor acreditar que este mundo vai mesmo é pegar fogo? Isso nos livra da responsabilidade indesejável para com as próximas gerações!

É muito mais conveniente acreditar que somos a última geração. Como não vi isso antes?

Vê se pode uma coisa dessas? Como fui tolo ao crer que a igreja poderia fazer diferença no mundo, infiltrando-se na cultura, nas ciências, na vida pública, etc. Se somos sal da terra? Sim, mas e daí? Salgar pra quê, se nada pode impedir o processo de putrefação avançado em que se encontra o mundo? Você temperaria uma comida que pretende jogar fora?

Você acredita que eu já estava até orando pra que as coisas melhorassem no mundo? Será que esqueci que as coisas precisam piorar pra apressar a volta de Jesus? Não sei como ainda tem crente engajado em causas sociais. Que gente boba…

Que bom voltar a acreditar que o que importa é que vou passar a eternidade andando nas ruas de ouro literais da Nova Jerusalém!

Já estava ficando com saudade daquela sensação que tinha quando criança de que o arrebatamento aconteceria a qualquer momento, e que Deus poderia me flagrar despreparado. Essa estória de segurança da salvação só serve para acalentar nossa confiança. Se nos sentirmos seguros, podemos descansar e relaxar. Nossa santificação só acontece debaixo de pressão. O medo do inferno é imprescindível. Ou você acha que o amor é motivação suficiente?

Já havia até me esquecido do que é enxergar as mãos do diabo em tudo ao meu redor. Voltei a notar a conspiração maligna por trás dos símbolos, logotipos, slogans e, pasmem, dos desenhos animados. Voltei até a ouvir música tocada de trás pra frente em busca de mensagens subliminares. E pensar que eu estava crendo que Deus tem o controle de tudo. E o diabo, como fica? Eu sei que está escrito que Cristo o expôs publicamente ao desprezo e o depôs juntamente com seus asceclas. Mas isso é uma outra estória… Deixa quieto…

Afinal de contas, a versão moderna do evangelho precisa apresentar um diabo mitológico, que ponha em risco não apenas a salvação dos crentes, mas até os planos divinos. Isso mantém a turma esperta.

Pronto, agora estou livre! Posso voltar à buscar por indícios de quem será o anticristo da vez. Sei não… acho que esse papa com cara de Dona Benta é muito esquisito. Não sei se opto por ele ou pelo Obama. Aquele sorriso não me engana! Descobri semana passada que seu slogan de campanha “Yes, you can”, tocado de trás pra frente se ouve “Thank you, Satan!” (Obrigado, Satanás!). E o Lula? Não seria a besta que emerge do mar? Afinal, lula não é molusco?

Ah… finalmente! Voltei ao primeiro amor! Ou seria, ao primeiro terror? Sei lá… Só sei que agora estou mais preocupado em morar no céu, do que ver a vontade d’Ele sendo feita aqui na terra, como é feita lá no céu.

Quer saber? Tô nem aí! Quero mais é ver este mundo pegar fogo! Eu sei que Ele disse que tudo que havia criado era muito bom! Mas acho que Ele pode se superar! Esse mundo não é lá grande coisa! Ou é?

Que venha logo o arrebatamento! Estou doido pra pular fora daqui. Que bom que Deus não ouve a todas orações. Imagine se Ele houvesse ouvido e atendido aquela oração em que Jesus suplica para não sermos tirados do mundo…

O que eu não sou é besta pra ficar por aqui enquanto a dita cuja estiver solta, aprontando das suas. O tal chip já tá rolando por aí. Já pensou ter que receber a marca?

Mas se Ele vier e eu ficar, tudo bem. Vou na segunda chamada. Sei que vai ser dureza passar pela grande tribulação. Principalmente pelo fato de que o Espírito Santo já terá sido tirado da Terra juntamente com a igreja. E aí?… Como é que as pessoas se converterão sem a atuação do Espírito? Como é que as que não foram fiéis pra subirem na primeira chamada, mesmo com a atuação do Espírito, serão fiéis na grande tribulação sem a atuação d’Ele?

Este tipo de pergunta começa a me incomodar…

Pelo menos vão reconstruir o templo em Jerusalém… Vai ser tremendo! Dizem que até os sacrifícios voltarão. Por que será? Ah, já sei… porque o sacrifício de Jesus terá perdido a validade. Enquanto não constroem o tal templo, a gente vai se contendado com a réplica que será construída pela Universal em São Paulo. Pelo menos, sacrifícios não faltam por lá.

Peraí… então, Deus vai voltar a habitar em templos de pedras? Isso tá começando a ficar complicado pra mim.

Orem por mim, irmãos. Tenho medo de que eu sofra uma recaída e volte a ter esperança.

P.S. Sem querer subestimar a inteligência de ninguém, espero que todos percebam o tom irônico desta postagem.


Por Hermes C. Fernandes


Vi no http://www.hermesfernandes.com/2010/07/pronto-me-convenceramestou-disposto.html
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Teimosia e esperança





A humanidade é constante vai-e-vem. Avanços e retrocessos fazem a história alternar entre tragédia e farsa. Enquanto erradicamos a poliomielite, cometemos atrocidades. Revolucionamos as comunicações, mas permanecemos culpados dos mais horrorosos crimes.

No século XX, duas guerras mundiais se somaram a genocídios e extermínios étnicos para alterar, definitivamente, filosofia e teologia. Positivismo virou ingenuidade - quem ainda acredita no mito do progresso?

Em algum lugar, no Pentágono, numa cova rasa do Camboja, num escombro de Ruanda, jazem os ossos do “bom selvagem” de Jean-Jacques Rousseau. De Camus a Martin Luther King se discorreu sobre o “mal profundo” que aleija a humanidade. Ele existe. Entre luzes e sombras, a história se alonga, malévola, com miséria, aniquilamento de culturas, e muita, muita, dor.

Antigas formulações sobre Deus, desapareceram. Hemingway colocou na boca de Robert Jordan, personagem de “Por quem os sinos dobram”, o porquê de seu ateísmo. Para o autor, que testemunhara os horrores da Guerra Civil da Espanha, Deus não existe: “se existisse, Ele não teria permitido que eu visse o que vi com estes meus olhos”.

Por outro lado, escancarados os campos de concentração nazista, ficou claro que monstros existem. E como se multiplicam! Elie Wiesel narrou o dia em que assistiu ao enforcamento de um menino no pátio do campo onde estava preso. Perfilado, viu a criança agonizar, pendurada por minutos que pareciam uma eternidade. Ele lembra que o menino tinha "os olhos de um anjo feliz". Na fila, Wiesel ouviu alguém perguntar: “Onde está Deus? Onde ele está? Onde está Deus, então?”. Uma voz respondeu em seu próprio coração: “Onde ele está? Ei-lo – está aqui, pendurado nesta forca”. Deus estava morto e o facínora, vivo.

Nunca testemunhei tantos horrores. Mas o pouco que vi bastou para eu refazer conceitos. Revisei o que entendia por Deus. Remexi na compreensão da vida. Distingui esperança de ilusão, ideal de compromisso, ingenuidade de realismo e comecei o árduo processo de reconstruir-me sem o imobilismo do pessimismo e sem a superficialidade do otimismo.

Depois de várias reformas, continuo a acreditar na possibilidade da vida, no potencial humano e no aparecimento de artesãos da história. Mesmo quando o encarceramento da bondade parece inexorável, vejo a bondade humana como a erva que rompe o cimento. Sob camadas de iniquidade, a virtude consegue vingar. Vinho bom pode vir do lagar onde se esmagam as uvas da ira. Creio no bem que ressurge, teimoso, como força existencial. Vivo com a esperança, sei que ventos imprevisíveis reacendem o pavio que fumega.

Vinicius de Moraes, logo após a II Guerra Mundial, em 1946, disse que “o pranto que choramos juntos há de ser água para lavar dos corações o ódio e das inteligências o mal entendido”. Sim, a humanidade é viável - caso contrário já estaria sepultada com os dinossauros - mesmo em meio a tanta ferocidade.

A maldade, mesmo universal, mesmo arraigada, não conseguiu asfixiar o bem. Os patifes têm maior visibilidade, os canalhas amedrontam, sórdidos intimidam, contudo, "onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Por mais que o ímpio resfolegue ódio e o tirano oprima, a morte os alcançará. Eles passarão e o lento fluir da história continuará. Basta um fiapo de luz para que se desperte fome e sede de justiça em alguém. De onde menos se espera nascerão vigorosos esforços de paz.

Os Judas, os Brutus, os Pinochets, os Husseins, os Bushes, sumirão pelo esgoto da irrelevância. No fim, quando o Diretor da peça entrar no palco e avisar que o espetáculo acabou, o malvado será apenas uma nódoa. Ele próprio se condenará como personagem da Divina Comédia. E deixará, como único legado, a possibilidade de gerar indignação nos que acreditam em outro mundo possível.

Mesmo na sordidez contemporânea, o justo acena com a aurora de uma Nova Cidade; aguarda, como sentinela, a luz da aurora virar dia perfeito. O profeta do desespero tenta, mas homens e mulheres de bem resistem. É necessário que lampejos de esperança brotem nos atos simples de bordadeiras, poetisas, teólogas, operários, jornalistas, lavradores.

O milênio começou com poucas opções. Carpideiras choram no velório dos ideais - foram contratadas para despistar a festa do Grande Capital. Na ressaca do baile progressista, alguns não acreditam que sobará ânimo para o enfrentamento do desastre sócio-ambiental. Entretanto, a Imago Dei – imagem de Deus – nos olhos das crianças convida a humanidade a não entregar os pontos.

A doença que nos aflige não é para a morte. Ainda dá para virar o jogo. Enquanto pequeninos mantiverem louvor à vida e homens e mulheres não se ajoelharem no altar do cinismo, a promessa continua de pé: “Os mansos herdarão a terra”.

Soli Deo Gloria



Vi no http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=61&sg=0&id=2419
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Escritor, o feiticeiro das palavras






O escritor é desalmado que ciranda com sentimentos alheios. Para escrever de verdade, nunca considera os danos que possa causar. E quando pensa no bem que espalha, imagina-se incapaz.

O escritor é doído. Não conheço nenhum que nunca apanhou de mentores, professores, gramáticos. Esmagados no cadinho do sofrimento, muitos passaram fome; conhecem as bordoadas da vida. Quem não se vale do próprio sangue para desenhar palavras, produz textos insípidos e inodoros. Texto parido sem dor é pinto de incubadora.

O escritor é desvairado. Suas divagações, personagens e mundos não passam de maluquices; mas que maluquices! De onde vem a imaginação que o faz delirar? No transe, enxerga o imperceptível, navega no mistério, descreve o insólito, adensa o intangível. Quem lhe deu faro fino para narrar, com precisão, as contradições na alma humana? Por que suas estórias parecem histórias?

O escritor é porta-voz do sobrenatural. Impossível não suspeitar que por detrás dos melhores textos não haja pacto escondido, eleição misteriosa. Todo o escritor é possesso. Forças estranhas, aliás, estranhíssimas, o dominam. Esse deve ser o motivo de tanta perseguição aos livros. Ele canaliza uma força que amedronta os amantes do poder. Os livros queimados, os "Nihil Obstat”, os “Imprimatur", atestam o medo dos opressores diante da página impressa, copiada, datilografada, mimeografada, digitalizada, faxeada ou imeilizada.

O escritor é solitário. O lugar de trabalho já o torna asceta, anti-social. Diante do teclado, vira parente de faquir, trapista, anacoreta. Enquanto produz, não considera seu deserto uma privação. Ele adora o silêncio, vive a reclamar dos dias ensolarados e alegra-se com nuvens escuras. Viciado em letras, tudo vira desculpa para trancafiar-se. Ninguém deve se melindrar com escritor de resposta monossilábica. Geralmente, o escritor não tolera alongar conversa.

O escritor é hipnotizador. Seu poder de sedução supera os encantadores de serpentes . Também mágico, consegue ludibriar até crítico literário. Podem xingar qualquer escritor de "bruxo que enfeitiça com palavras" e ele vai considerar elogio. Também não se ofende quando tratado de "padeiro que transubstancia sua carne em pão".

O escritor é profeta. Docente do céu, interprete de oráculo divino, ele se esmera em construir pontes entre dois mundos: este, empoeirado, e o que transcende, eterno.

Mesmo quando escreve na areia, suas palavras nunca passarão - alguém vai talhá-las nas tábuas do coração.

Soli Deo Gloria.



Vi no http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=65&sg=0&id=2027
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Vida tangida







Há momentos em que nada faz sentido. Os acessos ficam comprometidos, as frestas, entupidas, as janelas, cerradas. Decepção substitui confiança, tristeza apaga o ímpeto e abatimento contamina o idealismo heróico. O calor da peleja traiçoeiramente solapa a energia fundamental e vital. Os granitos cedem sob os pés. Esgota-se o entusiasmo. As balizas do sentido caem. Os diques das emoções se rompem. Estamos à deriva.


Há momentos em que o silêncio absoluto e impenetrável da covardia abafa a coragem. O império da culpa confisca a confiança. O pavor do inesperado transforma a alma em masmorra. Sonhos definham em imobilismo. Soturnos, compomos um Réquiem. Na poesia, versificamos o tédio. Procuramos rima para fatiga. O espírito faz melodia com soluço.


Há momentos em que determinação vira sinônimo de teimosia. As escolhas acontecem, empurradas, forçadas. A vida é tangida sem ânimo. Opta-se por constrangimento. Vai-se adiante, simplesmente. O horário cumprido, a tarefa realizada, e só. No tabuleiro, o peão aceita a sorte; no palco, a marionete dança sob os dedos do títere; na vida, multidões decoram roteiros.


Há momentos em que já não dá para retroceder. "O próximo, o próximo, o próximo", dita uma voz lúgubre. Alguém ordena à fila: "desçam a vertiginosa ladeira existencial". Assim, resilientes e determinados, um só rebanho, nós, humanos viramos caminhantes. De dever em dever, chegaremos, todos, ao último e inusitado compromisso: a morte.


Soli Deo Gloria


Vi no http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=65&sg=0&id=2196
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Avivamento à moda wesleyana






“É chegado o Reino de Deus!” (Mt 12.28)

Wesley ensinava que pregar não é dominar certas técnicas, mas o ser dominado por certas convicções.

Vamos começar com o exame Mateus 13.31-32:

“O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo: Qual é realmente a menor de todas as sementes, mas quando ele é cultivado, é a maior das hortaliças e torna-se uma árvore , de modo que as aves do céu vêm e se aninham nos seus ramos”.

Há alguns anos atrás, um pastor de outra denominação foi convidado para pregar em uma reunião especial sobre a missão da conferência no Brasil. Sabendo que o nosso lema para aquele ano era "oração e ação por um mundo melhor", ele começou seu discurso dizendo: "Oração e ação: sim, mas mundo melhor: não!" E continuou dizendo que não devemos nutrir esperança a respeito de melhoras das condições de vida deste mundo antes da Segunda Vinda de Jesus. Para ele, a missão da Igreja é como a arca de Noé, em outras palavras, limitada apenas a pregar o Evangelho para a salvação das almas.

Esta teologia faz dos pregadores agoureiros do fim, sob o pressuposto de que quanto pior melhor, por significar que Jesus está voltando. Este ponto de vista ensina que o Reino de Deus será inaugurado no futuro, de forma radical e abrupta, por ocasião da Segunda Vinda de Jesus. Comodismo e escapismo são conseqüências inevitáveis.

Mas, tal perspectiva não encontra respaldo nos ensinos de Jesus e seus apóstolos. Jesus contou uma série de parábolas referentes ao Reino de Deus (Mateus 13). Em todas elas, observasse uma clara alusão ao contexto atual. Nenhuma delas se encaixa bem numa perspectiva futurista do Reino. Vejamos, por exemplo, o que Jesus diz a respeito da natureza do Reino de Deus na Parábola do Grão de Mostarda.

Vemos aqui, que Jesus está ensinando que a manifestação e o estabelecimento do Reino de Deus é um processo lento e gradual, com um início pequeno e modesto. Não sendo em nada parecido com uma abrupta erupção vulcânica, pois o Reino se assemelha a uma semente de mostarda em seu processo gradual de crescimento. Algo como aquele pequeno grupo de discípulos no início da Igreja! Não despreze o poder desse "pequeno grão de mostarda!", porque ele está destinado a crescer e a influenciar como sal da terra e luz do mundo! A presença da Igreja na Terra visa promover luz, esperança, justiça e vida. "Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5,13-16).

O Reino de Deus já foi inaugurado neste mundo e está em processo de expansão. Jesus disse: "mas se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, então o reino de Deus é chegado a vós" (Mateus 12:28). Como cristãos, temos de convir que Jesus estava expulsando demônios pelo Espírito de Deus, que, de acordo com as palavras de Jesus, é um sinal de que o Reino de Deus chegou até nós. Observe que Jesus estava falando sobre o Reino de Deus em termos da presente era: aqui e agora! No versículo 29, Jesus continua este raciocínio com uma pergunta: "como pode alguém entrar na casa de um homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não amarrar o valente? E então roubará a sua casa". O que Jesus está dizendo aqui não lança luz sobre o controverso texto de Apocalipse 20 que fala sobre a prisão de Satanás? Também no que diz respeito à interpretação do Apocalipse 20, temos Efésios 1.20-23 e 2.6, que diz: "... Esse poder ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir. Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés e o designou como cabeça de todas as coisas para a igreja,que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância... Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus".

Voltemos agora para Mateus 12:28-29, note que Jesus estava expulsando demônios. Ele estava saqueando os bens da casa do homem valente. O que é possível porque Jesus, em primeiro lugar, havia tido o cuidado de amarrar o tal valente. Este é um nítido retrato de que o Reino de Deus foi inaugurado por ocasião da Primeira Vinda de Cristo. Jesus disse: “Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (João 12:31).

Satanás está amarrado no sentido de não poder mais continuar enganando as nações como fazia até o nascimento do Cristo (Ap 20). “A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram” (Jo 1.5). Ser amarrado, não significa que Satanás não continua a exercer certo poder e influência neste mundo. Mas significa que ele foi ferido mortalmente pelo nascimento, vida, morte e ressurreição do legítimo Rei deste mundo, o Senhor Jesus, que se manifestou neste mundo para destruir as obras do diabo (1 Jo 3.8), de modo que as portas do inferno não tem poder para impedir o sucesso da missão da Igreja de resgatar vidas, fazendo discípulos de todas as nações, promovendo a justiça e o bem como sal da terra e luz do mundo.

Há diferença entre batalha decisiva e batalha final como se viu na história do desfecho da Segunda Guerra Mundial, cuja batalha decisiva tornou-se conhecida como o "Dia D". Depois daquele dia, embora os exércitos inimigos continuassem a insistir na luta, nada mais poderiam fazer para evitar a derrota final, por terem sido feridos mortalmente.

Para o Apóstolo Paulo, a Batalha Decisiva de Cristo contra Satanás e todas as forças do mal foi travada na Cruz: "e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz" (Co 2.15). Esta foi a batalha mais importante de todas, pois é ela que garante o sucesso da Batalha Final do Armagedom que acontecerá por ocasião da Segunda Vinda de Cristo, quando o anticristo será destruído com um sopro apenas da boca do Rei Jesus (2 Ts 2) e quando todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é Senhor! A Primeira Vinda trouxe a presença do Reino e a Segunda Vinda trará a plenitude dele.

Satanás está preso no sentido de que ele não tem poder e nem liberdade de ação a ponto de bloquear o progresso da missão da igreja. Jesus disse: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18). Satanás continua fazendo grande oposição ao reino de Jesus, mas seu poder está agora restrito ao ponto de que as portas do inferno não prevalecerão contra a missão da Igreja. Além disso, Jesus disse que o Evangelho do reino, necessariamente, teria de ser pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações antes do fim (Mateus 24.14). E o Livro de Apocalipse revela que nos céus haverá uma multidão incontável de salvos provenientes de todos os povos, línguas e nações (Ap 6 e 7). Isso significa que a igreja será bem sucedida em sua Grande Missão.

E em outro texto, os discípulos compartilhavam com Jesus da alegria de terem sido capazes de subjugar os demônios. "E Jesus disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada vos fará dano algum (Lc 10.18,19).

Mas alguém pode alegar que não consegue enxergar que Satanás esteja de fato amarrado e nem que Jesus esteja reinando. O autor de Hebreus trata desta questão em Hebreus 2:7,8, onde, por um lado, ele reconhece que todas as coisas já estão debaixo dos pés de Jesus, mas, em segundo lugar, ele confessa que ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas. Esta aparente contradição tem a ver com o que foi dito acima sobre a tensão natural que existe entre a batalha decisiva e a batalha final, entre o já e o ainda não.

Cristo já triunfou na cruz (Colossenses 2:15), mas a batalha final ainda está por vir, quando a morte, o último inimigo, será colocada sob os pés do Senhor (1 Coríntios 15. 25-26). Até lá, temos de lutar o bom combate (2 Timóteo 4:7).

Paulo, em 1 Coríntios 15. 25-26 e 54-55, partilha do mesmo ponto de vista de Jesus sobre a manifestação paulatina do Reino de Deus durante o período que vai da Primeira até a Segunda Vinda de Cristo. Neste texto, não há como evitar a conclusão de que este período em que Jesus "deve reinar até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés" seja entendida em termos da presente época, antes da Segunda Vinda de Jesus, porque é apenas na Sua Segunda Vinda que a morte, o último inimigo, será destruída. Observe que a Segunda Vinda de Jesus marca o ápice e não o início do Reino de Jesus neste mundo.

Paulo diz que os crentes já foram transladados para o Reino de Cristo: "Porque ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor" (Cl 1.13). E, não devemos esquecer também de que a declaração mais primitiva e fundamental da fé cristã é "Jesus é o Senhor". É Senhor já no presente e não o será apenas no futuro. Isto tem muitas implicações, tanto sociais como também políticas. Assim, muitos cristãos morreram por causa desta "mera" confissão. Pois significa mais do que dizer que Jesus é o Senhor da minha vida, significando também que Ele é o Senhor de todo o mundo. É por isso que ele é chamado de o Rei dos reis!

O que buscamos quando fazemos a oração que Jesus nos ensinou: "Venha o teu reino. Sua vontade seja feita na terra como no céu"? Algo para o aqui e agora nesta época ou algo apenas para o futuro, para depois da Segunda Vinda de Cristo? O que significa buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua Justiça (Mt 6.33)? O que um cristão deve fazer com a fome e sede de justiça que devem caracterizar um filho de Deus (Mt 5.6)? As bem-aventuranças são para agora ou apenas para uma era futura?

John Wesley era otimista quanto à suficiência do poder da graça de Jesus não só para nos perdoar os nossos pecados, mas também para nos purificar de toda injustiça e para transformar as pessoas em novas criaturas, capacitando-as a serem imitadoras de Deus como filhos amados.

Mas Wesley não parou por aí, ele também acreditava na competência desta graça de transformar o mundo. Wesley disse: “Dá-me cem homens que nada odeiem senão o pecado, que nada temam senão Deus e que nada busquem senão almas perdidas, e eu transformarei o mundo em chamas”. E o Dr. Howard Snyder em “O Wesley Radical”, declara que" Wesley viu tamanho poder na graça de Deus, que não se pode estabelecer limites ao que o Espírito de Deus pode realizar através da Igreja na era presente. Mas essa ênfase deve ser combinada com as advertência de julgamento e castigo eterno. A confiança precisa ser otimista e também realista. O trigo cresce, mas o joio também. A ciência se desenvolve, mas a iniqüidade também. As portas do inferno não prevalecem contra o avançar da Igreja, mas não quer dizer que estejam inoperantes.

Falando sobre o realismo do ponto de vista pós-milenista de Wesley , vamos olhar mais uma vez o texto da parábola do grão de mostarda. Quando a semente se torna uma árvore, as aves vêm e se aninham nos seus ramos. Note que a parábola do Semeador no mesmo capítulo fala sobre as aves vindas de comer a semente. Os pássaros não parecem representar algo bom, pelo menos neste contexto. As aves, nestas duas parábolas do reino, não pertencem à semente ou à árvore. As aves são motivadas por interesses mesquinhos. Eles querem destruir a semente quando ela é pequena e querem associar-se a ela quando ela transforma-se em uma árvore frondosa para poder tirar partido de sua sombra e frutos. A história da igreja mostra exatamente isso, pois ela foi terrivelmente perseguida no começo quando era apenas um pequeno grupo, mas, quando se tornou grande, os "pássaros" buscaram associar-se a ela. Quanto joio há no meio do trigo.

Jesus continua o seu ensinamento sobre a natureza de seu reino nesta época dizendo que o reino de Deus cresce como uma boa semente, mas o inimigo planta ervas daninhas. Isso aponta para a existência de um conflito entre as forças do bem e do mal, em que o inimigo está tentando obstruir a expansão do Reino de Deus. Esta guerra vai continuar a existir até a última batalha, quando o último inimigo será colocado sob os pés de Jesus (1Co 15.25).

Wesley não ignorou as profecias que falam sobre a grande angústia, a apostasia de muitos cristãos e que descrevem também aumento da maldade nos finais dos templos, mas viu essas profecias combinados no mesmo contexto em que Jesus também diz que a igreja será bem sucedida no cumprimento de sua missão, pois "este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim" (Mateus 24.14). Mas o realismo de Wesley não diminuiu sua motivação nem o seu otimismo que tanto o moveu a ação em favor do Reino de Deus. Ele nunca perdeu seu idealismo com base em sua confiança no poder de Deus para a santificação e transformação pessoal e social. Sua escatologia não permitiu que ele ficasse parado em uma posição de mera contemplação. "Por que vocês estão olhando para o céu?" Perguntou aos anjos aos discípulos em Atos 1.10. A escatologia de Wesley não era especulativa e não se prestava para satisfazer a curiosidade. Wesley não apenas olhava para a frente para contemplar o dia do Senhor, mas ele também trabalhou muito para acelerar a chegada deste grande dia, seguindo a recomendação do Apóstolo Pedro em sua segunda carta que nos exorta a aguardar e a apressar a Segunda Vinda de Cristo (2 Pedro 3). Wesley sabia que a segunda vinda de Jesus estava ligada ao cumprimento da missão da igreja. "O Senhor não retarda a sua promessa, como alguns a julgam demorada. Ele é paciente com você, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento " (2 Pe 3).

Wesley viu que o Novo Testamento combina o evangelismo e as dimensões profética do Evangelho em um mesmo pacote. Não houve separação entre salvação pessoal e engajamento social. Wesley concordava com Paulo em que a fé que salva é a fé que se manifesta através do amor (Gálatas 5.6).
Nós somos enviados em missão a este mundo como o Pai que enviou Jesus (João 20:21). "O Filho de Deus se manifestou para destruir as obras do diabo" (1 João 3:8). E nós sabemos "como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder: que andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do diabo, porque Deus estava com ele" (Atos 10:38). Jesus não estava apenas preocupado com as almas, mas ele também mostrou preocupação significativa com a pessoa como um todo. Seu ministério de compaixão não foi usado como uma isca para pescar almas, pois uma boa parte daqueles que foram curados por Jesus acabou por não segui-lo. Alguns deles nem sequer voltaram a ele para agradecer. Isso mostra que o ministério de compaixão tem valor em si mesmo, porque ele pertence à natureza real do Reino de Deus que é amor! E é da natureza deste amor fazer o bem! Jesus não pode negar a si mesmo. Tão pouco nós que somos seus seguidores.

Wesley era um homem de convicção. Para ele, a teologia e a prática eram realmente um! Como o Dr. McKenna disse em seu livro "Que tempo para ser um Wesleyano!: "Como conseqüência lógica da doutrina arminiana da expiação ilimitada, Wesley pregou os direitos naturais e sociais de todos os homens". Assim, Wesley se atreveu a acreditar que o mundo poderia ser melhorado pela graça de Deus. Imagine quanta fé e coragem foram necessário para Wesley decidir trabalhar para acabar com um mal milenar tão terrível como era a escravidão. Utopia? A última carta que John Wesley escreveu foi para William Wilberforce, um discípulo de Wesley que era um membro do Parlamento inglês. A carta manifestava a sua oposição à escravidão e incentivava Wilberforce perseverar firme em sua luta contra a escavidão. O Parlamento finalmente proibiu a participação da Inglaterra no comércio de escravos em 1807. O status quo não tem a última palavra! As trevas não podem contra a luz de Cristo (Jo 1.5) Há esperança para o mundo, pois Jesus amou o mundo de tal maneira (Jo 3.16)!

Quem sabe o que poderia ter acontecido se a Igreja Metodista não tivesse entrado declínio espiritual algumas décadas após a morte de Wesley? Talvez, o contexto tivesse sido outro a ponto de desencorajar Karl Marx a dizer: "A religião é o ópio do povo". Quem pode dizer quantas guerras, quanto o racismo e quantas injustiças sociais poderiam ter sido evitadas se a igreja sempre fosse fiel às exigências do Evangelho?

Estamos vivendo em um mundo materialista. Satanás é o Senhor do materialismo. Paulo disse: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal" (1 Timóteo 6:10). Somos constantemente bombardeados pela mídia que nos incita a nos conformarmos com um modo de vida onde os homens trabalham para ganhar, ganham para comprar, e compram para provar seu valor. Preocupações sobre a ascensão social, com o consumo, com o bem estar existencial têm restringido um profundo compromisso das pessoas com a vontade de Deus. A Bíblia diz: "Não ameis o mundo" (1 Jo 2.15). E "Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente"(Romanos 12.2). "Não ajunteis para vós tesouros na terra ... Ninguém pode servir a dois senhores" (Mateus 6.19,24). A teologia da prosperidade é apenas uma manifestação extrema desse grande problema da falta de visão do Reino de Deus entre os evangélicos. Parece que perdemos a mentalidade peregrina.

E a resposta para esse problema está em um verdadeiro reavivamento que encha os nossos corações com amor e nos mova a um estilo de vida simples a fim de dar mais e mais para os pobres e para a missão da igreja. Um avivamento que nos faça buscar o seu reino e a justiça de Deus em primeiro lugar. Como uma pequena semente, este reavivamento pode começar com uma pessoa ou com um pequeno grupo de discípulos dispostos a obedecer a todos os mandamentos do Senhor.

Para Wesley a generosidade é a prova final da vida cheia do Espírito. Pois a graça recebida deve se transformar espontaneamente em graça repartida, se não, corre o risco de ser cancelada pelo Rei (Mateus 18.25-34). Contra a corrupção social muito grande da Inglaterra, Wesley viveu o fruto do Espírito. Embora tenha se tornado um dos homens mais ricos da Inglaterra, viveu anualmente com apenas 28 Libras até sua morte, entregando o restante para os pobres.

A terrível pobreza que campeia este mundo coloca uma interrogação sobre o estilo de vida de muitos cristãos. Temos que seguir o exemplo de Jesus, dos apóstolos, de Wesley e Asbury, entre outros. O estilo de vida simples e a prática da caridade como bons despenseiros da multiforme graça de Deus é o que pode impactar o mundo. Note que o sinal da salvação de Zaqueu foi que ele, espontaneamente, decidiu partilhar o seu dinheiro (Lc 19). Em contrapartida, a ambição pelo dinheiro foi o sinal da condenação do Jovem Rico (Mc 10). O sinal mais contundente de Pentecostes foi que a multidão dos discípulos mostrava amor e cuidado uns para com os outro. "Eles tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, de modo que não haviam necessitados entre eles " (At 2). Seria o Evangelho, boa notícia para os pobres apenas em termos da promessa de vida eterna no céu? Não estavam os pobres da igreja primitiva experimentando também os primeiros frutos da justiça do Reino? Lembre-se que o ano do Jubileu era uma boa notícia para os pobres (Lv 25); Somente o Senhor Jesus, através do Seu Espírito derramado sobre a Igreja, foi capaz de cumprir o ano do Jubileu (At 2). Mas, seria isto impossível hoje em dia? "O que é impossível para o homem, é possível para Deus!" (Mc 10.27).

Portanto, precisamos de um reavivamento! Reavivamento é a redescoberta de valores e princípios originais. Temos de olhar para trás para ver se existem alguns valores que foram esquecidos.

Além de tudo o que foi dito aqui, eu gostaria de chamar a atenção para a importância de pequenos grupos no desenvolvimento do caráter cristão de santificação e de outros valores do reino de Deus, que devem ser cultivados na comunidade de convertidos que desejam seguir os passos de Cristo. O homem é um ser social. Um influencia o outro, principalmente pelo exemplo. O poder da cultura costumava ser maior do que o poder de nossas convicções pessoais. Se queremos mudar as pessoas e a sociedade, temos de desenvolver pequenos grupos, onde se possa provar a bondade da palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro. Mas, de um modo em geral, o Metodismo foi perdendo essa visão que era tão vital para Wesley. Nós negligenciamos nosso precioso legado. Hoje, para nossa vergonha, outras igrejas cristãs estão redescobrindo a importância dos pequenos grupos. Pequenos grupos nos ajudam a lembrar que o reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda! O poder do progresso e do impacto destes microcosmos é impressionante! Esta é a estratégia do Reino!

Um reavivamento produz crescimento. A informalidade e o dinamismo espiritual do movimento Wesleyano levou a igreja Metodista a crescer de 15.000 membros em 1780 para 1.360.000 membros em 1850, tornando-se a maior denominação em solo americano, seguidos pelos batistas, com 800.000, e pelos presbiterianos, 460.000, e anglicanos, com 200.000.

Precisamos voltar às nossas raízes, nós precisamos de um reavivamento ao estilo Wesleyano para experimentar o que eles experimentaram e produzir frutos semelhantes aos que produziram. Mas avivamentos não são mais que costumavam ser. Eles foram transformados em campanhas evangelísticas e em cultos carregados de puro emocionalismo, onde reina o egocentrismo, o individualismo e o estrelismo. Avivamentos fracos em conteúdo bíblico, capengas em termos de profundidade profética, escondendo o preço do discipulado, numa tentativa de agradar o cliente. Dizem o que as pessoas querem ouvir e não aquilo que elas precisam escutar. Pouco ou nada falam sobre a gravidade do pecado e a necessidade de arrependimento e de santificação. Avivamentos inócuos no sentido de conduzir o indivíduo a negar a si mesmo a fim de colocar-se inteiramente sob o senhorio de Jesus Cristo. Convidam as pessoas a mera decisão de "aceitar a Cristo". E, para entornar o caldo, propõem isto como um meio de se obter uma vida boa e próspera, apelando para a sedução das riquezas, da fama e do poder. Ignoram a mensagem da cruz. Para estes a cruz é algo que pertence exclusivamente a Cristo e não tem nada a ver com o cristão. O Deus destes é o Deus da "graça barata", o Deus que sempre dá, sem jamais requerer nada. Um Deus criado a imagem e semelhança daqueles que são incapazes de negarem-se a si mesmos. Estão enfatizando a fé em detrimento do amor. Estão querendo fazer de Deus uma espécie de gênio da lâmpada de Aladim, um meio para obtenção de suas ambições egoístas. Estão pregando um outro evangelho que mantém os homens escravizados ao deus deste século e conformados com os valores deste mundo.

Precisamos de um avivamento do tipo wesleyano, que nos leve a uma missão integral e que nos impulsione a viver e pregar os ensinamentos de nosso Senhor. Um reavivamento que nos impeça de nos preocuparmos apenas com a salvação das almas e de ignorarmos as necessidades físicas das pessoas. Precisamos de um avivamento que não só promova a reconciliação entre o homem e Deus, mas também entre o homem e o seu próximo. Um reavivamento que promova o arrependimento, não o alívio emocional e psicológico de uma consciência culpada, mas a aceitação da cruz como uma verdadeira morte para este mundo com o propósito de viver para Deus. Se Jesus é o Senhor, então as pessoas devem ser confrontadas com a sua autoridade sobre a totalidade da vida.

Quando eu leio sobre o que Deus fez nos tempos de Wesley, sou tomado por uma sensação de fracasso. Não por ignorar os frutos ministeriais até o presente, mas por perceber que o Senhor poder e quer realizar muito mais que isto. Mas "eu ainda tenho um sonho!" Porque nós temos esse maravilhoso legado, me atrevo a sonhar em tomar parte em um grande avivamento, o maior em toda a história da igreja, o derradeiro antes do Grande Dia do Senhor. Um avivamento à moda antiga que venha impactar este mundo com o poder do santo Evangelho de Jesus!

A experiência de Wesley nos ensina que avivamento é precedido de um sentimento de frustração, fracasso e tristeza, daquele tipo, segundo Deus, que nos leva ao arrependimento. Wesley teve tristeza por causa do seu estado espiritual, por causa também da situação de carnalidade da igreja anglicana, por causa do estado de degradação moral e de injustiça de seu país e do mundo. Aqui no Brasil temos vitórias para celebrar, o que pode nos atrapalhar na busca de um genuíno avivamento. Uma bênção pode ser tornar em maldição quando nos leva a acomodação. Avivamento não se fabrica, não é produto de marketing e nem de planejamento estratégico. “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra” (2 Cr 7:14)

A solução passa pela pregação de todo o conselho de Deus de maneira convicta, acompanhada da encarnação e vivência da mensagem que se prega. Tal pregação acompanhada de exemplo pode levar os homens a sentirem aquela tristeza segundo Deus que os leva ao genuíno arrependimento. Serve como uma voz profética em meio ao deserto que prepara o caminho do Senhor.

Que tal se Wesley estivesse vivo nos dias de hoje! Talvez alguém sugira a possibilidade de fazermos um clone dele. Mas não seria uma boa idéia fazer um clone de Wesley. Além das implicações éticas da clonagem, sabemos que o segredo da vida de Wesley não estava em seus genes e nem mesmo em sua excelente educação familiar e formação acadêmica. Precisamos lembrar que, com tudo isto, Wesley falhou em sua primeira missão para a América. O segredo de seu fecundo ministério foi a experiência espiritual que mudou a sua vida e o mundo ao seu redor. O Deus que se moveu notavelmente no passado ainda está no seu trono. "Senhor, ouvi falar da tua fama; temo diante dos teus atos, Senhor. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras, faze-as conhecidas em nosso tempo..." (Habacuque 3.2). Ó Senhor, reaviva a tua obra em nossos dias! "Realiza de novo, Senhor!"

Por Bispo José Ildo Swartele de MelloCasado com Ana Cristina, pai de três filhos: Samuel, Daniel e Rafael, é também Professor de Teologia, Escatologia e Evangelização na Faculdade Metodista Livre. Formado em Bacharel pela Faculdade Metodista Livre, cursou Mestrado em Teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo e fez Doutorado em Ministério na Faculdade Teológica Sul Americana. Pastor desde 1986 (Cidade Ademar 86-88; Vila Guiomar 89; Vila Bonilha 90-97, Aeroporto 98-2004), serve atualmente como Pastor da Imel de Mirandópolis, como Bispo da Igreja Metodista Livre do
Brasil e como presidente do Concílio Mundial de Bispos.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

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Apocalipse: um guia para os jovens




Michael Spencer




Os jovens querem saber sobre o Apocalipse.


Uma das melhores coisas sobre trabalhar com jovens na igreja ou em uma escola cristã, como fiz por 28 anos, é responder perguntas sobre a bíblia. Há, entretanto, uma coisa que aprendi sobre as perguntas dos jovens a respeito da bíblia. A maioria delas são sobre o livro mais difícil, o livro do apocalipse. E essas questões são muito difíceis de responder.


Os mais jovens ficam curiosos a respeito do livro do Apocalipse por muitas razões. Se o leram, estão certamente curiosos a respeito do que foi lido. É um livro cheio de coisas misteriosas que não estão explicadas. O Apocalipse é também assunto de livros e filmes, como aquela série popular “Deixados para trás” e os filmes “The Omega Code”. Pregadores na TV e nas igrejas têm muito a dizer sobre o livro do Apocalipse, e muito do que dizem a respeito dos significados deste livro, parece certo. Naturalmente, os mais jovens ficam curiosos a respeito deste livro, quando ouvem falar que é um livro de previsões do futuro.


O livro do Apocalipse tem uma reputação diferente de qualquer outro livro da bíblia. É raro que eu tenha algum aluno que faça perguntas sobre o livro de Romanos ou o de Atos. Estes livros são considerados chatos, e se um estudante os lê a história e as ideias parecem ser todas de “muito tempo atrás”. O Apocalipse, por outro lado, parece ser a respeito de um futuro imediato. Parece estar falando sobre “coisas que em breve acontecerão”. Qualquer pessoa normal fica curiosa a respeito do futuro, e o livro do Apocalipse parece atiçar a coceira da curiosidade.


O que nós sabemos sobre o livro do Apocalipse?


Talvez, a parte mais frustrante de tais questões é que, na maioria das vezes, é praticamente impossível explicar tudo que uma pessoa precisa saber sobre o livro do Apocalipse, com umas poucas frases. É um livro muito difícil! De fato, quando o Novo Testamento teve seus livros colocados todos juntos, muitos líderes cristãos sentiam que o livro não deveria estar na bíblia, porque seria muito confuso. Continua um livro confuso, mas certamente permaneceu na bíblia. Simplesmente temos que pagar o preço e estudar mais.


Há centenas de livros escritos sobre o livro do Apocalipse. A maior parte deles estão além da capacidade do jovem estudante mediano, de ler e entender. Parte do que estou escrevendo neste ensaio, é para encorajar esses jovens a querer aprender mais, e de forma perseverante, procurar e ler os livros mais fáceis, que possam ajudá-los a entender o livro do Apocalipse.


A dificuldade em entender o livro do Apocalipse não vem do que sabemos a respeito deste livro. A maioria dos estudiosos concorda na maioria das coisas básicas a respeito dele.


Foi escrito no final do primeiro século depois de Cristo, talvez em torno de 95 dC. O autor, João, e muitos cristãos acreditam que era o apóstolo João, um dos doze apóstolos escolhidos por Jesus e o autor do evangelho segundo João. Há outros líderes cristãos acreditam que foi escrito por um João do primeiro século, mas o escritor do livro não nos conta muita coisa a respeito de si mesmo. Na verdade, ele deixa claro que é mais um “secretário” do que qualquer outra coisa, escrevendo o que viu e ouviu.


O livro foi escrito para sete igrejas que existiam no que era chamado de Ásia Menor, onde hoje fica a Turquia. Estas igrejas eram todas diferentes umas das outras em tamanho, mas todas elas precisavam de encorajamento. Os capítulos dois e três do Apocalipse possuem mensagens específicas de Jesus para cada uma destas sete igrejas, e estes capítulos estão entre os mais fáceis de ler e entender.


Destas mensagens, sabemos que as igrejas que leram este livro pela primeira vez, estavam passando por tempos difíceis. Algumas estavam sendo perseguidas e tendo seus membros executados. Havia falsos mestres em outras igrejas. Algumas delas eram ricas e se tornaram frias em seu compromisso com Jesus. Outras eram igrejas pobres e sofredoras, e eram usualmente aconselhadas a permanecer fieis no sofrimento.


O livro do Apocalipse foi escrito durante a época do Império Romano. Os romanos dominavam a maior parte do mundo conhecido no primeiro século, e os imperadores romanos eram muito poderosos. Na verdade, muitos destes imperadores exigiam ser adorados como se fossem deuses. Em muitas cidades que queriam mostrar que eram grandes “fãs” do imperador, templos eram construídos e todo “bom cidadão” romano tinha que fazer uma oferta de incenso e afirmar “César é o Senhor” ou “O imperador é Deus”.


Esta “profissão de fidelidade” ao imperador não era problema para a maior parte das pessoas, mas para os primeiros cristãos, era uma escolha difícil. Eles acreditavam que Jesus era Senhor e Deus, e seria errado ir a um templo e “adorar” o imperador romano.Muitos cristãos se recusavam a fazer isso, e como resultado, eram vítimas de perseguições de vários tipos. Na época em que o livro do Apocalipse foi escrito, o imperador romano era Domiciano, e ele era muito rigoroso a respeito da adoração nos seus templos. As cidades construíam templos para ele, tinham estátuas enormes para o povo adorar, e eram até mesmo empregados “pastores” para impor a adoração de Domiciano.


Esse tipo de situação é muito difícil para um cristão americano entender. Nós nunca vivemos sob o poder de um imperador ou império. Sempre governamos a nós mesmos e temos liberdade religiosa. Os cristãos algumas vezes são perseguidos ou proibidos de fazer algumas coisas, mas poucos cristãos americanos sabem o que é ser aprisionado ou morto por serem cristãos.


Mas imagine: Como era ser cristão na China comunista? Na ex-União Soviética? Em lugares como o Sudão ou em países islâmicos hostis, como a Arábia Saudita? Nesses lugares, era (e é) comum para milhares de cristãos sofrer e morrer porque não “adoram” os “deuses” destas nações, e sim, Jesus.


Estes cristão que estão sofrendo, provavelmente entendem o livro de Apocalipse muito melhor do que nós, porque eles entendem o que é sofrer, e ter que viver com a escolha de obedecer ou morrer.


O livro do Apocalipse é uma mensagem especial para os cristãos do primeiro século. É uma mensagem que afirma “Jesus é o Senhor!” O imperador Domiciano não é o Senhor! Deus está no controle de tudo que está acontecendo. O futuro será de acordo com os planos de Deus, e preencherá os propósitos dEle. Não importa quão ruins as coisas fiquem ao longo do caminho, os cristãos devem permanecer fieis, estar dispostos a sofrer, e esperar que Deus leve todas as coisas a termo no Seu Reino.


Entender que o livro do Apocalipse é uma mensagem para os cristãos do primeiro século, não significa que não serve para nós hoje. O Apocalipse é uma mensagem para todos os cristãos em todos os tempos. Sua mensagem e sua história pertencem a todas as gerações e a todos os cristãos.


Por que é tão difícil de entender?


Tudo isso não é realmente muito difícil de entender. Qualquer estudante mediano pode facilmente aprender essa informação e passar num teste! O que não é fácil a respeito do livro do Apocalipse, é a forma pela qual é escrito, especialmente do capítulo três em diante. O livro se torna muito estranho. Vamos falar a respeito da forma com a qual o livro foi escrito, e porque foi escrito desse jeito.


O livro do Apocalipse usa muitos símbolos e imagens para contar sua história. É como assistir um filme muito, muito estranho. Há monstros, anjos, eventos estranhos, personagens misteriosos, muitos números e enigmas. Está tudo realmente acontecendo desse jeito?


Por exemplo, no capítulo 12, há realmente um dragão querendo devorar uma criança? Ele tem de verdade sete cabeças? O bebê é realmente levado para o céu? Será que a mulher teve mesmo que se esconder no deserto por mais de mil dias? O dragão realmente vomitou um rio, e a terra realmente se abriu e o engoliu?


Esta é a forma típica pela qual o Apocalipse fala conosco, e se você diz a si mesmo “Isso não pode ser real. Isso parece ser algum tipo de simbologia ou código”, então você acertou. Isso não é como um videotape a respeito das notícias do dia. É muito mais parecido com uma pintura, cheia de personagens e cores e números e eventos que possuem significados ocultos, que fazem sentido para algumas pessoas, mas não para outras.


O apocalipse é escrito em algum tipo de “código”, como aqueles das charges políticas. Se você está lendo uma charge política, e vê um elefante pisando um jumento na estrada, você entende que não é isso que está “realmente” acontecendo. O elefante representa o partido republicano, e o jumento, os democratas. Se vemos “Tio Sam”, sabemos que se refere aos Estados Unidos, e um urso, se refere à Rússia.


No Apocalipse, o dragão, a besta, o falso profeta, o cordeiro, a grande prostituta e outros personagens, são fáceis de identificar se você sabe o que eles representam.


Os números funcionam da mesma maneira. Qualquer fã da NASCAR conhece o número “3″. Todo americano sabe o que representa “9-11″. Todo fã da NBA sabe que “23″ é o número do Michael Jordan. Da mesma forma, o Apocalipse usa um código numérico para se comunicar com o leitor. O livro do Apocalipse usa também um código de cores com o mesmo objetivo.


Isso é uma resposta?


Seria perfeito se o Apocalipse nos fornecesse as chaves para todos esses códigos! Isso teria deixado as coisas bem mais fáceis. Mas não faz isso, ou pelo menos, não faz do jeito que queremos, com todos os códigos explicados no final de uma forma fácil de entender. Não, os códigos do Apocalipse têm que ser entendidos pelo entendimento de duas coisas.


Primeiro, o Apocalipse tem mais de 400 referências ao Antigo Testamento. Quanto melhor você conhecer o Antigo Testamento, melhor vai entender o Apocalipse. Por exemplo, o livro do Apocalipse fala frequentemente sobre “Babilônia” como um símbolo. Se você conhece o Antigo Testamento, sabe que Babilônia foi um império da antiguidade e um inimigo do povo de Deus, uma cidade onde os israelitas ficaram em cativeiro por 70 anos, e simboliza o poder do mal no mundo.


Outro exemplo é o templo. O Apocalipse usa com frequência a figura do templo como um símbolo. No Antigo Testamento, havia dois templos, e há muita informação sobre o que acontecia nos templos. Sacrifícios, sacerdotes, música, altares, incenso – tudo isso está descrito em diversos lugares diferentes no Antigo Testamento. Um dos livros do Antigo Testamento, Ezequiel, tem uma descrição detalhada de como seria um templo perfeito, do futuro. Então, quando o livro do Apocalipse fala sobre templo, temos muitas ideias sobre o que isso significa.


Num determinado momento, o livro do Apocalipse se refere a um certo falso mestre como “Jezebel”. Jezebek era uma rainha malvada que promoveu a adoração de falsos deuses e mandou matar profetas de Deus e outras pessoas. Sem citar nomes, o livro do Apocalipse diz que alguém se parece com Jezebel. É desta forma que o livro do Apocalipse usa referências do Antigo Testamento.


Usar referências do Antigo Testamento era uma forma de se comunicar apenas com as pessoas que conheciam a bíblia, mas esconder a mensagem de pessoas que não conheciam a bíblia tão bem… como os romanos, por exemplo.


A segunda maneira de entender os códigos do livro do Apocalipse é estudar outros livros parecidos, escritos na antiguidade, em situações semelhantes e usando linguagem semelhante. O problema aqui é que não há nada que se pareça exatamente com o livro do Apocalipse na Bíblia. Há um livro que se aproxima o suficiente e pode ser útil, e este, é o livro de Daniel.


Este estudo não vai falar sobre o livro de Daniel, mas posso contar para você como este livro é semelhante ao do Apocalipse. Ele também foi escrito quando o povo de Deus estava sofrendo. Ele também encoraja as pessoas a serem fieis e corajosas, como o próprio Daniel foi. Também usa muitas imagens e símbolos, em sonhos e visões, para comunicar a mensagem de que não importa o que aconteça na história, Deus está no controle. Ele usa muitos dos mesmos códigos, e algumas das mesmas criaturas.


Comparar Daniel com o Apocalipse pode ajudar muito. O que é útil também, é ler livros antigos que NÃO estão na Bíblia, mas usam “códigos” similares para comunicar suas mensagens. Aqui, é o ponto onde um estudante da bíblia deve confiar nos estudiosos que escreveram livros para nós. A maioria de nós não dispõe de tempo ou meios para aprender as línguas originais e para ir a bibliotecas e estudar. Mas podemos ler o que esses estudiosos têm descoberto e transmitido para nós.


Quando usamos estes dois códigos, o que encontramos? Encontramos que a maior parte do que está no livro do Apocalipse pode ser entendido com bem pouco trabalho. Não conheço ninguém que afirme que entende tudo o que diz no livro do Apocalipse, e muitos estudiosos discordam entre si. Mas uma parte substancial dos estudiosos que pesquisam sobre o livro do Apocalipse, concorda a respeito do que o livro do Apocalipse diz.


(De qualquer jeito, o código especial usado no livro do Apocalipse e em Daniel, é chamado de literatura “apocalíptica”. A palavra “apocalíptica é a expressão grega para “descoberto” ou “revelado” e é atualmente, a primeira palavra que aparece na primeira frase do livro do Apocalipse.


Por que tanta discordância?


Uma das coisas mais frustrantes a respeito da tentativa de falar sobre o livro do Apocalipse, é que não há outro livro que tenha gerado tantas opiniões e ideias diferentes, por pessoas diferentes – todas alegando estarem certas. Isso pode ser muito desencorajador para um jovem que quer entender o livro do Apocalipse.


Por exemplo, os populares livros “Deixados para trás”, venderam mais de 40 milhões de cópias. Eles trazem um ponto de vista a respeito da mensagem do livro do Apocalipse. Eu discordo desse ponto de vista em quase tudo, então realmente não gosto desses livros, e geralmente não recomendo aos meus alunos, que os leiam. Meus pontos de vista a respeito do livro do Apocalipse são mais parecidos com os pregadores de muito tempo atrás. Quem está certo?


Um estudante do livro do Apocalipse é levado a aceitar o fato de que precisa aprender várias formas diferentes de entender qualquer parte do livro, dependendo do que está lendo ou de quem está ensinando. Por exemplo, no capítulo sete, há 144 mil pessoas citadas. Eu penso que seja um símbolo. Outros professores pensam que é literal, um grupo de 144 mil pessoas, nem mais, nem menos. Sou influenciado pelo “código numérico” do mundo antigo, onde 12 era o número de tribos de Israel e qualquer variação que gire em torno desse número 12 faz total sentido, Penso que é um símbolo para representar “todo o povo de Deus na Terra”. Outros professores dizem que são 144 mil judeus das 12 tribos de Israel.


Essas divergências são irritantes, eu sei! Mas são parte do que significa ser um estudante do livro de Apocalipse. A boa nova é que há apenas quatro ou cinco formas diferentes de olhar para o livro, e na maioria dos casos, apenas duas ou três opções para o significado de alguma coisa; então, se você começa a se tornar familiar com essas “versões”, o jogo não parece mais tão confuso.


Quais são as “Perguntas Frequentes” sobre o livro do Apocalipse?


1. O livro do Apocalipse é sobre o futuro?


Provavelmente o primeiro erro que a maioria das pessoas comete a respeito do Apocalipse é assumir que é todo sobre o futuro. A leitura do livro do Apocalipse mostra rapidamente que se trata de passado, presente e futuro. Certamente, muito do que está ali se refere ao fim dos tempos e eventos do final da história, mas não cometa o erro de pensar que tudo é a respeito apenas do futuro.


2. O livro do Apocalipse nos conta em detalhe sobre os eventos futuros?


Esta é uma daquelas discordâncias a respeito das quais avisei você! Muitas pessoas olham para o Apocalipse como se fosse um tipo de “mapa” que prevê o futuro em detalhes. Se você pode ler o mapa, eles dizem, pode saber o que vai acontecer. Outros – como eu – acreditam que o Apocalipse apenas mostra-nos o futuro de uma forma muito, muito geral, que pode ser aplicada a qualquer cristão, em qualquer época, em qualquer lugar. Devo alertar você de que cada geração de cristãos tende a pensar que entende os eventos no Apocalipse claramente, e todos estavam errados em muito do que disseram a respeito.


Portanto, seja humilde e ensinável. O livro do Apocalipse é como uma grande montanha. Escalar essa montanha, demanda tipos diferentes de conhecimento, para escapar dos perigos e armadilhas, mas uma vez que tenhamos trabalhado para pegar bons pontos de vista, o trabalho vale a pena.


3. Quem ou o quê é “a besta”?


Há dois tipos de “bestas” no Apocalipse. Uma é do mar, a outra, da terra. Estas bestas provavelmente representam o imperador romano e o “culto” de adoração ao imperador, especialmente os sacerdotes que forçavam os cristãos a adorar o imperador, ou morrer.


Alguns estudiosos do Apocalipse acreditam que essas bestas representam um futuro “anti-Cristo” que governará o mundo e será instrumento de Satanás no fim dos tempos. Outros, como eu, acreditam que qualquer um que alegue ser “deus” e demande que o adorem ou morram, é um “anti-Cristo”. Homens maus como Hitler, Stalin ou Mao, são os que me vem a mente como exemplos.


Uma das maiores perdas de tempo para os cristãos é tentar identificar a “besta” em alguém que esteja presente nos noticiários. Por dois mil anos, os cristãos têm adivinhado errado, alegando que o Papa, Hitler, Ronald Reagan e outros eram o anti-Cristo. Se haverá um anti-Cristo no fim dos tempos, ele será óbvio em suas ações, e Cristo o destruirá.


A mensagem do Apocalipse é a de que não temos nada a temer a respeito de ninguém, desde que confiemos em Jesus como Senhor e o obedeçamos.


4. A besta é um computador, a Internet, o código de barras, microchips ou cartões de crédito?


Outra forma bastante idiota de ler o Apocalipse é tentar e encontrar alguma coisa no livro que se encaixe com nossas tecnologias atuais, tais como computadores ou microchips. Qualquer tipo de tecnologia pode ser usado para o bem ou para o mal. Poderia dizer a você, que abandone qualquer interpretação de alguma coisa no livro do Apocalipse, que não faça sentido para o mundo do primeiro século. Computadores e códigos de barras podem fazer sentido para nós, mas não significam nada para os cristãos do primeiro século, e o livro do Apocalipse é muito mais deles do que nosso.


Hal Lindsey, uma vez interpretou os “gafanhotos monstros” que aparecem em Apocalipse 9, como helicópteros. Eu interpreto esses “monstros”, como demônios. Qual interpretação parece fazer mais sentido para todos os cristãos, e qual faz mais sentido apenas para as pessoas modernas? Penso que isso é importante, e nos impedirá de correr atrás de “coelhos estranhos” no livro do Apocalipse.


5. O Papa é o anti-Cristo?


Houve tempos, como na Reforma do século XVI na Europa, em que a igreja católica perseguiu e matou muitos cristãos não-católicos. Isso é mau e vergonhoso, e a igreja católica tem admitido seus erros em usar de violência contra aqueles que discordavam dela. Naquela época, entretanto, poderia parecer lógico dizer que o Papa era o anti-Cristo do Apocalipse. Hoje, o Papa, enquanto representante de outro ramo do cristianismo, é claramente um amigo dos cristãos de todo o mundo, e não é um candidato a “anti-Cristo”.


6. O que é a “marca da besta”?


Esta é uma das mais difíceis e obscuras partes do livro do Apocalipse. Ocorre sete vezes no livro, do capítulo 13 até o final. Cristãos modernos tendem a ver isso como algum tipo de sistema de identificação do futuro que os cristãos deverão evitar, como aplicar um número na testa de alguém ou um microchip no seu corpo. Ao exigir que os cristãos sejam identificados, isso permitiria que fossem controlados.


A “marca” atual sobre a qual se fala, é provavelmente uma tatuagem que era aplicada em qualquer um que participava da adoração do imperador romano. Esta tatuagem marcaria você como um cidadão leal de Roma, e permitiria que tivesse trabalho ou negócios. Sem a tatuagem ou marca, sua lealdade ao imperador pode ser questionada. Se recusar a receber a marca, provavelmente significava que você era um cristão.


Obviamente, os cristãos ficariam preocupados com qualquer coisa que pudesse ser usada para marcá-los e facilitar a perseguição. Mas cartões de crédito, microchips com informações profissionais e de saúde, e a internet, não são coisas que os cristãos devem evitar por medo “da marca”.


De novo, podemos perguntar como os primeiros leitores deste livro viam essa “marca”, e então aplicar isso a todos os grupos de leitores.


7. O que é o “ferimento na cabeça” da besta?


De novo, uma parte muito, muito difícil do livro. Muitos estudiosos estão prontos para dizer “eu não sei” e eu estou com eles. É um quebra-cabeças.


A melhor sugestão se parece com essa. Os cristãos foram perseguidos até a morte, primeiro, pelo imperador Nero, em torno de 60 dC. Nero foi morto por um ferimento na cabeça. Quando o imperador Domiciano começou a perseguir os cristãos 30 anos depois, alguns cristãos se sentiram como se Nero tivesse voltado dos mortos. Pode estar se referindo a isso, mas, na realidade, ninguém sabe.


Seja muito cuidadoso e humilde com esta parte do livro de Apocalipse. Ninguém sabe ao certo o que está acontecendo!


8. Onde está o arrebatamento no livro do Apocalipse?


Muitos cristãos acreditam que Cristo vai retornar duas vezes. Uma vez em segredo, para pegar a igreja e tirá-la do mundo, antes de severa perseguição (o arrebatamento), e na segunda vez, para julgar todos no final dos tempos. Estou convencido de que a bíblia ensina que Jesus voltará apenas uma vez, e que os cristãos devem estar preparados para a perseguição, e não esperar um arrebatamento para fora do mundo, antes dos tempos realmente difíceis, começarem. Então, eu não encontro nenhum arrebatamento no livro do Apocalipse.


Aqueles que acreditam no arrebatamento, geralmente dizem que acontece no capítulo 4, quando João é levado ao céu. Há sérios problemas com este ponto de vista, mas este estudo não é sobre o arrebatamento!


9. Quanto tempo vai durar a tribulação?


Este é, novamente, um daqueles termos que é usado de diferentes formas por aqueles que leem e estudam o livro do Apocalipse. Muitos cristãos acreditam que a “tribulação” é um período de sete anos quando o anti-Cristo vai governar a Terra, depois de os cristão terem sido arrebatados. Outros, como eu, acreditam que “tribulação” é uma palavra usada 40 vezes no Novo Testamento, e ela sempre se refere a algum tipo de sofrimento ou perseguição por ser cristão, e não apenas sete anos.


Acredito que o livro do Apocalipse deixa claro em 7:14 que toda a história é uma “grande tribulação” e que todos os cristãos podem viver nela, dependendo do tempo e lugar onde vivem. Muitos cristãos estão sendo perseguidos hoje ao redor do mundo. Outros cristãos acreditam que é um período definido de tempo, de sete anos. Parece tolice para mim, dizer que os milhões de cristãos que sofrem no mundo hoje, não estão em “tribulação”, e que isso só virá em algum tempo futuro. Parece mais bizarro ainda, dizer que os cristãos americanos deviam orar para escapar da sua luxúria, em vez de orar por fidelidade no sofrimento, se é isso que o futuro realmente traz.


10. O livro do Apocalipse não é assustador?


Tive muitos alunos que me falaram que o livro do Apocalipse deixava-os com medo. Alguns me falaram que a tarefa de leitura do livro, o fez ter pesadelos! Isso é muito ruim, porque o livro do Apocalipse era para ser encorajador e confortador. Ele termina com uma visão maravilhosa do céu, que tem dado conforto a milhões de cristãos ao longo dos anos.


Mas muitas das cenas no Apocalipse são assustadoras, e para pessoas jovens que já assistiram muitos filmes de terror, algumas destas cenas podem ser perturbadoras. É especialmente assustador para crianças, ouvir que o mundo vai acabar, as pessoas más ficarão para trás e e coisas terríveis acontecerão aos cristãos. Algumas partes do Apocalipse, lidas sem todo o contexto do livro, podem dar a entender que Satanás e seus demônios estão fazendo tudo acontecer.


Lembre-se, que o livro do Apocalipse é sobre Deus acabando com todo mal, todo sofrimento, e trazendo todo o Seu povo para um lugar maravilhoso, num novo céu e uma nova terra.


A young person’s guide to the book of Revelation – Michael Spencer – Internet Monk


A imagem que ilustra a postagem, é uma gravura chamada “Os quatro cavaleiros do apocalipse“, de Albrecht Dürer, feita em 1498.



Vi no http://nihilsubsolenovum.wordpress.com/2011/07/11/apocalipse-um-guia-para-os-jovens/